skip to Main Content

Iris anuncia afastamento da vida pública


Avatar Por Redação em 31/08/2020 - 00:00

Eleito vereador de Goiânia em 1958, Iris Rezende começou ali, no legislativo municipal, sua vitoriosa carreira política, consolidada em mais de 60 anos de uma vida pública de relevantes serviços prestados e realizações de grandes obras que marcam a história de Goiás e de Goiânia.

Nascido em 22 de dezembro de 1933, em Gameleira, distrito de Cristianópolis, interior de Goiás, dois meses depois do lançamento da pedra fundamental de Goiânia, Iris Rezende Machado chegou à Capital em 1948, quando tinha 16 anos de idade, para continuar os estudos.

Aos 25 anos, com a primeira eleição popular, Iris Rezende descobriu sua vocação e entendeu que a política seria o caminho natural a percorrer. Em 1962, o jovem político foi eleito deputado estadual e, assim como já havia acontecido na Câmara, presidiu o legislativo estadual.

Contrariando a vontade do seu pai, Iris Rezende tinha plena convicção de que, ao se colocar na seara política, estava atendendo aos desígnios de Deus. “Não tem outra explicação: tudo que aconteceu na minha vida foi pela vontade de Deus, caso contrário jamais chegaria onde eu cheguei. Era o desejo Dele que eu estivesse aqui, sobretudo para ajudar o povo”, diz sempre que é inquirido sobre sua vida política.

Quando Iris Rezende assumiu o seu primeiro mandato como prefeito de Goiânia, em 1966, a capital, construída para 50 mil habitantes, já contava com aproximadamente 200 mil moradores e as demandas por infraestrutura e moradia eram crescentes e a arrecadação era ínfi ma. Os bairros que haviam surgido a partir de 1960, como Setor Coimbra, Setor Universitário, Norte Ferroviário, Funcionários, Sul, Oeste e Pedro Ludovico, não contavam com infraestrutura, como asfalto, por exemplo.

Disposto a prosseguir o sonho de Pedro Ludovico, Iris Rezende levou asfalto e benfeitorias para esses bairros, duplicou a Avenida Amazonas, hoje Avenida Anhanguera, que era o principal eixo que ligava Goiânia e Campinas, e, construiu, até 1969, quatro conjuntos habitacionais: Vila Redenção, Vila Canaã, Vila Alvorada e Vila União e iniciou a construção do Novo Horizonte, na região sudoeste de Goiânia, abrigando milhares de pessoas. “Descobri muito cedo que a casa própria é o primeiro item para dar dignidade a uma família”, afirma.

Iris implantou na administração municipal um novo estilo de gestão, os mutirões urbanos, uma prática até então conhecida apenas no meio rural, que consistia na participação popular na prestação dos serviços públicos. Aos fi nais de semana, o povo era “convocado” pelo prefeito a colaborar com a execução de obras por toda cidade e ao mesmo tempo levava serviços públicos para a população mais carente da capital. Na atual gestão, os mutirões continuaram sendo realizados e em 27 edições cerca de 1,5 milhão de pessoas foram atendidas em todas as regiões da capital.

Cassado em outubro de 1969 por força do Ato Institucional nº 5, baixado um ano antes pelo presidente militar Arthur da Costa e Silva, Iris Rezende teve os seus direitos políticos suspensos por 10 anos. O “bom pra 70”, slogan criado para referenciar Iris Rezende e a sua já quase certa eleição para governador em 1970, amargou mais de uma década longe da política, deixando pra trás uma completa transformação da Capital realizada nos quase quatro anos de mandato como prefeito de Goiânia.

De volta à cena política em 1982, com uma das mais incríveis e emocionantes eleições diretas já vistas em Goiás, Iris Rezende era eleito governador do Estado com 67% dos votos válidos, numa vitória massacrante e incontestável obtida sobre o candidato que representava o regime militar da época, Otávio Lage.

Em 1983, Goiânia, que já contava com cerca de 700 mil habitantes e sofria uma grave crise por moradias e o risco de favelização era iminente. Como governador, Iris Rezende, assim como gestores de outros estados, sofria com a falta de recursos do Banco Nacional de Habitação e a forma encontrada pelo então governador de Goiás foi a reintrodução dos mutirões como forma de atender as demandas mais urgentes da população e, nesse ritmo, construiu mil casas em um único dia, moradias destinadas a pessoas de baixa renda e a moradores de áreas de riscos na Capital. Em outubro daquele ano, nascia a Vila Mutirão, hoje um próspero bairro da região Noroeste de Goiânia.

Em 1984, com Iris, Goiânia despontou para o Brasil como a capital de onde partiu o movimento pela redemocratização do País com o grande comício das “Diretas Já”, que contou com a presença das mais importantes personalidades políticas da época, reunindo cerca de 300 mil pessoas na Praça Cívica. O movimento marcou o início da reabertura política no Brasil e motivou a eleição de Tancredo Neves para presidente, em eleição indireta realizada no Congresso Nacional, em 1985, colocando fim ao período de exceção iniciado em 1964.

Como governador, Iris Rezende construiu em Goiânia o Centro de Convenções e o novo Terminal Rodoviário de Goiânia. De volta à Prefeitura de Goiânia, em 2005, Iris Rezende transformou a região Noroeste da capital. A abertura de ruas largas, pavimentação dos setores daquela parte da cidade e a realização de serviços de infraestrutura foram fundamentais para a valorização da região e o surgimento de centros comerciais locais, mudando para melhor a vida da população daquela parte da cidade.

Entre 2005 e 2010, Iris Rezende asfaltou 134 bairros da capital. Construiu 30 parques ambientais por toda a cidade, a exemplo do Parque Flamboyant, no Jardim Goiás, Parque Beija-Flor, no setor Jaó, Parque Taquaral, no Setor Goiânia Viva, entre outros. Foi na gestão dele que foram construídos o complexo viário da Avenida T-63 com a Avenida 85, no Setor Bueno, e o viaduto da Avenida 85 com a Avenida-D, no setor Sul/Oeste.

Entre 2005 e 2010, Iris Rezende asfaltou 134 bairros da capital. Construiu 30 parques ambientais por toda a cidade, a exemplo do Parque Flamboyant, no Jardim Goiás, Parque Beija-Flor, no setor Jaó, Parque Taquaral, no Setor Goiânia Viva, entre outros. Foi na gestão dele que foram construídos o complexo viário da Avenida T-63 com a Avenida 85, no Setor Bueno, e o viaduto da Avenida 85 com a Avenida-D, no setor Sul/Oeste.

Novamente eleito prefeito, em 2017, Iris Rezende assumiu a Prefeitura com rombos que ultrapassavam R$ 1 bilhão e um déficit mensal superior a R$ 30 milhões. Com um intenso e árduo trabalho de reorganização das finanças da Capital, dois anos depois, Iris conseguiu debelar o déficit e equacionar o rombo encontrado nas contas públicas do município. Em 2019, com as contas reequilibradas, a gestão Iris Rezende se tornou referência para o Brasil e o prefeito pôde continuar a construção de Goiânia.

O legado de Iris Rezende para Goiânia e seus moradores não encontra paralelo na história política de Goiás. As obras e os investimentos feitos na capital ao longo de suas gestões mudaram inequivocamente para melhor a cara da cidade e a qualidade de vida dos seus habitantes.

N a avaliação de a m i g o s , aliados, admiradores e até adversários políticos, Iris Rezende representa muito mais do que um político que ocupou os mais altos cargos eletivos do país, mas, sobretudo, o administrador público que escreve com atos e ações a mais sólida história de amor e consideração de um político pelo seu povo.

O homem que foi vereador, deputado estadual, prefeito de Goiânia por quatro mandatos, governador de Goiás por duas vezes, senador da República, ministro da Justiça e da Agricultura, deixa a cena política com a dignidade própria de um grande estadista, sem máculas e com a certeza do dever cumprido.

Um vida de realizações

Iris Rezende Machado nasceu em 22 de dezembro de 1933, em Cristianópolis, interior de Goiás. Tem 84 anos. Filho de Filostro Machado Carneiro e Genoveva Rezende Machado, Iris mudou-se para Goiânia com a família em 1949, aos 16 anos.

Após militar no movimento estudantil, presidindo os grêmios do Colégio Lyceu de Goiânia e da Escola Técnica de Campinas, Iris elegeu-se vereador na Capital, em 1958, com a maior votação proporcional da história (a maior em números absolutos naquela época). Na Câmara, Iris presidiu a Casa.

Em 1962, Iris Rezende foi eleito deputado estadual por Goiás – novamente o mais votado da história, até então. Também ocupou a presidência do Legislativo no período em que governador Mauro Borges foi cassado pela ditadura militar, em 1964.

Em 1965, aos 31 anos, Iris Rezende derrotou Juca Ludovico, ex-governador do Estado, na disputa pela Prefeitura de Goiânia. Uma vitória eleitoral que ficou marcada em Goiás.

Prefeito da Capital, Iris implantou o regime de mutirões – construção de obras com a participação popular –, asfaltou os principais bairros de Goiânia, desapropriou lotes e duplicou a Avenida Anhanguera, construiu a Vila Redenção, a Vila União, a Vila Alvorada, a Vila Canaã e o Parque Mutirama, entre outras obras. Já no final de seu mandato, em outubro de 1969, quando o principal nome na disputa pelo governo do Estado, Iris foi cassado pelo regime militar e teve seus direitos políticos suspensos por 10 anos.

Formado em direito pela Universidade Federal de Goiás, UFG, Iris passou a advogar. Fez centenas de juris na Capital e no interior do Estado e aprimorou uma de suas virtudes: a oratória.

Em 1982, com a volta das eleições para governador, Iris venceu a disputa interna no PMDB (contra Henrique Santillo e Mauro Borges) e foi escolhido o candidato de oposição ao governo de Goiás. Na disputa, venceu o ex-governador Otávio Lage de Siqueira com 2/3 dos votos válidos.

Iris governou de 1983 até janeiro de 1986, quando assumiu o Ministério da Agricultura no governo do presidente José Sarney (1985-1990).

No governo, Iris construiu a Vila Mutirão, erguendo mil casas em um único dia. Implantou um grande programa de eletrificação rural no Estado, além de construir 4 mil quilômetros de rodovias – como a GO-020, de Bela Vista a Pires do Rio, e até Catalão; e a GO-118, interligando as principais cidades do nordeste goiano.

No Ministério da Agricultura, Iris Rezende comandou as chamadas super safras, quando mesmo em meio a uma grave crise econômica, o País quebrou o recorde de produção de grãos por dois anos consecutivos.

Em 1990, Iris disputou pela segunda vez o governo de Goiás. Iris venceu a eleição com mais de 57% dos votos válidos. Em 1994, elegeu-se senador da República e ajudou seu companheiro de partido Maguito Vilela a vencer a disputa pelo governo.

Em 2004, Iris candidatou-se a prefeito de Goiânia. Venceu, no segundo turno, o então prefeito Pedro Wilson (PT). Com uma administração com elevada aprovação, Iris foi reeleito em 2008 com 74% dos votos válidos – o maior percentual de votos da história da Capital.

Como prefeito de Goiânia, Iris prometeu e asfaltou todos os bairros da cidade, construiu o maior número de moradias (chegando a 30 mil lotes e casas doadas), construiu 21 parques e cerca de 400 praças, construiu as primeiras 20 escolas de tempo integral e 52 Centros Municipais de Educação Infantil. Em sua gestão que Goiânia foi eleita a Capital com melhor qualidade de vida do Brasil.

Como resultado de tantas obras, em 2016 Iris Rezende disputou e venceu pela quarta vez o comando da prefeitura de Goiânia. Foi vitorioso com mais de 100 mil votos de frente e realiza uma gestão com foco na modernização da Capital.

Dia 25 de agosto de 2020, 11 horas. Foi neste exato momento que Iris Rezende Machado, tomado de emoção, relembrou sua história e seu trabalho e anunciou o fim de sua vida pública. Em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto para prefeito na eleição deste ano, quis fazer o anúncio meses antes para tornar clara a disputa entre os demais postulantes ao cargo. “Decidi fazer esse anúncio com antecedência para aqueles que pretendem se candidatar à minha sucessão possam se colocar na disputa, para que a sociedade fique livre na missão de escolher os seus favoritos”.

Iris anunciou que o sucessor vai encontrar uma gestão em equilíbrio, com capacidade de dar respostas às circunstâncias difíceis, tendo as ferramentas essenciais a fim de que os investimentos possam prosseguir e transformar para melhor a vida de todos. Depois de mais de seis décadas dedicadas a vida pública, Iris disse que sua aposentadoria e afastamento definitivo foram decisões amplamente amadurecidas e tomadas de maneira muito consciente. “São irredutíveis e definitivas. Que ao final da minha vida pública que se aproxima, possamos, juntos, proclamar a mensagem do apóstolo Paulo: ‘Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé’, com as bênçãos de Deus”.

O prefeito reiterou que do dia 25 de agosto até o encerramento de suas responsabilidades públicas, em 1º de janeiro de 2021, vai permanecer focado e trabalhando em dobro para cumprir todos os compromissos fi rmados com a população de Goiânia. “Concluirei as minhas atividades públicas no dia 1º de janeiro de 2021, com a transmissão do cargo de prefeito da Capital ao legítimo vencedor da disputa democrática deste ano”.

Para os céticos de plantão, que relembraram outro anúncio de aposentadoria feito em 2014, Iris disse que teve de reconsiderar porque Goiânia “encontrava-se à beira do precipício, com danosas consequências para a vida dos moradores e dos servidores públicos. Eu carregava um sentimento de culpa por ter renunciado em 2010, com apenas um ano e dois meses no terceiro mandato, com o propósito de disputar o Governo do Estado. Para me redimir perante a sociedade e consertar uma situação que eu próprio havia criado, fomos à disputa em 2016. Vencemos e nos deparamos, no início deste nosso quarto mandato, com uma realidade ainda mais assustadora. Herdamos mais de 1 bilhão de reais em dívidas. O défi cit mensal era de 31 milhões de reais”, lembrou.

Agora, com as contas em dia, recursos garantidos para que a nova gestão trabalhe e com a cidade revitalizada e em ordem, o prefeito dos mutirões se despede, choroso, deixando seu legado de maior político que Goiás já conheceu. Pede apenas o direito à convivência com a esposa Iris, com filhos, netos, amigos. Uma vida com direito ao descanso.

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *