Líder do prefeito na Câmara de Goiânia, o vereador Igor Franco afirma que, apesar de contar com a ex-vereadora Sabrina Garcez para fazer a interlocução com os vereadores, é o próprio prefeito Sandro Mabel que vem aparando as arestas com o parlamento goianiense Ele afirma que a base do governo é sólida, hoje composta por 27 vereadores, mas admite insatisfação em relação a demora do prefeito em acatar as indicações de vereadores para cargos na máquina administrativa. Todavia, nada que coloque em risco a governabilidade, afirma. Disposto a disputar uma cadeira na Câmara Federal em 2026, Igor Franco quer ser lembrado como o vereador da assistência social e do esporte, e nega qualquer irregularidade na destinação de emendas ao Instituto Léo Moura, investigado pela CCU.
TRIBUNA DO PLANALTO
Há um comentário recorrente de que a base do prefeito Sandro Mabel ainda não está bem definida na Câmara. O senhor, como líder, tem sentido dificuldade em reunir apoios firmes para os projetos do Paço? O que tem travado essa consolidação?
IGOR FRANCO
Eu entendo que a base está 100% consolidada, hoje contamos com 27 vereadores na base, o que tem garantido total governabilidade ao Paço, dando, sobretudo, garantia de que as boas matérias para o município sejam aprovadas. Não estou com dificuldade de garantia de governabilidade.
Como o senhor vê a relação entre a Câmara Municipal e a Prefeitura de Goiânia atualmente? Os vereadores têm reclamado da resistência de Mabel em abrir espaços mesmo em cargos mais simples como de gestores de unidades de saúde.
Foram definidos, nesta gestão, critérios técnicos para indicações de cargos políticos, tem que passar por entrevista, tem que ter currículo, o que é natural em uma gestão sensata. E o Sandro tem feito isso, e naturalmente causa algum desconforto. Isso faz parte, mas está sendo superado, as nomeações estão acontecendo de acordo com o preenchimento dessas etapas, dessas entrevistas, e de acordo com os critérios técnicos.
Projetos importantes, como o da eleição de diretores escolares e o que aumenta o repasse da Saneago para o município, enfrentaram resistência na tramitação. O que isso revela sobre a articulação política do governo na Câmara?
Eu não vi dificuldade na tramitação desses projetos, não, tanto que foram aprovados de forma célere e já estão pautados nas suas respectivas comissões para poder votar e dar sequência.
A presença da secretária Sabrina Garcez na CCJ para votação da taxa da Saneago foi sinal de fragilidade ou esforço extra para garantir vitórias?
Não, sem sombra de dúvida, ela gosta de estar presente, mesmo porque ela era parlamentar, e ela participou de outras sessões também, que não tinha nem previsão de projetos importantes ou de interesse do Paço. A presença dela como secretária de Governo é para estar cada vez mais próximo o Poder Executivo do Legislativo.
Sabrina tem tido respaldo do prefeito para negociar com a Câmara?
Na realidade, quem faz essas tratativas é diretamente o prefeito. Ele atende os parlamentares e faz as tratativas. A secretária de Governo cuida da execução do que foi tratado.
Sabrina não tem uma relação direta com os vereadores, é o próprio prefeito que tem tratado com os vereadores?
É o próprio prefeito que define essas questões de espaço, autonomia total dele. A Sabrina garante, sim, a governabilidade, ela advoga para os parlamentares, junto comigo, para poder facilitar essa boa relação.
Esse modelo de articulação é diferente das outras gestões, como a do Rogério Cruz, por exemplo, quando o senhor já era vereador?
Na realidade, na gestão do Rogério Cruz, quem cuidava disso era o chefe de Gabinete, José Firmino. O secretário de Governo pouco interferia, cuidava da execução, mas as definições vinham do próprio Firmino.
O senhor alternou momentos de forte defesa e dura oposição ao ex-prefeito Rogério Cruz, tendo inclusive seu irmão à frente de uma pasta estratégica na gestão. O que fez com que o senhor rompesse com ex-prefeito a ponto de apoiar Mabel ainda na campanha?
Na realidade, quando eu entrei na gestão, ele me convidou para fazer parte da base. E quando eu vi que a administração dele estava destoada daquilo que eu entendo que é o correto, coerente, eu saí da base; eu e todo o bloco Vanguarda. Foi exatamente o inverso. Quando nós entendemos que a coisa não andaria de forma correta, nós desembarcamos.
Na última legislatura, o senhor também teve desgastes com o presidente Romário Policarpo, mas o apoiou para a presidência neste terceiro mandato. A relação, hoje, é amistosa? O que mudou na sua percepção em relação a Romário?
Relação de irmão, um grande parceiro, uma pessoa que tem me ajudado muito e dado total suporte para a gestão Sandro Mabel, para a base governista. Policarpo é um grande parceiro, tem ajudado muito essa gestão e tem me ajudado também. Hoje eu o tenho como uma grande referência da política, que tem tido uma boa relação com toda a Câmara, tanto que foi reeleito para o seu quarto mandato em uma eleição unânime.
Numa inauguração de iluminação de LED nesta semana, o Paço deixou de fora da placa os nomes de vereadores do PT, PL e até o presidente da Comissão Mista, Cabo Senna (PRD), o que gerou desconforto nos bastidores. O prefeito já definiu quem é oposição?
Já está muito bem definido isso aí. Oposição é sempre oposição e eles sempre estarão reclamando, isso é direito deles.
Mas como ficam os parlamentares que demonstram apoio a pautas do governo, como o vereador Oséias Varão (PL), que manifestou sintonia em aprovar na Comissão de Educação que preside essa matéria dos diretores?
Isso aí eu vou pedir para fazer a correção. O que for correto e que for melhor para gestão, eu peço naturalmente para fazer a correção e incluir. Ozéias é uma grande referência, um parlamentar muito atuante, muito coerente e sensato.
Na prática, o apoio ao Paço que o senhor afirma que está consolidado é mais pulverizado e pontual, dependendo do tema?
Sob qualquer projeto, a base está 100% consolidada.
Os vereadores, inclusive o senhor, sentem falta de uma escuta mais ativa do Executivo em relação às demandas?
Não. Toda vez que ligo para o Sandro, quando ele não pode atender, ele retorna. Tem uma excelente comunicação com a secretaria de Governo, com os secretários; e os parlamentares, em regra, também estão elogiando essa gestão, no tocante à comunicação.
Os vereadores não estão tendo problema de comunicação com o Paço?
Não chegou nada para mim referente a isso, mesmo porque eu trato dessa interlocução.
Como o senhor tem visto os desgastes do Paço com a Câmara em relação às emendas impositivas? O senhor defende que os vereadores mantenham o poder sobre este recurso?
Sim, a Câmara não tem autonomia, a emenda é impositiva. Agora, tem os critérios técnicos que o Paço, obviamente, impõe; a legislação impõe e nós temos que observar. Isso está sendo observado. As emendas que foram devolvidas tiveram justificativas legais e a Câmara tem total respaldo, inclusive do prefeito, e autonomia para poder formatar e formular um projeto de lei que foi apresentado, e está tramitando na Comissão Mista.
Emendas vetadas ou não executadas de ex-vereadores serão recuperadas? Isso foi alinhado com o Paço?
Não existem emendas perdidas, todas as emendas que foram rejeitadas, elas devem ser redirecionadas.
Devem ser ou isso já está alinhado com o Paço?
É direito do parlamentar. Nós já conversamos com o prefeito e ele se reuniu com todos os parlamentares. Agora, independentemente dessa conversa, elas devem ser redirecionadas. Todas elas.
O senhor destinou parte de suas emendas para um projeto esportivo do ex-jogador Léo Moura e, mais tarde, a Controladoria-Geral da União (CGU) apontou irregularidades no uso de verba federal destinada ao mesmo instituto, que leva o nome do ex-atleta. Como foi a execução deste projeto em Goiânia e se o senhor considera que este tipo de notícia gera reações como esta, do prefeito Sandro Mabel, de endurecer a destinação destes recursos?
Essa questão do Instituto Léo Moura foi pontual, salvo engano no Estado do Amapá no ano de 2022, o que já foi respondido, já está avançado e já está consolidado no Ministério do Esporte. Claro que essas consequências são ruins. O que importa para mim é que o resultado, em Goiânia, foi extremamente positivo, inclusive teve fiscalização bem a fundo, bem de perto do Ministério Público em todos os polos esportivos. Convido todos a conhecer a entrega desse resultado para as crianças que não têm condição e tem ali aula de futebol gratuito, ganha uniforme, meião, chuteira, tudo subsidiado e pago por emenda impositiva.
Quais são, na sua visão, os principais desafios enfrentados pela cidade de Goiânia hoje?
Primeiro, a questão financeira, porque a coisa não está fácil e o prefeito tem se desdobrado para poder fazer uma boa gestão com pouco recursos. Ele tem cortado na carne e a gestão tem andado. Ele já entregou mais de 8 mil novas vagas de Cmei; conseguiu uma grande parte da pavimentação; o Brilha Goiânia, a região Noroeste já está entregue; acabou de resolver aquele problema da Rua 44 com os ambulantes. O prefeito tem feito uma excelente gestão e vai entregar um Goiânia bem diferente do que ele pegou.
A segurança pública é um tema recorrente nas suas redes sociais. Quais são suas principais propostas e ações nessa área?
Primeira coisa é tentar garantir que a nossa Guarda Municipal, que nós mudaremos o nome para Polícia Municipal, consiga ampliar o seu quantitativo de funcionários, exatamente para poder garantir o que foi preconizado para eles, que é o patrimônio do município. As unidades de saúde, por exemplo, precisam ter um guarda municipal para dar segurança tanto para os funcionários administrativos e médicos, bem como para o patrimônio municipal. Essa é uma pauta que eu tenho trabalhado muito e o prefeito tem esse compromisso de melhorar a segurança do município.
O senhor é conhecido por visitar bairros com frequência e acompanhar obras de perto. Como essa prática influencia sua forma de legislar?
Eu tenho a sensibilidade de ouvir a população, entender o que realmente ela precisa e trazer aquela necessidade para o parlamento. Dou como exemplo uma lei que está vigente em Goiânia hoje e garante à gestante o direito de optar pelo parto, se quer parte normal ou cesariana. É uma lei que eu, ouvindo a população, vi a necessidade, fiz o projeto e tornou-se lei.
Como o senhor lida com as críticas que recebe quando vai aos bairros e também nas redes sociais e quais aprendizados tira desse contato direto com os eleitores?
As críticas são naturais, e eu recebo com muita tranquilidade. Aquilo que entendo que precisa ser melhorado, a gente melhora. E aquilo que realmente é uma crítica só para difamar, eu relevo. Faz parte do mandato, faz parte da política, faz parte sobretudo da democracia.
O que ainda falta ser feito até o fim do seu mandato?
Eu quero ampliar todos os projetos sociais. Hoje eu tenho atendido 4,2 mil crianças e adolescentes de 5 a 17 anos de idade no projeto esportivo e 300 atendimentos por mês no projeto equoterapia, que é um projeto da saúde, que oferece terapia com cavalo para crianças com autismo, TDAH, pessoas com deficiência. Quero ampliar para mil atendimentos. Isso é um impacto direto do nosso mandato para chegar na ponta.
Que tipo de legado o senhor gostaria de deixar ao fim do seu mandato como vereador?
Quero que Goiânia saiba que teve um vereador que entregou o maior projeto esportivo do estado de Goiás, bem como o maior projeto de equoterapia. Hoje é um projeto que beneficia famílias, especialmente aquelas carentes, tanto um quanto o outro. Hoje, um laudo, por exemplo, para crianças com autismo, TDAH, custa em torno de R$ 2 mil, o projeto de equoterapia, como tem uma equipe multidisciplinar médica, faz isso para quem está tendo acompanhamento de forma totalmente gratuita. Quero deixar um legado na assistência social e no esporte, como um vereador que realmente fez a Entrega efetiva de resultados.
O senhor vai disputar a eleição de 2026? Quais fatores influenciaram essa decisão?
Sim, porque eu sempre tive o entendimento que é necessário mudar o sistema, e para mudar o sistema é em Brasília e, como deputado federal, farei isso. Eu estou na política cumprindo a missão que Deus tem para minha vida, que é transformar nosso país, transformar nossa nação. E eu, como deputado federal, terei condições de fazer isso..
Mudanças em que sentido?
Por exemplo, essa questão da gestante. Hoje, em qualquer unidade de saúde se vê a dificuldade de uma mãezinha ganhar neném, porque o médico fala que tem que esperar um tempo, seguindo a recomendação do SUS, esse tipo de coisa precisa ser mudado e melhorado.
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