skip to Main Content

Melhorar qualidade de ensino reduz em 25% a criminalidade, diz estudo

Uma boa gestão de ensino permite um aumento de 200% nas taxas de empregos entre os jovens de 22 e 23 anos


Avatar Por Redação Tribuna do Planalto em 16/04/2022 - 14:50

Dhayane Marques 

Um ensino de qualidade pode refletir de forma positiva em uma geração de alunos durante a sua vida escolar, assegurando-lhes uma boa chance de conseguir um emprego, além de reduzir o índice de criminalidade. Essa é a conclusão de um estudo feito pelo Insper, “Um Novo Índice de Qualidade da Educação Básica e seus Efeitos sobre os Homicídios, Educação e Emprego dos Jovens Brasileiros”, que mede quanto cada município contribui para a progressão e o aprendizado dos jovens no seu sistema escolar, inspirado pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). 

O estudo utilizou dados entre 2009 e 2014 fornecidos pelos municípios, como parâmetros de análise de progressão do aprendizado dos jovens no ambiente escolar, entre estudantes de 6 e 7 anos matriculados na educação básica, que ao completarem 17 e 18 anos prestaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Com isso, demonstra que uma boa gestão de ensino permite que a maior parte dos alunos de uma geração continue na escola até o Ensino Médio, sem atraso, e que se sintam motivados para realizar o Enem, impactando, assim, outras áreas. 

Para a administradora e pedagoga, Itla José de Almeida, a escola exerce um papel fundamental na sociedade, todavia a instituição é a responsável por formar o cidadão, mas sem anular a responsabilidade da família que deve educar e “ensinar princípios e valores”. Em 2021, apesar da evolução do aprendizado ainda deixar a desejar, Goiás alcançou o primeiro lugar no ranking do Ideb no Brasil, na avaliação do ensino médio. 

“Quando falamos da educação na redução da criminalidade é essencial o papel da escola, no contexto de explicar o quais os princípios morais e éticos, sobre respeito e cidadania. Quando trazemos essa discussão para dentro da escola você dá condições de suporte para esse aluno”, disse Itla. 

O estudo mostrou que um aumento de um ponto no indicador IDEB-ENEM nos municípios está associado a uma queda de 25% nas taxas de homicídios e óbitos por causas externas; um aumento de 200% nas taxas de empregos entre os jovens; e ampliação de 15% no número de matrículas no Ensino Superior. 

O estudo foi liderado por Naercio Menezes Filho, professor da Cátedra Ruth Cardoso do Insper, e da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), e por Luciano Salomão, aluno de mestrado da FEA-USP. 

Reflexos da pandemia na educação 

Com o avanço da vacinação contra o Coronavírus permitiu que o ensino escolar voltasse para a modalidade presencial, após quase dois anos de aulas online. Aos poucos a rotina acadêmica dos professores e alunos têm voltado ao “normal”, mas segundo Itla José, os efeitos negativos que a pandemia causou na educação devem se apresentar mais à frente. 

“Não é só a falta de estímulo do governo e da escola, é um problema social que atinge as questões emocionais, as pessoas não estavam preparadas para o que aconteceu. Sobre o aspecto emocional a galera está muito fragilizada, esse jovem e adolescente como estão lidando hoje com isso? Às vezes ele recua. Foi o que aconteceu com o aumento das desistências [no Enem], porque é mais fácil desistir do que enfrentar. Isso está relacionado diretamente ao aspecto emocional, se parar e olhar os dias de hoje as escolas, professores, alunos e as famílias estão adoecidas. Teremos mais impacto mais na frente com relação ao Enem? Sim, com toda certeza, não só com o olhar no Enem, porque o Enem é uma areinha dentro de um oceano”, explica a pedagoga. 

Atualmente, o Enem é a principal porta de entrada para o ensino superior do país. Investir em um ensino básico de qualidade acaba motivando esses estudantes a continuar estudando. De acordo com o vice-presidente nacional da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Marcelo Ferreira da Costa, se comparar os últimos 32 anos, os avanços na educação têm sido positivos. 

“É incrível como essa geração que estamos formando é uma geração que se preocupa e cuida do meio ambiente e é uma geração que tem respeito pelo outro. Sem dúvida nenhuma um ensino de qualidade pode reduzir as taxas de violência, porque uma população instruída consegue perceber o valor da vida humana, ela consegue garantir oportunidades para mais pessoas e consegue fazer com que a sociedade olhe para os necessitados de forma muito positiva”, aponta Marcelo. 

Segundo o vice-presidente, a Undime Nacional tem acompanhado os 5.568 municípios do país e visto iniciativas que têm garantido não só educação de qualidade, mas também, contribuído para a formação de cidadãos muito mais conscientes e cooperativos.  

“Nós vivemos em um mundo pós-pandemia que há uma enorme dificuldade para que as pessoas possam, entre si, compartilhar. Possam olhar para o outro, ver a necessidade do próximo”, reforçou Marcelo Costa, que destacou ainda, que a alternativa para enfrentarmos o momento difícil que vivemos é investir em ações de “educação socioemocional”. 

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *