No próximo sábado, 31 de maio, a partir das 10h, o Jardim Potrich abre suas portas para a vernissage do “Goianins – cultura popular goiana para artistas mirins”. A exposição apresenta as pinturas produzidas por crianças típicas e atípicas que participaram das oficinas de arte promovidas pelo projeto ao longo do mês. As telas dos pequenos serão exibidas ao lado das obras de Helena Vasconcelos, artista naïf cuja produção inspirou o tema da iniciativa.
A programação inclui ainda uma intervenção urbana inédita em Goiânia: a grafitagem dos trabalhos infantis no muro da Rua 12, no Jardim Goiás — mesmo endereço do Jardim Potrich. A transposição dos desenhos será feita pelo grafiteiro EZO. Gratuito e aberto ao público, o evento contará também com café da manhã especial, apresentação musical e uma vídeo-instalação da artista Eliane de Castro, com registros sobre as Cavalhadas de Pirenópolis.
Oficinas
Ao todo, 17 crianças, com idades entre 10 e 12 anos, participaram das duas oficinas promovidas pelo Goianins. Durante os encontros, elas se inspiraram em elementos simbólicos da cultura popular goiana presentes nas obras de Helena, como os mascarados “curucucu”, cavaleiros, igrejas, o Divino Espírito Santo, bandeirolas e outros ícones tradicionais das Cavalhadas. “Como artista, fico muito feliz em ver o quanto as crianças se encantaram e absorveram esses elementos culturais. Isso é muito importante para mim, porque meu trabalho é divulgar nossas raízes e deixar um legado para que essas tradições continuem vivas”, afirma Helena.
O projeto é fruto da parceria entre a arte educadora Laura Macedo, responsável pela condução das oficinas, e a idealizadora do Jardim Potrich, Tatiana Potrich. Laura afirma que as oficinas foram mais do que simples momentos de criação. “Foram espaços de pertencimento e descoberta. As crianças puderam se reconhecer nas cores, nas histórias e nos personagens do nosso folclore, despertando um sentimento de identidade com o lugar onde vivem. A arte popular, com sua simplicidade e potência, tem esse poder pedagógico de acolher o diferente, valorizar o singular e abrir caminhos para o aprendizado sensível. Ver isso acontecer no gesto de cada pincelada foi transformador como educadora”, destaca.
A proposta do Goianins, além de valorizar a cultura goiana a partir do olhar infantil, também pretende ressignificar o espaço urbano por meio da arte. A partir da projeção e grafitagem das obras nos muros da Rua 12, o projeto propõe um novo olhar sobre o bairro, suas histórias e paisagens. “Escolher as crianças como protagonistas dessa intervenção foi uma decisão carregada de intenção. Elas têm uma pureza no traço e uma verdade na expressão que escapam da lógica dos discursos prontos. A Rua 12 carrega um estigma de marginalização, e trazer arte para esses muros é uma forma de devolvê-la ao tecido vivo da cidade, com beleza, memória e afeto”, reitera Tatiana.
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