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O arquiteto da desidratação política de Rogério Cruz

Prefeito busca reeleição pelo Solidariedade e com base política fragilizada


Avatar Por Redação Tribuna do Planalto em 27/08/2024 - 11:15

Rogério Cruz, ao lado do secretario de Governo, Jovair Arantes, no ato em que foi nomeado para o cargo (Foto: Divulgação)

Desde que assumiu a Secretaria de Governo da Prefeitura de Goiânia, em janeiro de 2023, o ex-deputado federal Jovair Arantes (Republicanos) pode ser apontado como uma das figuras centrais no processo de desidratação política do prefeito Rogério Cruz (Solidariedade). 

Quando Jovair assumiu o cargo, o prefeito ainda contava com uma base ampla e diversa, que incluía partidos como PP, PDT, PRB, Avante, PMB, PRTB, DC, Mobiliza e o próprio Republicanos, ao qual Jovair é filiado, por ironia ou não. Entretanto, ao longo de 2023, essa coalizão se esfacelou, deixando Rogério Cruz em uma situação politicamente fragilizada. O chefe do executivo, indagado sobre o assunto, procura desconversar. “Minha aliança maior é com o povo”. Palavras…

Um dos momentos mais críticos desse processo ocorreu em abril, quando o Republicanos, partido ao qual Rogério Cruz estava filiado, comunicou que não apoiaria sua reeleição. Esse golpe, vindo do partido de Jovair Arantes, colocou o prefeito em uma posição delicada, obrigando-o a buscar refúgio no Solidariedade, presidido por outro braço direito de Rogério: Denes Pereira, ex-secretário de Infraestrutura, que deixou o cargo após duas operações da Polícia Civil que mirou irregularidades no órgão que comandava. O Solidariedade, entretanto, foi o partido que o acolheu na reta final da janela partidária.

A ironia desse movimento é evidente: o principal articulador político da gestão, Jovair Arantes, pertence ao partido que contribuiu para a maior crise de sustentação da base governista. Desde então, a situação só se agravou.

Partidos que compunham a base de apoio de Rogério Cruz começaram a migrar em direção ao empresário e ex-deputado federal Sandro Mabel (União Brasil), que se tornou o principal adversário na corrida pela Prefeitura de Goiânia. Mabel conseguiu reunir em torno de si o apoio de partidos que antes estavam ao lado de Rogério, como o Republicanos, Avante, PRB e a cúpula estadual do PP que hoje vive uma disputa interna mas nunca cogitou a reeleição a Rogério Cruz, por mais que a Família Baldy pudesse desconversar sobre o assunto.

Até mesmo o PMB, um partido nanico, trocou o apoio a Rogério Cruz pela aliança com a deputada federal Adriana Accorsi (PT).  Com essa debandada, restaram ao prefeito apenas o PDT, Mobiliza, PRTB, DC e o Solidariedade, onde se filiou para tentar salvar seu projeto de reeleição.

A perda de apoio substancial pode ser atribuída, em grande parte, à articulação política conduzida por Jovair Arantes. Seu papel como secretário de Governo deveria ser o de consolidar e expandir a base do prefeito, mas o que se viu foi o contrário: um enfraquecimento progressivo que comprometeu seriamente as chances de Rogério Cruz na disputa pela reeleição.

A habilidade política de Jovair, conhecida por ser afiada, acabou servindo mais aos interesses de partidos contrários do que à sustentação do projeto político de Rogério Cruz. Não há o que duvidar da capacidade de Arantes: ex-vice-prefeito de Goiânia e deputado federal por cinco mandatos, conduzindo inclusive, um delicado processo de impeachment.

Ainda assim, Jovair Arantes emerge como um dos principais responsáveis pelo processo de desidratação política que pode acabar por sepultar as ambições eleitorais de Rogério Cruz em 2024.

 

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