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Data chama atenção para o enfrentamento ao trabalho escravo no Brasil

Goiás figura em primeiro lugar entre os Estados onde ocorreram os maiores resgates no ano passado, com 739 no total


Avatar Por Redação Tribuna do Planalto em 26/01/2024 - 12:30

Goiás lidera o ranking dos Estados com o maior número de trabalhadores resgatados (Fotos: Comunicação Social do TRT-18)

O dia 28 de janeiro é lembrado no Brasil como o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. A data, instituída pela Lei 12.064/2009, homenageia quatro trabalhadores do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) assassinados em 2004 durante uma fiscalização do trabalho em fazendas da região de Unaí (MG) e chama a atenção da sociedade para o problema do trabalho escravo no país, objetivando ainda mobilizar a sociedade e o poder público para o enfrentamento e a erradicação dessa prática.

Passados 20 anos da chacina de Unaí, o trabalho em condições semelhantes à escravidão ainda persiste em nosso país apesar dos esforços concentrados de vários órgãos, a exemplo do MTE, do Ministério Público do Trabalho, da Justiça do Trabalho e da Polícia Federal, para combatê-lo, punir os autores e resgatar a dignidade das vítimas.

No último dia 10, o MTE divulgou números referentes ao trabalho escravo no ano de 2023 no Brasil. O órgão resgatou, no ano passado, um total de 3.190 trabalhadores encontrados em condições análogas à escravidão. O ministério informou ter fiscalizado, no período, 598 estabelecimentos urbanos e rurais no país.

O trabalho dos auditores fiscais do MTE possibilitou o pagamento de R$ 12,8 milhões em verbas salariais e rescisórias aos trabalhadores resgatados. Goiás figura em primeiro lugar entre os Estados onde ocorreram os maiores resgates, 739 no total. Na segunda e na terceira posições aparecem, respectivamente, Minas Gerais e São Paulo.

Dados extraídos do SmartLab – Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas – revelam que, no período de 1995 a 2022, foram encontrados 60.251 trabalhadores em condições análogas à escravidão no país. Nesse mesmo período, 4.680 pessoas foram resgatadas de situações semelhantes ao trabalho escravo em Goiás.

O SmartLab é uma plataforma que surgiu da iniciativa conjunta do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da OIT (Organização Internacional do Trabalho) no Brasil. Essa ferramenta tem fortalecido a cooperação com organizações governamentais, não-governamentais e internacionais e servido ainda de base de dados para pesquisas sobre temas como trabalho análogo à escravidão, acidentes de trabalho e trabalho infantil.

Trabalho conjunto
O Ministério Público do Trabalho em Goiás integra o Grupo Interinstitucional de Fiscalização Móvel, que tem reunido as condições, competências e ferramentas adequadas para se combater o trabalho análogo ao de escravo. O procurador do trabalho Tiago Cabral explicou que desde a institucionalização do grupo em Goiás, em 2018, muitas ações foram desenvolvidas, fazendo com que o Estado aparecesse infelizmente como um dos Estados com maior número de resgates. Cabral é coordenador regional em Goiás da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Ministério Público do Trabalho (Conaete/MPT).

O procurador ressaltou que o fato de Goiás aparecer, no ano passado, em primeiro lugar no ranking do número total de resgates demonstra a força do trabalho em conjunto com instituições parceiras como a Auditoria-Fiscal do Trabalho, o Ministério Público Federal, as Polícias Federal e Rodoviária Federal e a Defensoria Pública da União. “A Justiça do Trabalho também tem agido quando é provocada e tem exarado decisões à altura do problema, sempre permeada das leis e dos tratados de direitos humanos. Não há combate ao trabalho escravo sem atuação concentrada”, enfatizou.

Novo programa
A Justiça do Trabalho, a quem cabe julgar ações de indenização decorrentes do trabalho análogo à escravidão, lançou em outubro passado o Programa de Enfrentamento ao Trabalho Escravo, ao Tráfico de Pessoas e de Proteção ao Trabalho do Migrante. O programa complementa as ações previstas na Política Judiciária Nacional de Trabalho Decente.

Na cerimônia de lançamento do novo programa, o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), ministro Lelio Bentes Corrêa, destacou que ainda hoje há decisões judiciais que naturalizam condições de trabalho degradantes, como a falta de instalações sanitárias dignas, especialmente no trabalho rural, sob o argumento de que se trata de questões culturais. Segundo ele, com esse programa, a Justiça do Trabalho reitera seu papel de garantidora da cidadania e do trabalho decente, com ações concretas e eficazes.

Na Justiça do Trabalho em Goiás, o programa tem como gestores regionais o desembargador Mário Bottazzo e o juiz Édison Vaccari.

Como denunciar
Denúncias sobre trabalho em condições análogas à escravidão podem ser feitas pelo Sistema Ipê, lançado em 2020 pelo MTE em parceria com a OIT. A plataforma de denúncia é totalmente sigilosa. Também é possível denunciar no site do MPT, no link Coleta de denúncias, no Disque 100, nas unidades da Polícia Federal, sindicatos de trabalhadores, escritório da Comissão Pastoral da Terra e no próprio TRT-18, pelos telefones da Ouvidoria: (62) 3222-5680 e 0800 644 0018.

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