O presidente chinês, Xi Jinping, afirmou neste sábado (17) que está disposto a colaborar com o novo governo dos Estados Unidos, liderado pelo presidente eleito Donald Trump, mesmo em meio a tensões sobre questões como comércio, crimes cibernéticos, Taiwan e a Rússia. A declaração foi feita durante um encontro com o presidente cessante Joe Biden, realizado à margem do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), em Lima, no Peru.
O encontro, o primeiro entre os líderes em sete meses, foi marcado por discussões sobre os desafios bilaterais. Xi destacou que a China busca uma relação “estável, saudável e sustentável” com os EUA. “Estamos prontos para trabalhar com o novo governo americano para manter a comunicação, expandir a cooperação e administrar as diferenças”, afirmou o líder chinês.
Biden, por sua vez, reconheceu que as conversas com Xi ao longo dos anos foram “francas” e “sinceras”, mesmo quando os dois países tiveram desentendimentos. O encontro aconteceu cerca de dois meses antes de Trump assumir o cargo.
Expectativas e desafios com o governo Trump
Donald Trump, que prometeu uma política comercial protecionista sob o slogan “America First”, planeja impor tarifas de até 60% sobre importações chinesas, medida que Pequim rejeita categoricamente. Além disso, o governo do presidente eleito pretende nomear figuras de linha-dura para cargos estratégicos, como o senador Marco Rubio para secretário de Estado e o deputado Mike Waltz para conselheiro de segurança nacional, o que pode endurecer ainda mais as relações sino-americanas.
Biden destacou os esforços de seu governo para reduzir tensões com Pequim, mas apontou preocupações com questões como ataques cibernéticos atribuídos à China e o aumento da pressão chinesa sobre Taiwan. Washington também observa com preocupação o apoio chinês à Rússia em um contexto de conflitos globais.
Expansão chinesa na América Latina
Enquanto isso, Xi Jinping aproveitou sua visita à América Latina para reforçar a presença da China na região. Após chegar ao Peru na última quinta-feira (14), o presidente chinês anunciou a reformulação de um acordo de livre comércio com o país e participou da inauguração do porto de águas profundas de Chancay, uma obra financiada pela China.
Além disso, Xi confirmou sua participação em uma visita de Estado ao Brasil na próxima semana e revelou que a China sediará a cúpula da Apec em 2026. A agenda reforça a estratégia chinesa de estreitar laços comerciais e diplomáticos com a América Latina, uma região rica em minérios, soja e outras commodities estratégicas para o gigante asiático.