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Amanda ameaçava ex-namorado e familiares há 5 meses, diz polícia

Em coletiva, delegado responsável pelo caso diz que mulher criou 6 perfis fakes e usou mais de 100 números de telefone para fazer ameaças


Carla Borges Por Carla Borges em 21/12/2023 - 11:46

"Temos elementos para concluir que ela (Amanda) é responsável por esse envenenamento", disse delegado (PCGO)

A advogada Amanda Partata Mortoza criou pelo menos seis perfis falsos nas redes sociais e usou mais de 100 números de telefone diferentes para fazer ameaças de morte ao ex-namorado, Leonardo Pereira Alves Filho, e a familiares dele. A revelação foi feita hoje de manhã, em entrevista coletiva pelo delegado Carlos Alfama, na Secretaria de Segurança Pública (SSP), quando ele apresentou as conclusões da Polícia Civil em três dias de investigações, que resultaram em 150 páginas de documentos reunidos no inquérito policial.

Amanda Partata Mortoza, de 31 anos, foi presa às 18 horas de ontem em uma clínica psiquiátrica onde estava internada em Aparecida de Goiânia. Os policiais civis cumpriram mandado de prisão temporária expedido contra ela pela Justiça. Ela é acusada de matar por envenenamento o pai do ex-namorado, o servidor da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos Automotores (DEFRVA) Leonardo Pereira Alves, de 58 anos, e a mãe dele, Luzia Tereza Alves, de 86. Para tanto, segundo as investigações, ela teria envenenado alimentos levados por ela para a casa da família do ex-namorado, pães e biscoitos de queijo, bolo de pote e suco de uva.

O delegado disse acreditar que o veneno tenha sido ministrado no suco de uva, por ser mais fácil sua propagação em meio líquido. No entanto, os exames da Superintendência de Polícia Técnico-Científica (SPTC) realizados nas amostras dos alimentos recolhidos na casa da família não apontaram a substância utilizada. Segundo a SPTC, os peritos estão realizando buscas por mais de 300 substâncias químicas.

Ameaças
O delegado Carlos Alfama disse que Leonardo Filho registrou ocorrência na polícia e as investigações tiveram início com suspeita de mortes naturais, provocadas por intoxicação ou infecção alimentar. “Só estavam no local do crime a vítima Leozão, a mãe dele, o marido da mãe, senhor João, e a única pessoa estranha era a Amanda, que namorou o filho por 1,5 mês. Ela estava hospedada em um hotel, foi ao mercado no Setor Marista, comprou biscoito, pão de queijo, suco de uva, bolo de pote, voltou ao hotel e foi à casa das vítimas, onde permaneceu por 3 horas. Depois, embarcou em um aplicativo de carona e foi embora para Itumbiara, onde morava”, relatou o delegado.

“Assim que saiu, Amanda recebeu áudio no WhatsApp, era o Leonardo, que estava preocupado com ela pelo fato de ela estar grávida. Ele reclamava fotes dores estomacais, todos passando mal, mas demonstrou  preocupação com Amanda. Ela voltou para Itumbiara e só procurou hospital por volta de meia-noite da noite do crime, quando soube da morte do Leonardo”, narrou Carlos Alfama. “Ela disse que a relação era muito boa, fez chá de revelação. Mas o filho do Leonardo estava sendo vítima de stalking (perseguição virtual) por seis perfis falsos”, narrou.

Segundo o delegado, o rapaz bloqueou mais de 100 números de telefone, no período de 27 de julho deste ano, uma semana antes do término, até a data em que denunciou essa perseguição. “A Polícia Civil investigou e descobriu que os perfis falsos eram da Amanda, por técnicas de investigação e contato com a Meta (dona do Facebook e do Instagram) e temos a certeza, descobrimos que os 100 números eram derivados de uma tecnologia que mascara o número original, conseguimos chegar até o número original, cadastrado no nome do irmão da Amanda, que colocou como recuperação o e-mail dela e o número dela”, assegurou o policial.

Para ele, “a boa relação que ela alegava ter era falsa. Estava ameaçando de morte o filho do Leonardo e os parentes dele desde o dia 27 de julho deste ano, fato comprovado de forma cabal nesses três dias de investigação. Uma das ameaças dela: ‘Depois não adianta chorar em cima do sangue deles’, essa foi a mensagem da Amanda para o filho da vítima.”

Segundo o policial, Amanda se mostrou inteligente e durante todo o interrogatório ficou calada. “Para tirar o foco de suspeita sobre ela, chegou a ameaçar a si mesma. Mandou mensagem dizendo ‘Vou matar você e a sua namoradinha’. No primeiro interrogatório, quando ainda não sabíamos dos perfis falsos, ela dizia que a relação era muito boa, que amava aquela família, e negava o crime. Ontem, depois da prisão, já com a dinâmica esclarecida, ela negou sem uma lágrima nos olhos. Perguntei sobre o perfil falso, sem uma lágrima, ela negou.”

O telefone da advogada está apreendido e bloqueado até o momento. “Sugeri a ela que colabore, já que a prisão dela é para investigação. Sugeri que ela colabore, já que criou perfil falso, disse que se ela desbloquear o celular, não peço ao juiz a prorrogação da prisão, mas ela não aceitou”. Diante desses elementos, o delegado representou ao judiciário, que deferiu a prisão temporária por 30 dias, podendo ser prorrogada por mais 30 dias ou até ser convertida em prisão preventiva. “Haverá outras informações. Acredito que a intenção dela era matar quem consumisse. Leonardo Filho não morava e não se encontrava lá.”

“Verificamos também que ela já não estar grávida, pelo exame que a defesa nos trouxe, autorizou divulgar. Ela apresenta exames de gravidez, não concluímos pela falsificação. Vamos aprofundar, até porque surgiram notícias de que ela se apresentou grávida para outros para pedir dinheiro. O chá aconteceu. Família apoiando gravidez. Temos elementos para concluir que ela é responsável por esse envenenamento. Investigação ainda tem um prazo para ser concluído. Há pontos não esclarecidos”, concluiu o delegado Alfama.

 

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