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Caiado propõe ação do Congresso após tarifaço de Trump e PT vê sabotagem à soberania

Medida anunciada por Donald Trump contra exportações brasileiras gera reações em Goiás e acirra embate político sobre papel do Brasil na relação com EUA


Lucas de Godoi Por Lucas de Godoi em 10/07/2025 - 10:13

Governador Ronaldo Caiado propõe reação institucional do Congresso à tarifa americana (Foto: Divulgação)

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto provocou reações em Goiás, estado com forte presença no agronegócio e interessado na pauta de exportações. Lideranças políticas goianas divergem sobre as causas e a condução da política externa brasileira.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), acusou o presidente Lula (PT) de provocar desnecessariamente o governo americano e comparou sua estratégia à do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez. Para Caiado, a crise poderia ter sido evitada com mais responsabilidade diplomática.

“O presidente Lula segue à risca o que Chávez fez na Venezuela, ao afrontar gratuitamente o governo americano. Lá, sofreu represálias semelhantes às que agora recaem sobre o Brasil. Lula, de caso pensado, declara guerra ao Congresso, tenta deflagrar uma luta de classes e parte para o ataque contra o presidente dos EUA, nosso histórico aliado”, escreveu Caiado nas redes sociais.

O governador sugeriu que o Congresso Nacional assuma a condução do diálogo com Washington, em nome da sociedade brasileira. “Diante da gravidade do momento, é urgente que se crie uma Comissão de Parlamentares, da Câmara e do Senado, com a missão de abrir diálogo direto com o governo americano. É preciso deixar claro ao povo dos EUA que as declarações de Lula não representam o pensamento do povo brasileiro”, completou.

PT defende soberania nacional

A presidente do PT em Goiás, deputada federal Adriana Accorsi, divergiu da leitura do governador e acusou setores da direita de colaborar com interesses estrangeiros para enfraquecer o governo e o país.

“Nossa soberania não se vende. Enquanto a extrema direita tenta sabotar o Brasil por dentro e por fora, o povo paga a conta. Aumentar tarifas contra o Brasil por causa de um réu golpista é inaceitável. Defender a democracia é defender o nosso país”, afirmou em nota em rede social.

A vereadora Kátia Maria (PT) classificou a atitude de Trump como interferência indevida nos assuntos internos do Brasil. “Não vamos deixar Trump usar tarifas como arma de intervenção política no nosso país para defender golpista”, escreveu numa rede social.

Nesta quinta-feira (10), Katia fez provocações a setores da economia. “O agro agora vai fazer o que agora que foi taxado em 50% a pedido do Bolsonaro e do Eduardo Bolsonaro? O pessoal do aço, do ferro, da carne… quando o desemprego bater a porta, o Brasil vai tratar com a reciprocidade. Se aumentarem, nós também aumentaremos”, defendeu.

Já o vereador Fabrício Rosa (PT) ligou diretamente a decisão americana a ações da oposição interna. “A soberania do Brasil não está à venda. Nossa Justiça não vai se curvar a quem tenta derrubar a democracia. Essa tarifa é resultado direto de uma campanha criminosa dos bolsonaristas contra o próprio país. Bolsonaro e seus aliados, sem conseguir fugir da Justiça, apelam de novo para caminhos golpistas.”

Contexto internacional

O anúncio das tarifas por Donald Trump veio em uma carta enviada diretamente ao presidente Lula, em tom hostil, alegando que o Brasil estaria perseguindo Jair Bolsonaro e violando liberdades fundamentais, como a liberdade de expressão de plataformas digitais americanas. Trump citou decisões do Supremo Tribunal Federal e criticou o que chamou de “ordens de censura injustas e secretas”.

O presidente Lula reagiu. “O Brasil é um País soberano e não aceita ser tutelado por ninguém”, respondeu em nota do governo brasileiro. O chefe da embaixada dos EUA também foi informado que Lula não receberia a carta, divulgada na red

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