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Entrevista Poder | “Não acredito em candidatura de terceira via”


Avatar Por Redação em 31/10/2021 - 00:00

Alexandre Baldy, Presidente do PP Goiás. Foto: Divulgação

Presidente do PP em Goiás e coordenador nacional das estratégias eleitorais do partido, Alexandre Baldy terá como função viabilizar a candidatura à reeleição de Jair Bolsonaro (ex-PSL) nos estados, caso se confirme a filiação do presidente da República à sigla. Regionalmente, Baldy trabalha para disputar uma cadeira no Senado. O partido voltou a fazer parte da base de apoio do governador Ronaldo Caiado (DEM), composição sacramentada pela indicação de Joel Sant’Anna para a Secretaria de Indústria e Comércio. Todavia, Baldy não fecha questão em relação ao pleito de 2022. Segundo ele, a aliança eleitoral com o DEM vai depender da evolução dessa relação entre o PP e o governo até o período das convenções partidárias.

TRIBUNA DO PLANALTO – A indicação de Joel Sant’Anna Braga para a Secretaria Estadual de Indústria e Comércio (SIC) sela a aliança do PP com o DEM. Há algum acordo para que essa aliança se estenda até a eleição de 2022?

ALEXANDRE BALDY – Não existe esse acordo porque não se falou em eleição ainda. Mas, sem dúvida nenhuma, fortalece bastante os laços entre ambos, fazendo com que, a partir de agora, a cada dia, possamos reforçar essa relação para que, no momento certo e devido, que são as convenções partidárias, ela possa se concretizar de fato.

O senhor chegou a afirmar, dias atrás, que a indicação antecipada de Daniel Vilela (MDB) para vice na chapa de Ronaldo Caiado havia deixado cicatrizes na base de apoio do governador. Caiado está conseguindo resolver esse problema?

mação. Soube que essas cicatrizes foram criadas, mas não tenho conversado com os atores principais que se sentiram decepcionados por essa decisão. O governador tem buscado remover essas cicatrizes para tocar adiante o projeto. Mas não tenho como confirmar se foi resolvido e deixado para trás, ou não.

Em relação ao PP, que está retornando à base de apoio do governador e tem intenção de participar da chapa majoritária, como o partido vê essa antecipação na formação da chapa, patrocinada por Ronaldo Caiado? 

Nós nunca tivemos nenhuma objeção e nunca fizemos parte dessas cicatrizes que eu mencionei. Para nós é indiferente, porque não era uma posição que nossos quadros pretendiam disputar. Certamente, com essa reaproximação, que foi consolidada com a nomeação de Joel Sant’Anna, a cada dia, vai se reforçando essa construção da relação, para que ela possa se consolidar no momento devido, que será, de fato, as convenções.

A intenção do senhor é disputar uma vaga para o Senado. Todavia, há muitos partidos pleiteando essa vaga na chapa majoritária. Quais são as suas perspectivas em relação a esse cenário? 

Essa é uma decisão que será tomada no momento em que a lei prevê, nas convenções partidárias. Temos todo o tempo para trabalhar e viabilizar esse objetivo. E essa viabilidade não tem que ser comprovada ao governador, tem que ser comprovada dentro de um projeto que eu tenha e da apresentação que eu faça da minha trajetória, da minha capacidade de execução, da minha experiência para demonstrar para a população que eu consigo ser um representante à altura do estado no Senado Federal. Dessa forma, o governador Ronaldo Caiado, como qualquer outro que estivesse na posição dele, irá desejar que nós participemos da chapa majoritária.

O PP faz parte da base de apoio do presidente Jair Bolsonaro. Caso Ronaldo Caiado venha a apoiar um outro candidato a presidente da República, isso pode inviabilizar uma aliança do PP e DEM em Goiás? 

Não acredito que tenha qualquer tipo de interferência nas posições que serão tomadas, até porque eu fui indicado coordenador de uma comissão que foi criada dentro do partido nacionalmente para que pudéssemos, na eventualidade da filiação de Jair Bolsonaro ao PP, fazer essa organização em cada estado que for um desafio. São muitos estados que são desafiadores e eu não terei problema no meu estado porque serei o responsável por todos. Já estou nessa função. Não acredito que haverá qualquer tipo de dificuldade porque eu serei a ponte para essa solução e não para qualquer tipo de empecilho ou objeção.

Mas caso Ronaldo Caiado venha a apoiar outro candidato que não Jair Bolsonaro, como seria a campanha do PP em Goiás, considerando que o partido venha a compor a aliança partidária do governador?

 Se houver a filiação de Jair Bolsonaro ao PP teremos, obviamente, que privilegiar esse palanque. Acho que não é uma decisão que será tomada agora, mas no momento certo. Nas convenções, teremos a decisão que o governador tomará e as consequências que serão promovidas, isso na eventualidade da filiação de Bolsonaro. São duas posições que ainda não podemos trabalhar de forma tão antecipada, porque não se conhece as decisões que ainda serão tomadas para que as consequências possam ser medidas.

Quais são as pretensões do PP nas próximas eleições em relação às bancadas de deputados estaduais e federais, considerando o fim das coligações? 

Tudo ainda depende do ingresso ou não do presidente Bolsonaro na legenda. É uma construção já bem avançada, mas ainda aguardamos essa definição porque ela pode mudar para melhor a criação de chapas. Havendo essa filiação, temos uma expectativa muito grande de nos tornar a maior bancada na Câmara e uma importante bancada no Senado. É uma perspectiva que eu prefiro aguardar a confirmação ou não dessa filiação para que possamos trabalhar de forma mais assertiva. Sobretudo aqui em Goiás, onde essa é uma variável bem contundente e pode melhorar substancialmente o que temos hoje, duas cadeiras na Câmara e uma no Senado, resultado de 2018, caso se confirme a filiação.

Em algum dos cenários eleitorais há a possibilidade de o PP caminhar para a oposição ao governador, considerando esse campo que está se formando em torno de uma eventual candidatura de Gustavo Mendanha? 

É muito precipitado falar sobre posição e oposição, porque isso passa por uma renúncia de Gustavo Mendanha e há rumores de que Marconi Perillo possa ser candidato. Vamos aguardar para saber quem serão os candidatos de oposição, mas tudo caminha para a construção (de uma aliança com o governador) – se essa for uma relação produtiva e crescente – que tende a se conflagrar em êxito nessa relação para a eleição.

Quando o senhor fala em relação crescente isso significa o quê?

Isso significa que são desafios que serão enfrentados no dia a dia e soluções que serão buscadas. Cada dia é uma agonia e essas vão sendo vencidas para que, no momento em que a lei prevê, confirmar essa relação eleitoral.

Como o senhor avalia a gestão do governo estadual na área econômica? Está sendo bem conduzida? Quais os desafios que Joel Sant’Anna irá enfrentar?

No momento pós-pandemia, que acredito que já esteja iniciando, será um desafio para todos os estados, e o nosso especialmente, ter políticas públicas que sejam efetivas para gerar confiança no setor privado, para ele investir nesse momento em que faltam muitas matérias primas, o que gerou inflação e falta de produtos em diversas cadeias produtivas. Mas é uma oportunidade para que essa volta da atividade econômica possa se dar em locais que tendem a ser mais competitivos. Daí a busca incessante por novos investimentos, por políticas que sejam mais agressivas para que, onde e quando eles forem ocorrer, sejam buscados e alterados para que ocorram em Goiás. São muitos desafios, sobretudo neste momento, quando os estados precisarão ser muito ousados para sair na frente e conquistar o que vai ocorrer. O mundo inteiro vai crescer agressivamente, porque afundou demais, e muita gente vai investir. A defasagem entre oferta e procura ,que tem aumentado o preço de vários itens de consumo ,acaba ocasionando um investimento para que se aumente a oferta para atender a demanda. Se isso for exitoso por parte da gestão do Joel e do estado, promoverá investimentos e o sucesso dessa política de atração de novos empreendimentos.

O senhor está otimista em relação à retomada da economia do país? 

Bastante. Nós precisamos de uma retomada bem expressiva porque o país, como o mundo inteiro, afundou de uma forma nunca imaginada. Precisamos de uma retomada agressiva para gerar emprego, recuperar os que foram perdidos e dar oportunidade para os informais. Temos quase 40 milhões de desocupados no Brasil e esse é um número que precisa ser combatido. Temos que ser otimistas e fazer de tudo para que as coisas possam dar certo.

Sua saída do governo de São Paulo se deu bem antes da data que teria que se desincompatibilizar para disputar um cargo eletivo. Por que o senhor a antecipou?

Para poder voltar para o estado e trabalhar nesse projeto, ficar livre e solto para poder tocar minha vida. 

Algumas especulações dão conta que seria em razão das divergências entre o governador João Doria (PSDB) e o presidente Jair Bolsonaro, que podem ser adversários na eleição de 2022.

Eu busquei atender o pedido do presidente nacional do PP (Ciro Nogueira) e isso é um fato. Ele fez o convite para eu ser o coordenador dessas movimentações nos estados e isso foi levado em conta na decisão que tomei de forma antecipada. 

A que se deve o apoio do senhor ao presidente Jair Bolsonaro? É partidário ou por afinidade? 

Desde 2018, pelo fato de que compartilhamos princípios conservadores e a contrariedade com o Partido dos Trabalhadores. Na minha visão é a melhor opção que temos para poder impedir que volte ao cenário anterior. 

Naquele momento foi para evitar que o PT voltasse e esse é o mesmo motivo do apoio a Jair Bolsonaro hoje. Mas e se houver uma terceira via com viabilidade eleitoral?

Não acredito que haverá. A eleição de Jair Bolsonaro foi fruto dessa terceira via e ainda é muito recente. Na sequência, numa nova eleição, terá oportunidade para ter uma terceira via. 

O PP é o principal partido do chamado Centrão e esse grupo vem sendo considerado fisiológico. Inclusive foi criticado pelo presidente Jair Bolsonaro no passado, época em que apoiava Dilma Rousseff (PT), e, posteriormente, foi base de apoio de Michel Temer (MDB). Hoje, faz parte da base de apoio de Bolsonaro. Como o senhor recebe essas críticas? O PP adota uma posição de pacificação sempre em busca de resultados e de construção de pontes. Independentemente de quem seja governante, essa é a busca para permitir que haja governabilidade. O bem do governante é o bem do Brasil. É um partido que sempre tentou construir serenamente as pontes entre os governantes e os partidos, seja no Congresso, seja na Câmara e com os demais partidos. 

Como está o processo que investiga pagamento de propina durante sua gestão no Ministério das Cidadania? Como avalia o episódio de sua prisão?

Na verdade, a investigação é de fatos de 2012 e 2013 e eu não ocupava função no Ministério naquele momento. Considero que não existe processo sobre o tema e foi uma barbaridade que cometeram, um sequestro, do ponto de vista jurídico. Fui vítima de uma situação na qual uma ou algumas pessoas buscaram se posicionar dentro do ambiente jurídico para trazer para si certos holofotes. Tenho total tranquilidade e trato como um sequestro.

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