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Tarifas dos EUA impactam agronegócio brasileiro


Dhayane Marques Por Dhayane Marques em 06/04/2025 - 17:35

Tarifas dos EUA impactam mercado brasileiro

As novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos afetam diretamente o agronegócio brasileiro. A decisão de Donald Trump de sobretaxar importações atinge produtos estratégicos e pode redistribuir o fluxo global de mercadorias. O Brasil foi taxado em 10%, uma alíquota menor que a imposta à China e à União Europeia, mas setores como café, carnes e produtos florestais já sentem os impactos dessa nova política comercial.

O café, cujo principal comprador são os Estados Unidos, lidera as exportações brasileiras do setor para o mercado norte-americano. Em 2024, o volume exportado atingiu 471,53 mil toneladas, gerando receita de US$ 2,07 bilhões. As tarifas podem reduzir a competitividade do café brasileiro e pressionar os preços internacionais. O setor de carnes, que embarcou 248,5 mil toneladas e faturou US$ 1,4 bilhão no último ano, também pode ser afetado. Com o encarecimento do comércio com os EUA, o Brasil pode buscar alternativas, como fortalecer exportações para a China e outros parceiros.

Além das carnes e do café, a celulose e demais produtos florestais também enfrentam desafios. Em 2024, o setor representou 30,88% da receita agroexportadora com os EUA, totalizando US$ 3,73 bilhões. As mudanças nas regras comerciais impostas por Trump podem alterar a dinâmica do comércio internacional e redistribuir mercados, favorecendo concorrentes e exigindo novas estratégias de exportação do Brasil.

Setor do café avalia impactos

O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) avalia os impactos das tarifas e mantém diálogo com a Associação Nacional do Café dos Estados Unidos para entender as possíveis mudanças no mercado. As exportações de café solúvel e torrado podem ser mais afetadas, já que representam fatias menores do comércio.

Demanda chinesa pode elevar preços

Com a retaliação da China aos produtos agropecuários dos EUA, a demanda por carne, soja e milho brasileiros pode crescer. Esse movimento tende a elevar os preços internos dos alimentos, impactando diretamente o consumidor brasileiro.

Reflexo no mercado global

O aumento das tarifas americanas sobre produtos agrícolas gera preocupação nos mercados globais. Preços de commodities como cacau, café e açúcar já sofrem queda, refletindo incertezas e ajustes na demanda internacional.

Antibióticos na carne

A suinocultura brasileira é responsável por uma média alarmante de 358 mg de antibióticos por quilo de carne, o dobro da média global, segundo estudo da USP. Esse uso excessivo de medicamentos na produção animal contribui para o crescente problema da resistência antimicrobiana, colocando em risco a saúde pública mundial. No Brasil, gigantes do setor como BRF, JBS e Aurora ainda permitem o uso indiscriminado desses fármacos, que são frequentemente administrados para promover o crescimento ou prevenir doenças, e não apenas para tratar infecções. A resistência antimicrobiana é responsável por milhões de mortes anuais, e o país ocupa o segundo lugar no ranking global de consumo de antibióticos na pecuária. Felizmente, surgem iniciativas como a da VPJ Alimentos, que adotou a prática de restringir o uso de antibióticos apenas para tratamento terapêutico. A pressão por uma produção mais ética e segura é crescente.

Fertilizantes em queda

As entregas de fertilizantes no Brasil totalizaram 3,69 milhões de toneladas em janeiro de 2025, queda de 0,1% ante o mesmo mês do ano passado, segundo a ANDA. Mato Grosso liderou, com 27,8% do volume nacional. Já a produção interna cresceu 21,8%, atingindo 647 mil toneladas. As importações avançaram 2,5%, somando três milhões de toneladas, com destaque para o porto de Paranaguá, que movimentou 718 mil toneladas, queda de 6,3%. O cenário reflete ajustes na demanda e desafios logísticos do setor.

Hortaliças oscilam

O mercado de hortaliças registrou fortes variações em fevereiro, conforme análise do Ifag baseada no 3º Boletim Hortigranjeiro da Conab. Alface e tomate puxaram a alta, com reajustes de 24,94% e 19,69%, respectivamente. Já a cenoura foi na contramão, com queda de 8,01%. Em Goiás, os preços seguiram tendências distintas: alface, cebola e tomate valorizaram, enquanto batata e cenoura recuaram. O cenário nacional aponta instabilidade na oferta, agravada pelas chuvas em áreas produtoras. A comercialização nas Ceasas sofreu retração nos dois primeiros meses do ano, impactando o escoamento da produção.

Frutas voláteis

O setor de frutas também apresentou instabilidade, com destaque para a alta da melancia (41,39%) e do mamão (24,62%) em Goiás. Já a maçã teve queda expressiva de 14,01%, puxada pela colheita da variedade gala, que ampliou a oferta nas Centrais de Abastecimento. A banana recuou 5,14% e a laranja, 6,65%. Apesar da boa qualidade da safra, a maçã sofreu com a estratégia de estocagem adotada por classificadoras, que visam conter a desvalorização. A movimentação nos preços reflete tanto o comportamento climático quanto decisões comerciais do setor, que busca equilíbrio entre oferta e demanda.

Doce tradição

Receitas que atravessam gerações ganham espaço no mercado. Ilza de Carvalho, produtora rural de São Miguel do Passa Quatro, transformou os doces da família em um negócio promissor. Com o apoio do Senar Goiás, profissionalizou a produção e ampliou suas vendas. O sucesso veio com reconhecimento: no Festival de Receitas do Campo, sua cocada conquistou o primeiro lugar. Agora, a produtora se prepara para expandir, sonhando com uma agroindústria familiar que leve o sabor do interior para todo o Brasil.

Sucesso rural

A tradição dos doces caseiros se fortalece no campo com capacitação e empreendedorismo. Ilza de Carvalho e sua filha, Leza, provaram isso ao vencerem o Festival de Receitas do Campo do Senar Goiás. A cocada premiada mantém a essência da receita familiar, com leite fresco e coco no fogão a lenha. Com a Assistência Técnica e Gerencial do Senar, Ilza já planeja formalizar a produção e ampliar o mercado. O próximo passo? Levar o sabor de sua fazenda para além das fronteiras de Goiás.

Sistema Faeg/Senar/Ifag

 

AgroVem 2025

Goiânia será palco da maior feira agropecuária do Centro-Oeste. A AgroVem 2025, agora marcada para 16 a 20 de junho, traz novidades para produtores e investidores. Com espaço ampliado e infraestrutura moderna, o evento terá exposição de maquinário, palestras e networking estratégico. Destaque para o espaço “Do Campo pra Mesa”, valorizando pequenos produtores. Com Zezé Di Camargo como embaixador, a feira promete unir tradição e inovação, consolidando Goiás como referência no agronegócio.

Inovação no campo

A AgroVem 2025 chega com tecnologia e oportunidades para o setor. Em uma área de 400 mil m², a feira terá demonstrações ao vivo de equipamentos, lançamentos de produtos e debates sobre o futuro do agro. Para facilitar negócios, contará com heliponto e rádio oficial. A iniciativa da Associação Goiana dos Criadores de Zebu reforça o papel de Goiás no cenário agropecuário nacional. Com forte conexão entre campo e cidade, o evento será essencial para quem busca inovação e crescimento no setor.

Dhayane Marques

Dhayane Marques é jornalista formada pela PUC-GO. Atualmente é Diretora de Programas da TV Pai Eterno e repórter no jornal Tribuna do Planalto e Tribuna de Anápolis, nas editorias de cidades, educação, economia, agro, diversão e arte.

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