O presidente Jair Bolsonaro e a Petrobras disseram na segunda-feira que a petroleira não planeja aumentar de imediato os preços dos combustíveis em resposta ao ataque a instalações de petróleo da Arábia Saudita, indicando que a estatal pode afrouxar temporariamente as regras de preços de mercado.
Em entrevista à TV Record, Bolsonaro disse que foi informado pelo presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, que apesar de os preços dos combustíveis estabelecidos pela empresa seguirem os valores internacionais, a recente alta do petróleo é “atípica”.
“Conversei agora há pouco com o presidente da Petrobras, Castello Branco. Ele me disse que como é algo atípico e, a princípio, tem um fim pra acabar, ele não dever mexer no preço de combustível”, disse Bolsonaro.
Pouco após a divulgação da entrevista de Bolsonaro, a Petrobras divulgou um comunicado informando que não irá ajustar os preços dos combustíveis por ora, mas que observará as condições de mercado nos próximos dias e tomará uma decisão sobre preços no momento adequado.
“A Petrobras decidiu por acompanhar a variação do mercado nos próximos dias e não fazer um ajuste de forma imediata. A empresa seguirá acompanhando o mercado e decidirá oportunamente sobre os próximos ajustes nos preços”, disse a estatal, ressaltando que suas práticas hoje não preveem periodicidade definida para os reajustes.
A empresa não respondeu de imediato a um pedido de comentário sobre a conversa entre Bolsonaro e Castello Branco.
No ano passado, ainda sob a gestão do presidente Michel Temer, o governo pressionou a Petrobras a mudar sua política de preços para os combustíveis em resposta a uma greve de caminhoneiros, o que levou o então presidente da empresa, Pedro Parente, a deixar o cargo.
Petróleo saudita
As autoridades sauditas ainda não divulgaram um cronograma específico para a retomada da produção total do país, que é o maior exportador de petróleo do mundo e, geralmente, o fornecedor de última instância.
O ministro da energia saudita, o príncipe Abdulaziz bin Salman, realizará uma entrevista coletiva nesta tarde. “Todos os olhares estarão voltados para a coletiva de imprensa saudita”, disse Samuel Ciszuk, sócio fundador da ELS Analysis, de Estocolmo.
“Precisamos de uma avaliação adequada dos danos, e então precisamos ver um plano de recuperação. Antes disso, não sabemos realmente quanto petróleo ficará fora (do mercado) e por quanto tempo, e essa é a pergunta básica que as pessoas têm feito desde sábado”.
O atentado
Os ataques de drones no sábado (14) provocaram incêndios na unidade saudita de Abqaiq, a maior do mundo dedicada ao processamento de petróleo, e na instalação de Khurais, provocando a redução da produção da petroleira em cerca de 5,7 milhões de barris por dia, o que representa mais de 5% do suprimento global de petróleo. Além do aumento dos preços, os ataques provocaram o temor de uma escalada militar entre Estados Unidos e Irã, acusado por Washington e Riad de responsabilidade pelas ações.
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