Principal desafio de Mabel será não ser refém da Câmara

Certamente, uma das principais prioridades e desafios que o prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel terá diante de si, será equilibrar a relação entre sua gestão e a relação com a Câmara dos Vereadores. A administração atual, sob o comando de Rogério Cruz (Solidariedade), teve uma relação de interdependência profunda com o legislativo, o que, segundo alguns especialistas, configurou uma administração “semi-parlamentarista”.

Cruz, em diversas ocasiões, tornou-se refém das decisões e interesses dos vereadores, criando uma dinâmica em que o Paço Municipal dependia fortemente da aprovação e mediação do legislativo, o que em alguns momentos provocou tensão, paralisia na gestão e até ameaças de impeachment. Um fogo cruzado que certamente, o próximo prefeito deverá evitar.

Esse contexto herdado exige que Mabel se movimente com cautela. Embora tenha conseguido angariar apoios estratégicos durante a campanha, ele precisará de uma nova abordagem para evitar a mesma armadilha e alcançar uma gestão mais autônoma. Especialistas que a coluna ouviu, acreditam que ele deverá encontrar um ponto de equilíbrio entre atender as demandas do legislativo e preservar sua autoridade executiva, o que pode ser crucial para implementar sua agenda de governo de maneira efetiva.

Além disso, a influência marcante da Câmara na administração de Cruz poderá refletir em algumas dificuldades para Mabel ao tentar implementar mudanças estruturais, como a modernização administrativa e a busca pela eficiência fiscal.  O eleito já admite em entrevistas que deverá realizar cortes orçamentários. Ainda há diante de si um pacote de reformas, ainda não definidas, que deverão ser pautadas assim que os próximos trabalhos do legislativo tiverem ínicio.

De fato, a necessidade de aprovar reformas e ajustes administrativos o obrigará a uma articulação constante e estratégica com a Câmara, evitando, no entanto, a dependência vista na gestão anterior.

Mabel diz que com sua experiência frente ao Congresso Nacional, como líder de governo e homem da confiança do ex-presidente da República, Michel Temer (MDB) conseguirá ter a habilidade necessária  para construir consensos que garantam a governabilidade sem comprometer sua autonomia. Ele será testado logo de cara. A experiência de sua gestão será vista como um teste de como a política de Goiânia pode ou não se distanciar do modelo “semi-parlamentarista” que marcou os últimos anos e avançar para uma administração com maior independência do legislativo.