A transição em Goiânia caminha tranquila, mas a equipe do prefeito eleito, Sandro Mabel, ainda não teve acesso a todos os documentos e dados, estima uma dívida de R$ 1 bilhão e um primeiro ano de muita dificuldade.
ANDRÉIA BAHIA – O senhor afirmou que o início do mandato será muito difícil. Se fosse para elencar, quais as principais dificuldades o senhor espera enfrentar ou já está enfrentando?
SANDRO MABEL – Tenho certeza de que teremos muitas dificuldades. Prevemos uma série de problemas neste início de mandato. Mas o principal deles é a saúde. Ainda em Londres, quando fui para um evento do UB, soube da crise na saúde, entendi que era necessário intervir. A saúde está em colapso e, para amenizar a crise, na tentativa de solucionar o problema, comecei minhas articulações para aumentar o número de leitos, de atendimentos, de medicamentos. Em janeiro devemos declarar situação de calamidade para tentar acelerar alguns processos para garantir atendimentos e evitar mortes.
O senhor disse que vai ser necessário fazer ajustes na prefeitura. Quando acredita que poderá dar início a seu plano de governo e quais serão os primeiros projetos desse plano a serem implementados?
Estamos em análise de toda a estrutura. Ainda não foi possível ver tudo, acreditamos que a real situação só depois que assumirmos. É uma estrutura muito grande e dois meses de transição não serão suficientes para acessar tudo. Mas estamos muito animados, dispostos com esse desafio. Os ajustes começarão na estrutura de gestão. Não se faz gestão hoje em Goiânia. Precisamos economizar e melhorar os processos. Temos o projeto de reforma administrativa que vai ajudar muito. Todas as nossas mudanças foram feitas para destravar a máquina. É absurdo termos 40 mil imóveis irregulares. Não é possível que tenhamos ambulâncias sem combustível. Não podemos deixar 9 mil crianças sem creche. Vamos ajustar tudo para termos gestão e economia.
O senhor tem encontrado dificuldades na transição? Há dados e informações que são divergentes daquilo que foi divulgado pela atual gestão? Quais as principais surpresas?
A transição está ocorrendo de maneira tranquila e sem percalços, mas ainda assim não temos acesso a todos os documentos. Nossa equipe de transição tem 26 pessoas que ainda não conseguiram acessar todos os documentos, todos os números. Como eu disse, certamente só teremos acesso a tudo depois que tivermos assumido, mas com o que recebemos já estamos traçando nossas metas e vamos trabalhar muito, pegar no fio desencapado e mudar a realidade implantar gestão para otimizar a administração de Goiânia.
A equipe de transição já tem conhecimento da real situação financeira da prefeitura?
Temos uma ideia. Fala-se de R$ 1 bilhão em dívidas. Esse será um grande problema e estimo um primeiro ano com muita dificuldade. Mas vamos organizar a casa.
A demissão de comissionados já foi tentada por outros prefeitos, que depois voltaram atrás porque são pessoas ligadas a forças políticas. O senhor teve apoio da maioria dos partidos políticos e de políticos. Como fazer essa redução no número de servidores sem contrariar interesses de pessoas e partidos que o apoiaram?
Desde a campanha eu venho falando sobre a necessidade de reorganizar a prefeitura e reduzir custos. Todos os vereadores que me apoiaram têm plena consciência disso. Eu chamei para vir segurar o fio desencapado comigo. Cortes serão necessários. Não me comprometi a manter e o primeiro corte já previsto na reforma é a suspensão dos cargos de superintendentes. Para colocar ordem será preciso gestão e economia e todos que me elegeram sabem disso. Tenho certeza de que todos entenderão porque a prioridade é cuidar de Goiânia
Na opinião do senhor, há possibilidade de o prefeito não ter conhecimento de irregularidades cometidas em seu governo?
Eu acho difícil opinar sobre o trabalho das outras pessoas. Eu sei como eu faço gestão. Eu faço com conhecimento, controle, acompanho de perto. Na minha gestão não tem irregularidade. A cada secretário que eu indico, digo que eu não tolero corrupção. Não é pra fazer e nem pra deixar fazer. É assim que eu trabalho. Na minha gestão não tem como eu não saber porque acompanho de perto. Foi assim na Fieg, é assim com minhas empresas e vai ser assim na prefeitura.