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Português e Matemática são os maiores desafios do nivelamento escolar


Avatar Por Redação em 15/09/2021 - 00:00

Foto: Reprodução

Por Fabiola Rodrigues

A educação brasileira tem o grande desafio pela frente de retomar o crescimento dos indicadores de ensino e o nivelamento escolar, que durante a pandemia de Covid-19 apresentaram intensa queda. Em abril deste ano, o Banco Mundial publicou um estudo sobre as defasagens de aprendizagem dos alunos brasileiros durante a pandemia. Antes da pandemia, 50% deles tinham um nível de proficiência abaixo do mínimo, eram incapazes de identificar a ideia geral de um texto, encontrar informações explícitas ou analisar a finalidade daquele material.

Pouco mais de um ano depois, o índice de alunos abaixo do mínimo aumentou para 71%. De acordo com a pesquisa, menos de 30% dos estudantes superam o nível dois de proficiência.

A diretora pedagógica da Secretaria Municipal de Goiânia (SME), Maria Rita, explica que houve defasagem no ensino de forma geral, mas que o distanciamento do aprendizado em Português e Matemática foi maior ainda neste processo.

Segundo ela, o aprofundamento do conhecimento dos outros componentes curriculares depende do conhecimento das duas disciplinas. A apropriação da leitura envolve o conhecimento das demais matérias, porque leitura e interpretação são fundamentais para as outras áreas do conhecimento. “A criança que não lê bem encontra dificuldade de interpretar qualquer questão de outra disciplina”, observa.

Por esse motivo, Maria Rita Língua Portuguesa e Matemática são as matérias que serão mais exploradas durante a recuperação do nivelamento escolar. Elas são fundamentais no processo de ensino.

A retomada das aulas presenciais na Rede de Ensino de Goiânia aconteceu dia 16 de agosto. Uma das grandes preocupações dos gestores da educação municipal é recuperar o tempo em que muitos alunos tiveram pouco acesso ao ensino, e, principalmente, aqueles que não tiveram como acompanhar as aulas remotas.

O nivelamento escolar das turmas acontecerá de forma gradual, é o que conta a diretora pedagógica. “Isso requer uma organização de recuperação de aprendizagem de curto, médio e longo prazo, que são trabalhos. A SME vem projetando de forma processual para que traga resultado aos estudantes, mas isso levará tempo”, pontua.

A rede está investindo na Maratona do Conhecimento, que é uma ação voltada para alunos dos agrupamentos E e I, ou seja, do 5º e 9º ano. A maratona da SME abarca as habilidades do desenvolvimento da Língua Portu­guesa e Matemática, de acordo com os eixos norteadores da avaliação do Sistema de Avaliação da Educação Básica  (Saeb).

A iniciativa tem como objetivo aprofundar a aprendizagem dos alunos nessas duas disciplinas específicas, articular conteúdos de forma alinhada, consolidar conhecimentos básicos a partir do ensino e aprendizagem específico da maratona, entre outros, como aplicar avaliações externas e corrigir e sistematizar os dados obtidos a partir delas.

Serão disponibilizados às instituições materiais de apoio com os eixos de Língua Portuguesa e Matemática com conteúdos, atividades avaliativas em cada módulo e simulados ao final da Maratona. Os estudantes participarão da maratona du­rante as aulas regulares dos componentes de Matemática e Língua Portuguesa e as atividades serão impressas para todos no atendimento presencial e não presencial. O projeto tem previsão de encerramento para o começo de novembro.

Avaliação diagnósticas

A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) aposta em avaliações diagnósticas como meio de descobrir qual a defasagem no ensino, para que assim possa trabalhar, por meio de ações direcionadas, a recuperação de conteúdo com os estudantes.

Segundo a gerente de Educação Infantil e Ensino Fundamental – Anos Iniciais da Seduc, Carla Mendonça, a avaliação da leitura vai fornecer um diagnóstico para que as escolas desenvolvam ações de alfabetização e se preparem para o programa criado pela rede, o  AlfaMais.  Com o projeto, será possível mapear os impactos da suspensão das aulas presenciais durante o auge da pandemia de Covid-19 na aprendizagem das crianças também nos outros componentes curriculares.

“Essa avaliação traz para os municípios um diagnóstico de como essas crianças estão, como elas voltaram das aulas não presenciais, para que assim toda a equipe pedagógica do mu­nicípio desenvolva ações de recuperação e ni­vela­mento escolar”, explica Carla Mendonça.

A rede retomou as aulas presenciais no dia 2 de agosto, com 50% da capacidade escolar, priorizando os estudantes com maiores dificuldades de aprendizado.

“Nível de aprendizagem está variado”

O retorno às aulas presenciais na Rede de Ensino de Aparecida se deu no dia 9 de agosto, de forma escalonada e gradual, comportando 30% da capacidade dos alunos na escola. A superintendente de Ensino da Secretaria Muni­cipal de Educação (SME) de Aparecida de Goiânia, Idelma Oliveira, esclarece que o nível de aprendizagem dos estudantes se encontra bem variado, deixando a turma bastante heterogênea.

Segundo ela, para atender a demanda que se apresenta neste momento de retorno, as unidades de ensino organizaram atividades diagnósticas para identificar o nível de aprendizagem dos estudantes. “Com esse diagnóstico, os professores estão organizando as suas ações educativas a fim de atender as necessidades dos alunos, tanto os que apresentam maiores dificuldades quanto para aqueles com menos dificuldade”, explica.

A SME fará, em outubro deste ano, uma avaliação diagnóstica municipal cujo objetivo será identificar e analisar os níveis de aprendizagem dos estudantes, para realizar um planejamento efetivo de estratégias de intervenção a serem adotadas pela rede.

Aparecida ficou 16 meses com as atividades presenciais suspensas, atendendo exclusivamente em Regime Especial de Aulas Não Presenciais (Reanp). Idelma Oliveira sabe dos desafios do ensino remoto emergencial, desde a dificuldade de conectividade dos estudantes até o esforço dos docentes em garantir o vínculo entre estudantes e escola, por meio das atividades remotas. Mas ela aposta na recuperação do aprendizado por meio das avaliações postas aos estudantes.

A superintendente frisa que a escola não deixou de ser escola mesmo durante a pandemia. As aulas presenciais foram suspensas, mas todo o funcionamento continuou acontecendo de forma remota, on-line, virtual, atendimento presencial às famílias pelas equipes gestoras. Devido a essa forma inédita de ensino neste período, ela reconhece a necessidade de trazer as turmas ao nivelamento.

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