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Entrevista | “Meu projeto principal é reeleger o presidente Bolsonaro”


Avatar Por Redação em 07/12/2021 - 00:00

"Houve precipitação por parte do PL em Goiás, do Flávio Canedo e da Magda Mofatto, em decidir o apoio a uma candidatura sem ter estudado o jogo nacional, porque havia a possibilidade de o presidente ir para o PL e, é claro, que o presidente vai escolher pessoas de confiança, não só em Goiás, mas em todo o Brasil.”
Dentro do projeto de reeleger o presidente Jair Bolsonaro (PL) o deputado federal Major Vitor Hugo considera importante que em Goiás haja um candidato bolsonarista ao governo, que defenda o presidente com “sangue nos olhos”. Segundo ele, o governador Ronaldo Caiado já demonstrou que não é esse candidato, da mesma forma que Gustavo Mendanha “nunca demonstrou admiração pelo presidente”. O que o habilitaria a ser candidato a governador de Goiás, apesar de não ser goiano, é o fato de ter se casado com uma goiana, o filho ser goianiense e ter feito parte do curso de Direito na UFG, além da formação nas escolas militares que formam líderes para o Executivo e a experiência de três anos no Congresso. 

TRIBUNA DO PLANALTO –   Com a filiação de Bolsonaro ao PL, qual o futuro político do senhor em Goiás? 

MAJOR VITOR HUGO – Isso está sendo tratado, mas eu posso dizer que eu vou estar sempre ao lado do nosso presidente, o que ele, como técnico do time, escolher. O principal projeto nosso, hoje, é a reeleição do presidente Bolsonaro, e aquela posição que eu puder jogar para contribuir da melhor maneira para que isso aconteça é a que eu vou jogar. O presidente sinalizou o desejo dele, e que coincide com um desejo meu, de uma pré-candidatura ao governo do estado, e vamos continuar trabalhando para viabilizar uma coalizão de partidos, um plano de governo e a pré-candidatura. Mas, repito, o plano principal é a reeleição do presidente Bolsonaro para que tenhamos o Brasil alinhado com a direita conservadora e Goiás também. Eu gostaria muito de ter essa oportunidade, mas sei que isso tem que ser construído e vamos fazer com calma, tranquilidade e aos poucos. 

A deputada federal do PL Magda Mofatto declarou que o senhor poderá vir a ser o candidato ao governo pelo partido se provar que sua candidatura tem viabilidade eleitoral. Há algum acordo com o partido em relação a uma eventual candidatura ou o senhor disputaria a vaga como qualquer outro integrante?  

Não existe nada em curso ainda, eu não conversei com a Magda e acho que houve precipitação por parte do PL em Goiás, do Flávio [Canedo] e da Magda, em decidir o apoio a uma candidatura sem ter estudado o jogo nacional, porque havia a possibilidade de o presidente ir para o PL e, é claro, que o presidente vai escolher pessoas de confiança, não só em Goiás, mas em todo o Brasil. Indicou o Tarcísio [de Freitas] para São Paulo; Rogério Marinho ou Fábio Faria no Rio Grande do Norte; Jorginho Mello no Sul; o líder do governo, Eduardo Gomes, no Tocantins; e indicou meu nome para Goiás. Eu não quero antecipar nada, acho que isso tem que ser feito com muito cuidado e por isso que digo que eles acabaram se precipitando, mas sempre há espaço para o diálogo e acho que vamos chegar a um bom termo. Tudo vai ser conversado, com esse cenário imposto, mas é lógico que a decisão do presidente e a definição de alguém que seja próximo a ele, da confiança dele e que queira defender o nome dele com sangue nos olhos e unhas e dentes é importante. E Goiás precisa fortalecer uma via própria, conservadora, de direita e bolsonarista, que não existe ainda concorrendo ao governo do estado. [Ronaldo] Caiado se afastou ao longo de seu mandato, não precisava ter feito isso, porque tinha toda a abertura com o presidente. Mas ele fez críticas, fechou o comércio e pressionou e estimulou para que os prefeitos também fizessem isso; atacou o presidente nos momentos mais críticos da pandemia, levando [Luiz Henrique] Mandetta ao Palácio das Esmeraldas; falou que as ordens do presidente contra a Covid não seriam seguidas dentro das fronteiras de Goiás, chamou o presidente de ignorante e, na entrevista ao [Pedro] Bial, disse que o presidente governa tensionando. Não é alguém que – ainda que houvesse uma possibilidade de composição, o que hoje eu considero muito remota – defenderia o presidente de maneira corajosa, desassombrada, verdadeira e espontânea. Do outro lado, Gustavo Mendanha nunca demonstrou qualquer admiração e empolgação pelo presidente. Aliás, em sua reeleição em Aparecida de Goiânia ele compôs com vários partidos de esquerda, PT, PCdoB, PDT, PSB e PV, além de outros, e incluiu o PSL, que é a ala do PSL a qual eu não pertenço. Eu pertenço ao PSL temporariamente, porque vou sair na janela oficial, de março a abril, porque a União Brasil, que vai ser o partido do Caiado, já disse – com o estímulo do Caiado – que vai apoiar uma terceira via na disputa para o Palácio do Planalto. Não tem espaço para eu ficar em um partido que está querendo viabilizar uma terceira via para disputar a Presidência da República. O cenário é esse, mas tem muito a se construir e conversar até uma definição mais concreta. 

O senhor, por não ser de Goiás e estar há apenas três anos na política goiana, se considera apto a disputar o governo?  

Eu cheguei em Goiás em 2003, eu me casei com uma Anapolina e meu filho é goianiense. Eu fiz quatro anos da faculdade de Direito na Universidade Federal de Goiás e, depois, fui transferido para o Rio de Janeiro, eu estava no Exército, e acabei concluindo o curso na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na política é diferente. Tem outros pré-candidatos que o movimento é no sentido contrário. Meu movimento foi sempre de aproximação com Goiás. Veja onde os outros candidatos fizeram faculdade, se foi em Goiás ou fora? Veja se, quando compôs o governo, se trouxe especialistas goianos ou de outro lugar? O caráter de fidelidade ao estado de Goiás tem que ser medido agora, não diz respeito a quantidade de tempo na política goiana. Eu tenho 21 anos de Exército Brasileiro, mais quatro anos na Câmara Federal como consultor legislativo concursado e mais três anos na política. Se somado, tenho 28 anos de serviço público. No tempo que fiquei no Exército estudei nas principais academias militares, que formam líderes para o Executivo. Grande parte dos ministros, o próprio presidente, o vice-presidente e ocupantes de várias outras funções estudaram na mesma academia que eu. Depois, fiz mestrado na Escola de Aperfeiçoamento de Oficias, que também é uma escola militar; fiz a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, que habilita a comandar as principais unidade e até chegar a general; fiz curso de aperfeiçoamento nos Estados Unidos por sete meses; fiz missões de combate na Costa do Marfim para proteger a Embaixada do Brasil, em 2004 por sete meses; e, depois, voltei para participar de uma missão de paz por um ano, de 2008 a 2009. Tenho uma experiência de vida, acadêmica e profissional que me credencia, sim. Caiado, quando assumiu o governo do estado, não tinha tido nenhuma experiência no executivo. Isso tem que ser medido de acordo com o compromisso que se tem hoje com Goiás. Em três anos de mandato, eu fui líder do governo entre os 513 deputados na Câmara. O presidente me escolheu, mesmo eu sendo deputado de primeiro mandato, para exercer a função e nós aprovamos pautas importantíssimas para o país, como a Reforma da Previdência, a liberdade econômica e o acordo de Alcântara. Depois veio a pandemia e aprovamos 41 medidas provisórias, decretação de calamidade pública, ajuda a estados e municípios, o auxílio emergencial de R$ 600, tudo isso quando eu era o líder do governo. E hoje eu sou líder do maior partido da Câmara, do PSL, 54 deputados federais. Todas essas experiências me credenciam e me habilitam a ser um pré-candidato ao governo do estado. Embora, eu ainda não tenha lançado minha pré-candidatura, espero que chegue esse momento. 

Como avalia a possibilidade de Gustavo Mendanha ser o candidato do PL a governador? 

Essa é uma decisão partidária. Eu sei que o PL, em Goiás fez essa opção lá atrás. Quem tem que falar sobre isso, no nível estadual, é a direção do partido, e eu nem migrei formalmente para o PL ainda, porque não posso fazê-lo agora. Tenho conversado com o presidente [Jair] Bolsonaro e com o presidente Valdemar [Costa e Neto], do PL nacional. Estou à disposição para conversar com o PL de Goiás, mas tenho visto uma disposição do presidente da República em me apoiar, tanto que fez esse gesto de citar meu nome na filiação [ao PL]. Mas estou aberto a conversar. 

O senhor pode também vir a disputar uma vaga ao Senado?  

Meu objetivo principal é apoiar o presidente Bolsonaro. Já falei isso para ele, que estou à disposição para seguir as orientações dele. Se a conclusão por parte dele for diferente da que ele sinalizou, eu vou continuar ao lado dele. Meu projeto principal é o projeto do presidente Bolsonaro. Pode ser uma candidatura à reeleição, ao Senado ou ao governo, que é o que eu gostaria, porque sei que é um objetivo muito grande e sei que há um espaço, não só pela insatisfação de grandes setores importantes em Goiás, como o agronegócio, que está insatisfeito com Caiado, as polícias e o setor público em geral, e o setor produtivo em razão de tudo que foi feito. Diante do espaço político que foi aberto, eu julgo importante que o bolsonarismo tenha uma candidatura própria. Coloquei meu nome e o presidente tem sinalizado positivamente. Mas temos que esperar porque, na política, do pouco que tenho aprendido nesses três anos, as coisas vão se consolidando com o tempo e, chega ali próximo do momento da definição, tudo dá resultado. 

O senhor acredita que o candidato bolsonarista terá o apoio do PL e de quais outros partidos em Goiás?  

A temporada de conversas está aberta. Tenho conversado com muitos partidos e muitos não querem sinalizar agora, sair da posição que estão por questões políticas. Acho muito provável que se repita em Goiás aquilo que for feito no nível federal. Vejo que alguns partidos de direita não vão conseguir andar com a gente, e que estão próximos até agora. Há uma grande possibilidade de termos uma coalizão em torno da candidatura bolsonarista em Goiás. 

O PSL preside as comissões de Constituição e Justiça (CCJ), Agricultura e Meio Ambiente. Após a fusão do partido com o DEM, como fica a indicação para essas comissões?  

Houve um distanciamento entre a cúpula do PSL, a presidência nacional, e a liderança e a bancada federal. Eu sou o líder e não temos aproximação, tanto que a definição sobre a fusão com o DEM não passou pela bancada dos deputados federais. Fizemos alguns acordos para viabilizar a eleição de Arthur Lira, quando eu fiz aquele movimento de levar o PSL para a base dele. Um deles pressupõe a presidência de quatro comissões durante dois anos, incluindo a CCJ, a liderança do PSL este ano e a presidência da CMO [Comissão Mista de Orçamento] no ano que vem. Tudo isso foi ajustado e estamos caminhando junto com Arthur Lira para poder fazer com que esses acordos sejam plenamente cumpridos. A sinalização que tenho do presidente Arthur é de que os acordos serão efetivamente cumpridos. Da CCJ, se o acordo for cumprido, eu serei o presidente e já definimos quem serão os próximos presidentes das outras comissões. Em primeira mão aqui: a CFFC [Comissão de Fiscalização Financeira e Controle], se a gente tiver a oportunidade de escolher será a segunda prioridade nossa, quem vai presidir será a Carol de Toni; a CVT [Comissão de Viação e Transportes], o Coronel Tadeu que vai presidir, se chegar para nós o comando dela; e a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, se estiver aberto para gente, quem vai presidir será General Girão. E a CMO quem vai presidir será o deputado Hélio Lopes. 

Como ficarão as bancadas no Congresso com a ida do presidente para o PL? Quantos deputados do PSL devem acompanhar Bolsonaro?  

Ainda não temos ideia, mas eu imagino que seja algo em torno de 25 deputados do PSL.  

Por que há essa resistência em dar transparência às emendas do relator, chamadas de orçamento secreto?  

Não existe orçamento secreto, não existe orçamento que não seja publicado no Diário Oficial da União. Tudo aquilo que é afeto ao orçamento no Brasil tem total transparência. Aliás, votamos esta semana uma resolução para modificar a norma que trata das emendas em geral para aumentar ainda mais a publicidade dessas emendas. Existe um sistema. Por exemplo, as emendas individuais são indicadas por cada deputado e se consegue identificar quem indica; já as emendas de bancada quem assina é o um só, o coordenador. 

Mas todos fazem questão de dar publicidade à autoria das emendas, mesmo as de bancada.  

Isso não acontece em São Paulo. Varia de estado para estado. Em Goiás, as emendas de bancada são diferentes porque temos 17 deputados e 3 senadores, mas quem assina é a coordenadora. As emendas de comissão são votadas na comissão e não se consegue identificar quem foi que sugeriu aquela indicação. Os únicos prejudicados com o congelamento das emendas do relator são os municípios, que vão deixar de receber. São R$ 16 bilhões parados. O STF está parando o país. Converse com os prefeitos de Goiás para ver se eles estão satisfeitos com essa decisão, com os prefeitos do Brasil. Não só os prefeitos, mas as entidades do terceiro setor que estão com o custeio parado. O deputado que faz a coisa errada com as emendas pode fazer tanto nas individuais, como nas de bancada, como nas de relator. Ele tem que ser preso, processado. Não somos contra a fiscalização, pelo contrário. Sou o maior apoiador da Controladoria-geral da União e parceiro em tudo. O meu interesse é que as emendas, sejam elas quais forem, tenham cada centavo empregado exatamente para aquilo que a emenda é destinada. A resolução que foi aprovada vai dar mais transparência e vai determinar que seja publicada a origem do pedido, o prefeito ou a instituição. Já foi disponibilizado para o STF todos os ofícios do relator-geral que saíram do Parlamento em direção ao Executivo para execução. Quem entrou contra as emendas do relator foram os partidos de esquerda. Congelando, esses R$ 16 bilhões deveriam voltar para o Orçamento da União, para o orçamento do presidente, mas eles não querem que volte. Querem cancelar esses R$ 16 bilhões de apoio aos municípios. Porque eles sabem que se voltar para o Executivo serão mais R$ 16 bilhões para o presidente fazer coisas boas para a população. Eles não sabem o que eles querem. 

Não se cria, assim, uma desigualdade na distribuição das emendas parlamentares?  

Essa Casa não é uma Casa de igualdade. É uma Casa de forças. Existe uma maioria formada em torno do governo federal que tem mais de 340 votos. Isso se reflete em qualquer votação. Senão, as pautas da maioria não seriam aprovadas em detrimento das pautas da minoria. Isso também acontece em relação ao Orçamento: as maiorias são formadas para aprovar o Orçamento contra a vontade da minoria. Isso é democrático. Antidemocrático seria se a minoria vencesse. Inclusive, no que diz respeito à peça orçamentária, que é o mais nobre trabalho do Parlamento. 

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