A possibilidade de greve de ônibus em Goiânia e na região metropolitana volta ao centro das discussões após seis rodadas de negociação entre o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivos de Goiânia (Sindcoletivo) e o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo (SET) terminarem sem acordo. Em pauta está o reajuste salarial da categoria, cuja data-base venceu em 1º de março, e que até agora não recebeu nenhuma proposta formal por parte das empresas.
A próxima tentativa de avanço na negociação está agendada para terça-feira, 10 de junho, às 14h, na sede do SET. Segundo o presidente do Sindcoletivo, Carlos Alberto Luiz dos Santos, a lentidão nas tratativas e a ausência de propostas concretas estão gerando frustração e desconfiança entre os motoristas e cobradores. “Recebo ligações diárias de trabalhadores dizendo que é hora de parar. Tentamos evitar, mas o limite está próximo”, afirma.
A categoria reivindica um reajuste salarial entre 8% e 9%, além de melhores condições de trabalho, como redução da carga horária, ajustes nos intervalos para refeições e melhorias nas salas de descanso nos terminais. Atualmente, o salário base de um motorista gira em torno de R$ 3 mil — valor considerado abaixo da média de outras capitais brasileiras, mesmo com Goiânia tendo uma das passagens mais caras do país.
O Sindcoletivo afirma que cinco reuniões foram desmarcadas pelo SET, e que a postura das empresas revela descaso com os trabalhadores. Caso nenhuma proposta seja apresentada no próximo encontro, o sindicato pretende levar a pauta à Superintendência Regional do Trabalho, ao Ministério Público do Trabalho e, se necessário, ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT), com pedido de dissídio coletivo.
O clima de insatisfação entre os trabalhadores é agravado pelo fato de que, durante a pandemia, motoristas mantiveram o serviço funcionando mesmo em condições adversas, fato frequentemente lembrado como motivo para reconhecimento profissional. “Fomos linha de frente. Agora, esperamos respeito e dignidade”, conclui Carlos Alberto.
Enquanto isso, o SET, por meio de sua assessoria, limitou-se a informar que as negociações estão em curso e que só comentará após eventual apresentação de uma proposta formal. Até lá, a ameaça de uma nova greve de ônibus permanece no ar, e pode se concretizar caso o impasse persista.