No campo da disputa pelas vagas ao Senado em Goiás em 2026, o jogo começa a ser jogado com um favoritismo evidente. O deputado federal Gustavo Gayer (PL), com forte base digital e apoio robusto no campo conservador, e a primeira-dama Gracinha Caiado (União Brasil), com uma presença constante nas ações sociais do governo estadual, são considerados virtualmente imbatíveis neste momento pré-eleitoral pelo bastidor político.
A força desses dois nomes torna complicada a vida dos próprios aliados na centro-direita. Possíveis postulantes como Alexandre Baldy (PP), ex-deputado federal e liberal milionário, e Gustavo Mendanha (MDB), ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, encontram dificuldades em competir com o apelo e bases, digitais e sociais, construídas por Gayer e Gracinha.
Até mesmo Major Vitor Hugo (PL), ex-deputado federal e atual vereador em Goiânia, enfrenta resistência dentro de seu próprio partido, complicando ainda mais sua possível candidatura. O ex-prefeito de Senador Canedo e já no mandato de senador, Vanderlan Cardoso tem sido aconselhado à disputar o cargo de deputado federal e também não deixa de articular silenciosamente a vaga de vice na chapa caiadista, tamanha a dificuldade enfrentada.
Enquanto isso, do lado da esquerda goiana, o jogo já tem ares de tragédia anunciada daqueles que lembram um Brasil e Alemanha nas semifinais da Copa de 2014. Lideranças locais admitem nos bastidores que as articulações para uma candidatura viável ao Senado só vão ganhar tração a partir do segundo semestre, sob a nova direção estadual do PT, provavelmente liderada pela deputada federal Adriana Accorsi.
Para evitar que no mínimo um desastre aconteça, lideranças do PT confirmam que o Palácio do Planalto terá papel direto nas negociações com outros setores políticos, possivelmente buscando nomes que possam transitar entre diferentes espectros ideológicos. Daí a possibilidade de apoiar até um nome da chamada “direita moderada”.
A meta seria construir uma candidatura única capaz de competir com a ampla vantagem eleitoral que Gayer e Gracinha já parecem consolidar. Contudo, até mesmo o mais otimista petista reconhece que o páreo é praticamente impossível.
Dessa forma, Goiás encaminha para uma eleição ao Senado onde o favoritismo de dois nomes conservadores é evidente e praticamente incontestável. Enquanto isso, o campo progressista luta contra o relógio, na difícil tarefa de encontrar uma candidatura competitiva que possa fazer frente ao cenário eleitoral já desenhado. Resta saber se vão mesmo para as urnas, evitando o W.O e se forem, qual o tamanho da derrota.
Seleção liberal-conservadora
Apenas no PL, três nomes podem ser considerados senatoriáveis: o que encabeça o grupo e é considerado hoje o mais forte está o já citado, Gustavo Gayer. Entretanto, liberais citam o nome do ex-deputado estadual Fred Rodrigues, que hoje é visto como pré-candidato a deputado federal. “Mas pode aparecer no Senado”, cita uma fonte. O vereador Vitor Hugo, também não esconde de ninguém que deseja uma das vagas.
Problema
Vitor Hugo entretanto sofre pressão interna dos próprios colegas. O motivo todos sabem: as fissuras ainda existentes e difíceis de serem estancadas por ter levado Daniel Vilela, visto como adversário do senador Wilder Morais, pré-candidato ao Palácio das Esmeraldas pelo PL, ao encontro do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Traição
O gesto, vale lembrar, foi visto como traição pela ala ligada ao deputado federal Gustavo Gayer que não perdoou Vitor Hugo. Não custa lembrar que dias atrás, o parlamentar convidou que o vereador se retirasse do partido.
Panos quentes
Apesar de ambos os lados afirmarem que buscam o apaziguamento, alguns gestos mostram que as fissuras permanecem existentes. Vitor Hugo intermediou ligação entre Bolsonaro e Mabel, aliado de Caiado e adversário de Fred Rodrigues nas eleições de 2024. Rodrigues, em um programa de rádio na última semana, terminou a entrevista mandando um abraço para Major… Araújo. Presente na conversa, Gayer riu.
Caminhão de nomes
“O PL tem um caminhão de nomes para a disputa do Senado. Veja você que ninguém cita o deputado estadual delegado Eduardo Prado, um nome que pode aparecer em uma eventual composição”, cita uma liderança do partido.
Para todo o gosto
Mas o mundo da direita não se restringe ao PL. Já citado o ex-prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha (MDB) tenta viabilizar seu nome. Alexandre Baldy (PP) ainda não se posicionou, mas fontes indicam que ele deseja testar novamente seu nome em uma candidatura à Casa Alta do Parlamento. Recentemente, quem também ensaiou uma pré-candidatura foi o ex-deputado federal Vilmar Rocha (PSD), como esta coluna adiantou na semana passada.
E a esquerda?
Apesar do senador Jorge Kajuru estar filiado ao PSB, uma legenda de esquerda, sua candidatura à reeleição é uma incógnita. Ele mesmo já ameaçou por algumas vezes que não vai para a reeleição e retornaria ao jornalismo. Entretanto, à este colunista disse que poderia disputar as eleições do ano que vem por outro domicílio eleitoral.
Propostas
Kajuru pontua que teria propostas para disputar a reeleição por São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Salvador e Bahia. Se for para a disputa, poder trocar também de time. Apesar do convite para permanecer no PSB, cita o PP e o Podemos como possíveis destinos.
Sem nome
Na prática, um ano antes do pleito, a centro-esquerda não tem um nome palatável. “Atualmente, nossa prioridade é monitorar e montar chapas fortes para a Câmara dos Deputados e a Alego. O Governo e o Senado ainda não estão na pauta do PT”, afirma uma liderança à coluna.
Novo caminho
Palacianos comemoram o desempenho do governador Ronaldo Caiado (UB) nas últimas pesquisas de intenção de voto, especialmente após a Genial-Quest. Em um dos cenários do levantamento, o chefe do executivo reduziu em dez pontos percentuais em relação a Lula, numa disputa ao segundo turno. A avaliação do próprio governador é de que os números mostram que a população “busca um novo caminho”.
PERGUNTA PARA LUCAS KITÃO:
Ano passado você chamou o Vanderlan para as prévias no PSD e depois acabou saindo do partido antes da disputa eleitoral. Como está sua relação com ele hoje?
Pessoalmente eu nunca tive problema com ele. Foi uma disputa política. Infelizmente, eu não tive espaço no PSD e por isso acabei saindo do partido. Mas devo reconhecer que o senador tem ajudado a gestão do prefeito Sandro Mabel com maquinários e emendas. Até por isso, temos um relacionamento respeitoso e pacífico.