Skip to content

“O PSDB tem algumas pessoas que são simpatizantes do bolsonarismo”

Ex-presidente do Cidadania diz que candidatura de Vanderlan Cardoso deve ser mantida porque divide votos dos adversários do PT


Andréia Bahia Por Andréia Bahia em 19/05/2024 - 02:24

Gilvane Felipe, historiador e futuro superintendente do Iphan Goiás
Gilvane Felipe, historiador e futuro superintendente do Iphan Goiás
 O ex-presidente do Cidadania explica, nesta entrevista, o que renunciou ao cargo porque o partido perdeu sua auto￾nomia dentro daa Santiago deixava claro que as decisões eram do PSDB, situação que o proprio Cidadnia endossava, rela￾tou. Na campanha de Adriana Accorsi (PT) desde então, Gilvane foi indicado para a Superintendência do Iphan, o que desagradou o PV, partido federado como PT.

TRIBUNA DO PLANALTO – Por que o PT o indicou para um cargo no governo federal?

GILVANE FELIPE – O meu posicionamento e o posicionamento de um grupo de militantes e de filiados do Cidadania em favor do apoio a Adriana Accorsi é uma questão simples: consideramos que há uma situação muito séria em Goiás, de avanço da extrema-direita e desde lá atrás que as pesquisas estão confirmando a cada rodada, e, lá atrás, nós defendíamos uma união do que poderíamos chamar do centro, centro-esquerda e esquerda para que tivéssemos chances de vitória nas eleições deste ano. A nossa luta foi essa, dentro da federação e fora, conversando com as pessoas, tentando convencer. Quando essa possibilidade se exauriu, ficou difícil porque eu era o presidente do Cidadania, que está amarrado a uma federação por força de lei até 2026. Não tinha como o Cidadania ter um posicionamento enquanto partido isolado, porque a federação faz com que os partidos federados funcionem como um só durante as eleições. Eu me vi engessado e não queria atrapalhar o partido, não queria ser um fator de desunião do Cidadania. Por isso renunciei à presidência estadual do partido, não me desfiliei porque ainda acredito na possibilidade do surgimento e do crescimento de uma sigla de centro-esquerda no país, embora o país esteja muito polarizado hoje, eu creio ainda nessa possibilidade. E creio que se o Cidadania se libera da federação com o PSDB, o que acontecerá a partir de 2026, quem sabe o Cidadania se posicionando bem, pode vir a ser essa sigla.Por que meu nome foi lembrado? Porque desde que me afastei da presidência eu me engajei na pré-campanha Adriana Accorsi, participo hoje da coordenação de campanha, é uma coordenação colegiada, tenho procurado agir e apoiar da melhor e maior maneira possível, colocando toda a minha experiência a serviço, sugestões, propostas e tenho participado também da elaboração do  elenco de propostas que vão compor o plano de governo da futura campanha da Adriana. Fora isso, eu sou historiador, sou mestre em História, e o Iphan é um instituto do patrimônio histórico. Se tem um lugar, que tecnicamente falando, meu nome é bem-vindo, é no Iphan. E olha que não são muitos, não tem muito espaço para historiadores no conjunto da máquina pública nacional. Como se não bastasse essa questão técnica, ainda tem a experiência. Por 12 anos eu fui gestor e participei de gestões de alto nível, fui secretário de estado por duas vezes, de Ciência e Tecnologia no primeiro governo do Marconi Perillo, e de Cultura, e fui presidente do Sebrae por quatro anos. Eu tenho experiência de gestão e estou enquadrado no escopo técnico do órgão. Meu nome  apareceu como uma alternativa politicamente correta, porque é um sinal que a Adriana está dando de que esse discurso de frente ampla não é para inglês ver, não é um discurso apenas para ganhar votos. Ao indicar uma pessoa que não faz parte do PT e nem da federação PT, PV e PCdoB, isso para mim é uma demonstração clara de que há uma flexão política em curso no PT em Goiás; uma compreensão de que é possível e necessário agir de forma mais ampla, de forma a acolher e envolver lideranças muitas vezes ligadas Leandro Antonio Grassa outras siglas.

A indicação foi do partido ou da Adriana Accorsi?

Essas coisas de bastidores é muito difícil de apurar exatamente como é que foi, mas o que pude apurar até agora é que foi uma iniciativa da Adriana apoiada unanimemente pelas lideranças partidárias. Eu tive o apoio dos três deputados estaduais do PT, dos dois deputados federais, do Rubens Otoni e da Adriana, e também dos dois vereadores em Goiânia, de forma que eu não vi nenhuma divergência. Isso me assustou um pouco, pelo histórico que se conhece da esquerda, de muita divergência, muito debate, mas não houve. Eu acho que por causa dessa questão técnica, da experiência e da sintonia política nesse momento. 

O PV parece estar descontente com a indicação, porque acreditava que, por ser o presidente nacional do Iphan, Leandro Grass, do PV,  o partido poderia indicar o superintendente em Goiás. Isso pode criar algum tipo de constrangimento para a campanha da Adriana?

Eu não vi nenhuma articulação nesse sentido e pode ser ignorância minha, porque, no bastidor, as coisas acontecem e nem sempre você fica sabendo. Mas eu não vi nenhuma articulação de peso, significativa, que chegasse aos  meus ouvidos, propondo um nome do PV. Eu estive com o presidente nacional do Iphan, que foi candidato a governador no Distrito Federal e é filiado ao PV, tivemos uma excelente conversa, ao final da qual ele anunciou que eu seria o próximo superintendente do Iphan. Ele não comentou nada comigo sobre  pretensões do partido dele.

Em relação ao Cidadania, há algum descontentamento por parte do partido com essa indicação; você pensa em deixar o Cidadania ou acha que o partido pode exigir que se desfile?

Eu não creio. Tenho uma longa história no Cidadania e no PPS; fui candidato a prefeito em 2008 pelo PPS, e não quero me desfiliar. O Cidadania tem uma tradição democrática e não creio que viriam me pedir para desfiliar; claro que, se pedissem, eu me desfilaria. A gente não fica onde as pessoas não nos querem, mas eu não vejo nenhuma sinalização disso; pelo contrário, vejo uma preocupação muito grande da militância do Cidadania em Goiana e no interior com os desgastes advindos dessa federação nacional com o PSDB.

A decisão de deixar seu grupo porque não conseguiu convencer os demais não pode ser considerada antidemocrática?

Não, nem tudo na política vai a voto. As suas convicções, aquilo que acredita piamente, você não vai submeter a voto. Se você acredita na liberdade de expressão, vai submeter a um grupo se a liberdade de expressão é o caso ou não? Não tem isso. Para mim – e eu notei que tinha uma dificuldade do pessoal entender isso – a prioridade era tirar Goiânia e Goiás das garras da extrema-direita. Isso pra mim e para muita gente dentro do Cidadania era uma prioridade que, infelizmente, não foi entendida por outros membros da federação.

Você acredita que a federação com o PSDB vai terminar em 2026, mas há conversas em andamento sobre a expansão dela com o Solidariedade. Na sua opinião, qual é a tendência, acabar ou ampliar?

Uma coisa é a vontade do PSDB e a vontade do PSDB é continuar; claro, ele está reinando. A própria ex-presidente municipal do PSDB (Aava Santiago) diz que a última palavra é do PSDB; ela fala isso abertamente, sem nenhuma sutileza. Porque a sutileza seria de regra, ‘vamos discutir com nossos aliados ‘. Não, ‘a decisão é nossa e o que o PSDB decidir vai ser isso e pronto’.  Ela deu várias declarações falando isso. Eu creio que, naquele momento em que a federação foi feita, ela foi necessária porque havia uma ameaça do Cidadania e quem sabe até do PSDB de não atingir  a cláusula de barreira e perder inclusive o registo; o partido deixar de existir. O problema é que a lei aprovou que a federação dura no mínimo quatro anos; vai vencer em abril de 2026. Só que a federação funciona mesmo, porque a federação não é uma fusão de partido, durante as eleições; e essa é a última eleição no período de quatro anos. No dia seguinte dessas eleições de 2024, já teremos, entre Cidadania e PSDB, uma uma situação que, se comparado a um casal, de separação de corpos; o divórcio só vai sair em abril de 2026, mas a separação já vai se dar agora. Porque dentro do Cidadania eu noto uma efervescência, uma discussão muito grande sobre o perigo dessa extrema-direita que assola o país. O partido e a sua militância não estão isentos ou neutros em relação a essa questão; não estão omissos, apenas não podem se manifestar muito porque estão amarrados na federação. Mas uma vez superado isso, acho que o posicionamento do Cidadania vai ser bem diferente; e não acredito na ampliação da federação, não vejo clima dentro do Cidadania para ser votado e aprovado uma continuidade da federação. Eu entendo, diplomaticamente, que se ainda está amarrado, para que ficar dando declaração contra? Deixa o pessoal falar, mas não tem nem meia declaração do Cidadania essas reportagens, tem do Solidariedade e do PSDB; o Cidadania não fala, não se posiciona, porque essa realmente é uma questão muito quente, muito controversa dentro do partido no Brasil inteiro.

Como viu a saída do Roberto Freire da presidência do partido?

Roberto é uma liderança muito expressiva e que eu respeito muito, nos apoiou muito aqui, inclusive lá atrás, na nossa candidatura a prefeito. Ele acabou pagando o preço, às vezes até injusto, por esse desgaste da federação. Os estados ficaram muito descontentes, porque o PSDB atropela o Cidadania,, não leva em conta, não escuta, e aí o pessoal se revolta e não tem como sair. É uma situação muito ruim, muito desgastante.

Houve um momento em que a direção nacional do Cidadania desautorizou conversas com o PT? 

Foi mais ou menos isso. Eu os procurei e isso foi a gota d’água que me fez sair. Eles falaram: olha, não tem jeito; aí em Goiás a maioria é do PSDB e quem vai decidir é o PSDB. No dia que eles falaram isso, eu apresentei a renúncia. Eu não ia ficar trombando, inclusive com companheiros do PSDB, muitos deles, meus amigos pessoais, não tinha motivo para eu continuar uma luta desgastante dentro da federação, sendo que ao final, o desfecho legal imposto pela legalidade seria esse.

Foi convidado para se filiar ao PT?

Eu tenho sido, não convidado, mas sondado para me filiar a vários partidos, mas tenho repetido sempre que a minha decisão é continuar no Cidadania. Só se eu não puder é que não vou continuar no Cidadania. Mas até lá eu vou continuar no Cidadania.

O PSDB prega uma alternativa de centro como alternativa à polarização. Por que uma terceira candidatura não é viável em sua opinião?

Hoje, não. Eu acho que hoje o que é viável é a formação de uma frente ampla que inclua centro, centro-esquerda e esquerda para enfrentar a extrema-direita. Apostar no isolacionismo de uma candidatura do centro não tem futuro. Você vai ver o resultado aqui em Goiás. Eu estou evitando discutir esse assunto porque eu quero ver o resultado das eleições; na hora que abrirem as urnas, vai ficar claro que a nossa análise estava correta e quem achava o contrário estava errado. Sair nesse momento com a candidatura isolada, eu não estou entrando no mérito do candidato, não se trata disso. Às vezes a pessoa que está pleiteando ser candidata acha que o que estou falando tem a ver com a candidatura dele; não tem. Podia ser qualquer pessoa que não tem espaço para uma candidatura hoje. Está provado: quem está na frente das pesquisas até agora? O governo Ronaldo Caiado, toda essa avaliação que eles ficam cantando em verso e prosa, lançou um ex- deputado federal (Sandro Mabel) uma pessoa que tem uma máquina pesada na mão, que é a Fieg, e quem está na frente? Adriana e Gustavo Gayer. Não é invenção da minha cabeça ou de quem quer que seja, há na sociedade um sentimento, uma situação política que ainda é de polarização, e as organizações de centro, centro-esquerda e até de centro-direita deviam refletir sobre esse assunto e construir uma aliança. Eu defendia que a federação indicasse a vice na chapa da Adriana e continuo achando que essa não só seria, como é a melhor alternativa para a federação. E não estou dando essa opinião contra o nome A ou B, o vice pode até ser o nome colocado (Matheus Ribeiro). Mas não vejo espaço político para o crescimento de uma candidatura como essa.

A possibilidade de a federação apoiar Adriana ainda existe ou já se esgotaram todas?

Eu faço parte da coordenação da pré-campanha da Adriana, e da parte da campanha da Adriana e da própria candidata há. Não saberia dizer se da parte da federação, porque quando me afastei da presidência, me afastei também do convívio com os companheiros da federação. Eu espero que sim. 

A aliança com Vanderlan Cardoso ainda é uma possibilidade no primeiro turno?

Vanderlan foi buscado, mas hoje a candidatura dele, na minha opinião, está consolidada.E é uma opinião só minha, acho que hoje a candidatura dele é melhor deixar como está para nós. Se Gilvane Felipe fosse perguntado, eu não iria mais atrás de tentar retirar a candidatura dele, é importante ele manter a candidatura para inclusive dividir os votos do lado de lá. Aquela articulação inicial de tentar trazer, foi importante, só que ali ficou meio mostrado que não tinha muito futuro.

Você tem diálogo com Marconi Perillo a respeito disso e essa decisão passa por ele?

Eu tenho uma relação pessoal muito antiga com o Marconi. Nós nos conhecemos, fomos contemporâneos de faculdade e de movimento estudantil; depois fiz parte de dois governos dele como secretário; fui para o Sebrae com o voto favorável dos representantes do governo; tenho uma relação de amizade, uma relação de respeito e admiração. Claro que nesse debate nós nos distanciamos um pouco, mas no meu aniversário ele me ligou e no aniversário dele eu liguei para ele. Há ainda uma relação pessoal em que nós dois optamos por dar um tempo na política, mas logo eu creio que vamos retomar essa esse debate, que vai ser no segundo turno. Eu estou convencido que a Adriana estará no segundo e um dos principais debates será com o PSDB.

Esse distanciamento se deu depois que você deixou a presidência do Cidadania ou anterior a isso?

Foi no processo mesmo. Marconi nem participou muito desse debate, ficou meio distante, meio que observando. Mas a verdade é que, tirando Marconi dessa discussão, dessa equação, o PSDB tem algumas pessoas que infelizmente são simpatizantes do bolsonarismo, isso não só em Goiás. E isso atrapalha, porque essas pessoas ficam sabotando qualquer aproximação entre o PSDB e a centro-esquerda e esquerda. Ficam jogando sempre na divergência, jogando sempre no acirramento, e algumas dessas pessoas têm peso no PSDB, independentemente do Marconi. O Marconi tem uma tradição política democrática, vem em santillismo, que não tem nada a ver com essa extrema-direita raivosa.

O PSDB tende a se posicionar mais à direita e o Cidadania à esquerda?

O Cidadania, sim. O PSDB, apesar de todos os esforços empreendidos pelo pelo ex- governador Marconi Perillo, pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, tem sido no sentido de construir uma identidade para o PSDB. Eu não sei se isso vai ser possível. De toda forma, as eleições deste ano vão dar um veredito nacional. A partir daí  o PSDB vai decidir sua história e seu caminho..

Você afirmou recentemente que a vitória de Adriana Accorsi poderia favorecer Marconi Perillo em 2026. De que maneira isso poderia acontecer?

Isso foi no debate, no decorrer do qual eu tentava convencer os companheiros da federação de que a aliança do centro, centro-esquerda e esquerda com Adriana candidata a prefeita e nós indicando o candidato a vice, na minha opinião, a vitória da Adriana quebraria e quebrará a hegemonia caiadista-bolsonarista em Goiás. Goiânia é uma capital que tem repercussão política, os resultados aqui acabam tendo repercussão política no estado inteiro, acabam irradiando. De forma que, quebrada essa hegemonia, bagunça a aliança do lado de lá, você joga a confusão no campo do inimigo. Ao criar essa situação, uma possível candidatura de Marconi em 2026 voltaria à pauta do dia; numa aliança como essa, o PSDB e o Cidadania elegeriam vereadores de Goiânia; se a Adriana vence, eles certamente ocupariam espaços na administração pública, o que é natural, porque, na democracia, quem ajuda a vencer participa da gestão. É assim, na França, na Noruega e em todo lugar. Um dos maiores beneficiários de uma possível vitória de Adriana a prefeita de Goiânia seria Marconi Perillo, que tentaram matar, isolar, e enterrar. Eu não digo que ele venceria, seria arriscar um palpite com muita antecedência, mas o nome dele voltaria com força. E tem mais, com uma aproximação com a esquerda, ele poderia não só se tornar viável, como inclusive atrair aliados, o que hoje está difícil. Nós estávamos isolados. Um candidato como Marconi, que foi governador por quatro vezes, foi senador, uma liderança respeitadíssima, teve mais de 600 mil votos, quantos partidos procuraram o PSDB para fazer aliança? Quantos partidos estão com eles agora? Nenhum.  O nome disso é isolamento; quando se tem capital político, que tudo que mais vale na política é voto, tem uma liderança, tem 600 mil votos, e não tem ninguém na política interessado em se aproximar dessa pessoa. Eles acharam ruim quando falei que estávamos isolados. Eu sinto muito, apenas dei o nome certo para a questão. Para romper esse isolamento, tínhamos que fazer uma política corajosa, não preconceituosa com aliança, romper com esse preconceito entre PSDB e PT, não entrar no jogo da extrema-direita. Construir essa aliança, vencer, construir um novo cenário para 2026 e acabar essa euforia dos caiados-bolsonaristas, já discutindo como se 2026 estivesse certo. Eles já estão brigando para saber quem vai ocupar a segunda vaga do Senado. Isso é um absurdo. A oposição democrática não pode se dobrar a isso e ela tem condições de se articular e de respirar. Infelizmente, não foi possível fazer isso. Quem sabe no segundo turno seja.

Mas não seria entrar na polarização? 

Eu acho que é entrar na polarização. É ter na mão um quadro político concreto que, se não fizer alianças, vai ser derrotado, independentemente de polarização ou não. Isso a gente sempre fez em todas as eleições. Antes de  Bolsonaro aparecer se fazia também. O que leva opartido a avaliar se precisa ou não de alianças? É uma situação de análise concreta, pesquisas eleitorais, sua chave de vereadores, como é que está o conjunto de lideranças quantos feriados tem. É esse conjunto de fatores que se analisa e que te fala o seguinte: você não tem força para sair sozinho e a melhor estratégia é buscar aliados. No caso, a melhor estratégia para a federação seria apostar nessa aliança com a Adriana. A federação ganharia, a Adriana ganharia e a democracia em Goiás ganharia. Está muito difícil, não está tendo espaço. O adesismo virou uma norma política, porque se hoje você for oposição pode ser isolado nos municípios, está difícil construir até chapa de oposição. Isso daria um gás, um oxigênio para a oposição e essa era a defesa que nós fazíamos.

Qual o cálculo que a campanha faz da participação do Lula, considerando que Goiânia e Goiás são predominantemente bolsonaristas?

É predominantemente. Não quer dizer é que tem apenas esse tipo de opinião. Lula teve 36% dos votos em Goiânia, é um manancial eleitoral muito grande, muito importante para a candidata a prefeita. Se se consegue mobilizar metade desse manancial eleitoral, a nossa candidata pode chegar a 20%; com 20% qualquer dos candidatos está no segundo turno. O nome da Adriana é mais amplo do que qualquer sigla, as pessoas gostam dela, ela tem aquele carisma do candidato majoritário, as pessoas querem encostar nela, abraçar ela. Independentemente de qualquer desgaste, de qualquer sentimento antipetista ou antiesquerda ou coisa que o valha, o nome da Adriana é muito bem colocado na pesquisa, mostra vigor eleitoral, mostra musculatura. Hoje estamos tentando ampliar a base de apoio para que a gente construa essa vitória, o que não é fácil, haja vista essa hegemonia cariadista-bolsonarista. A maioria dos partidos foi cooptada pelo caiadismo. Tem até partidos como o PSB, que tem a vice-presidência, e muitos do PSB vivem em torno dessa articulação governista.