O quadro vacinal no Brasil enfrenta um momento crítico, refletindo uma queda na cobertura vacinal que pode ter impactos severos na saúde pública. Recentemente, observou-se um declínio na adesão a vacinas essenciais, o que pode comprometer o controle de várias doenças, incluindo dengue, sarampo, coqueluche e outras. A pandemia de Covid-19 exacerbou essa situação, com medidas de isolamento que afetaram não apenas a disseminação do coronavírus, mas também o acompanhamento das campanhas de vacinação para outras doenças.
O Boletim InfoGripe da Fiocruz destaca que, até este ano, Goiás registrou 512 hospitalizações e 108 óbitos devido à Covid-19, representando mais de 13% dos casos graves de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 33% dos óbitos relacionados. Em nível nacional, a cobertura vacinal contra a Covid-19 é preocupante: apenas 15,63% da população de Goiás e 21,48% do Brasil completaram o esquema de vacinação bivalente. Essa baixa cobertura contribui para a manutenção do vírus em circulação, mesmo com o fim da emergência em saúde pública.
Sérgio de Andrade Nishioka, infectologista e epidemiologista Consultor da Organização Mundial da Saúde e do Núcleo de Epidemiologia e Vigilância em Saúde da Fiocruz DF, explica que “a Covid-19 continua sendo uma doença grave, especialmente para pessoas idosas e aquelas com comorbidades. A diminuição na cobertura vacinal de outras doenças, aliada à pandemia, aumentou a vulnerabilidade da população.” Ele observa que a pandemia não apenas reduziu o contato social, mas também desencorajou a vacinação contra outras doenças, prejudicando a imunidade coletiva.
Além disso, a cobertura para a vacina contra a gripe em Goiás é de apenas 28,33%, enquanto o recomendado é acima de 90%. Para a Covid-19, o cenário é ainda mais alarmante. A situação é um reflexo de uma tendência mais ampla, onde o sucesso inicial das vacinas contra doenças como poliomielite e sarampo gerou uma falsa sensação de segurança. “O sucesso das vacinas acabou tendo um efeito colateral”, destaca Sérgio, “muitas pessoas passaram a não perceber a importância dessas vacinas, acreditando que as doenças não representavam mais um risco significativo.”
Mesmo após quatro anos do maior surto da doença, a Covid-19 ainda requer seriedade. “A Covid continua sendo uma doença grave, particularmente para pessoas com comorbidades, idosos e aqueles com deficiência imunológica, como pacientes transplantados que tomam imunossupressores e outros medicamentos que diminuem a imunidade”, destaca Nishioka.

Foto: Divulgação|Arquivo pessoal
Vacinação contra dengue
No combate à dengue, as vacinas têm mostrado progresso, mas também enfrentam desafios significativos. A vacina Qdenga, lançada mais recentemente, exige duas doses para proteção eficaz, mas sua distribuição ainda é limitada. Em Goiás, a campanha de vacinação está em andamento, focada principalmente em crianças e adolescentes de 6 a 16 anos. A SES-GO distribuiu 38,7 mil doses novas, mas a adesão tem sido um desafio, com apenas 16 mil das 142 mil pessoas que tomaram a primeira dose retornando para a segunda.
O infectologista e epidemiologista Sérgio de Andrade Nishioka esclarece que “a vacina contra a dengue da Taqueda mostrou-se eficaz para proteger contra dois tipos de dengue, mas ainda não há dados suficientes para avaliar sua eficácia contra os outros dois tipos.” Ele ressalta que “a vacina do Butantan, que está em fase de estudos, pode oferecer uma vantagem por ser de dose única, mas ainda não completou o processo de aprovação para uso em larga escala.”
Apesar das vacinas, o combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e outras doenças, continua essencial. “Enquanto a vacina pode prevenir formas graves da doença, o controle do vetor é fundamental para reduzir a transmissão”, afirma Sérgio. Ele destaca que “a vacina não elimina o vírus da natureza, então medidas de controle do mosquito devem ser mantidas.”
A situação vacinal atual requer uma resposta coordenada e intensiva. A conscientização sobre a importância das vacinas, aliada a políticas públicas eficazes para aumentar a cobertura vacinal e a educação sobre medidas de prevenção, são cruciais para proteger a saúde pública e enfrentar os desafios impostos pelas doenças infecciosas.
Dados Vacinais: - Covid-19: Em Goiás, a cobertura vacinal bivalente é de 15,63%; no Brasil, é de 21,48%. A vacina é essencial para grupos prioritários e para completar esquemas vacinais. - Influenza: A cobertura vacinal para a gripe em Goiás é de 28,33%, e no Brasil, 34,24%. O recomendado pelo Ministério da Saúde é acima de 90%. - Dengue: A vacina Qdenga é aplicada em duas doses e está disponível para crianças e adolescentes de 6 a 16 anos. A vacina do Butantan ainda está em fase experimental.
Dengue: avanços e cuidados
Recentemente, o avanço nas vacinas contra a dengue trouxe novas esperanças, mas o caminho ainda é desafiador. A vacina Qdenga, desenvolvida para proteção contra a dengue, está em uso limitado e requer duas doses para garantir eficácia. A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás está ativamente promovendo a vacinação, com foco na conclusão do esquema vacinal para crianças e adolescentes.
Sérgio de Andrade Nishioka explica que “a vacina Qdenga oferece proteção contra dois tipos principais de dengue, mas a eficácia contra os outros dois tipos ainda está sendo estudada.” Ele observa que “a vacina do Butantan, em fase de estudos, pode oferecer uma solução com dose única, mas ainda não está disponível para uso amplo.”
Além das vacinas, o combate ao mosquito transmissor da dengue continua essencial. “A vacina não elimina o vírus do ambiente, então o controle do mosquito continua sendo uma prioridade”, ressalta. Medidas preventivas como eliminação de criadouros e proteção pessoal são cruciais para a redução da transmissão.
Embora os avanços vacinais sejam promissores, é necessário manter a vigilância e a ação contínua para garantir a eficácia na prevenção e controle da dengue e outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.