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Brasil segue na contramão


Avatar Por Redação Tribuna do Planalto em 12/07/2023 - 15:47

Edwal Portilho, o Tchequinho, é presidente-executivo da Adial

No Brasil, temos o péssimo hábito de perder oportunidades no campo econômico, como dizia o economista Roberto Campos, um dos maiores pensadores economia brasileira e falecido em 2001. Avô do atual presidente do Banco Central, Campos tinha outra pérola: “As reformas não conseguirão piorar nosso manicômio fiscal. Mas, como dizia um engraxate da Câmara, não há perigo de melhorar.”

Nos últimos 100 anos, o Brasil assistiu, sem aprender, países com o mesmo tamanho econômico ou até menores, deslancharam enquanto, por aqui, ficava-se travado em seus problemas paroquiais e se aperfeiçoando em cultivar ineficiência e burocracia. Atolado na fragilidade do sistema político e em projetos de curto e médio prazos, o Brasil deu passagem para países subdesenvolvidos para a primeira classe das nações ricas.

Então vejamos. Nos anos 1930, após a crise mundial, os Estados Unidos se consolidaram na maior economia do mundo. Após a segunda guerra mundial, em 1945, sob influência estratégica dos americanos, foi a vez do Japão expandir. Logo se abriu outro ciclo de expansão, sob tutela do Japão e, de novo, dos Estados Unidos, foram os Tigres Asiáticos (Coreia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong) que se destacaram a partir dos anos 1960 e 1970.

A China, nos anos 1980 e 1990, começa uma expansão extraordinária, com uma atuação mais independente, sai de 9ª economia mundial para 2ª, com evolução que garantirá a liderança mundial. E, mais recente, a Índia, no mesmo caminho da China, vai se posicionar com destaque na primeira prateleira da economia mundial. Em um século, de 1930 a 2030, nações orientais saltaram de coadjuvantes a protagonistas. É bom ressaltar que indianos e chineses revezaram a hegemonia da economia mundial em boa parte do período entre os séculos I e XIX.

Mas o que, em comum, têm estes movimentos expansionistas dos últimos 100 anos? Todos se basearam em investimentos pesados em educação, infraestrutura e industrialização. E o Brasil? Perdeu todas as oportunidades, pois investiu pifiamente nestas três áreas. O Brasil focou em produção de baixo valor agregado e menor complexidade, como commodities da agropecuária e da mineração.

A Adial participou da missão, que envolveu os setores público e privado goiano, à China em junho. Observamos em detalhes como estes três pilares enraizaram no modelo estrutural dos chineses, conectados com inovação e inteligência de negócios no mais alto nível. Toda estratégia de expansão dos chineses é rigidamente planejada e executada, projetada para transcorrer cenários por várias décadas.

A educação, base de expansão do Japão e dos tigres asiáticos, é também foco na política de desenvolvimento da China. A indústria é ativo estratégico, orgulho nacional. No Brasil, as precárias políticas públicas e investimentos nas duas áreas são escancaradas. Quando se avalia a industrialização, percebe-se que o setor encolhe ano a ano. Setores inteiros e empregos desaparecem, sem que os planejadores e responsáveis pelas políticas públicas movam um dedo para protegê-los.

A China, vimos isso de perto, tem obsessão pelo crescimento industrial e pela inovação. Precisamos revisar o tratamento dado às nossas fábricas e à educação. Não se observa neste último século qualquer país que tenha desenvolvido sem ter estas duas forças como pilar da sua expansão. Esse tratamento equivocado, medíocre e atrasado com a educação e com a industrialização limita a posição brasileira entre as economias mundiais e pode refletir por décadas em nossa jornada. Temos bons exemplos, mas precisamos de lideranças que consigam conduzir o País nesta trajetória de expansão desenvolvimentista.