Thiago Queiroz
Após mais de um ano de vem, não vem, Henrique Meirelles abandonou não só a disputa em Goiás, mas também o PSD e decidiu permanecer em São Paulo, onde se filiou ao União Brasil e é cotado para ser vice na chapa de Rodrigo Garcia, agora governador e nome de João Dória e do PSDB para concorrer à reeleição; ou concorrer ao Senado ou a deputado federal. As dúvidas de que poderia não disputar mandato e se ocupar unicamente como colaborador do plano de governo de Dória se evaporaram por ele ter deixado o cargo de secretário da Fazenda e Planejamento do governo paulista.
Tido como o nome mais forte para integrar a chapa do governador Ronaldo Caiado (UB) e de Daniel Vilela (MDB), na vaga de candidato a senador, Meirelles manteve negociações até o último prazo e chegou a anunciar, na terça-feira, desistência e, pouco depois, voltar atrás e só no último prazo, sexta-feira 1º de abril, confirmar que não honraria o compromisso com o PSD em Goiás.
O ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda disputou a Presidência em 2018, pelo MDB, e era novamente cotado por partidos para a disputa. No entanto, Meirelles disse reiteradas vezes, desde que se refiliou ao PSD, em fevereiro de 2021, que seu único projeto era a disputa pelo Senado em Goiás. A articulação da volta foi feita pelo próprio presidente regional do partido em Goiás, Vilmar Rocha, com apoio dos principais nomes goianos, o senador Vanderlan Cardoso, o deputado federal Francisco Júnior e o presidente da Assembleia, Lissauer Vieira. Ele, apesar dos compromissos firmados com essas e outras lideranças de todo o estado, não chegou a transferir seu domicílio eleitoral para Goiás.
As dúvidas quanto à vinda se intensificaram no início deste ano e aumentaram gradativamente após Meirelles adiar sucessivas vezes o desligamento do cargo que ocupava em São Paulo para se dedicar à pré-candidatura em Goiás. O ápice foi no final de janeiro, quando foi divulgada a pesquisa Serpes/Acieg. Para o Senado, o ex-governador Marconi Perillo, que ficou em 5º lugar na eleição de 2018, apareceu na liderança das intenções de voto, com 16,6%, seguido de Meirelles, 11,1%, e Delegado Waldir, 9%. Outros institutos confirmaram os resultados do Serpes. Desde então, cresceu a pressão por uma decisão e foram intensificadas as articulações para convencê-lo a não abandonar o projeto.
Findada a virtual pré-candidatura de Meirelles, e os demais nomes que demonstram interesse já com partidos definidos, o preenchimento da vaga na chapa governista provavelmente se estenderá até as convenções partidárias, que serão realizadas de 20 de julho a 5 de agosto, por nenhum deles ter significativa vantagem sobre os demais.
“A saída de Meirelles volta o jogo para a estaca zero”, analisa o cientista político e sociólogo Lehninger Mota. O fato, observa ele, é que vários fatores o fortaleciam, por estar em um partido de peso, ser um nome nacional e ter sua pré-candidatura já consolidada diante das principais forças políticas do estado. Nos bastidores, havia a informação de que, por isso, o governador Ronaldo Caiado tinha preferência por Meirelles em detrimento a outros que já estão no grupo e se colocam como pré-candidatos ao Senado.
DISPONÍVEIS
Demonstram interesse de estar preferencialmente na chapa de Caiado para concorrer ao Senado nomes como Alexandre Baldy (PP), partido que faz parte do governo; Zacharias Calil e Delegado Waldir, ambos do mesmo partido do governador, o União Brasil; além de João Campos (Republicanos), partido do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, que sinalizou apoio à reeleição do governador; Luiz do Carmo (PSC), que foi suplente de Caiado e quer ir à reeleição.
Outra opção pode ser Lissauer Vieira (PSD), que embora tenha anunciado desistência de se candidatar nas eleições deste ano, por motivos pessoais, concretizou a mudança para o partido e tem sido incentivado a ocupar o lugar deixado por Meirelles. Apoiador de Caiado e candidato ao cargo na última eleição, Wilder Morais desistiu de tentar voltar pela chapa de Caiado ao cargo que ocupou por seis anos e fechou com a pré-candidatura de Vitor Hugo ao governo, sob as bênçãos de Jair Bolsonaro. Ambos se filiaram ao PL do presidente, para garantir palanque a ele em Goiás.
Na oposição, o nome mais consolidado é o de Marconi Perillo, que trabalhava candidatura à Câmara dos Deputados, mas se animou com os números das pesquisas e, incentivado por lideranças de seu partido e de aliados, trabalha prioritariamente para disputar o Senado, embora não descarte possibilidade de concorrer ao governo.