Dos 5.570 municípios brasileiros, 4.163 (74,73%) não têm um plano de contingência para desastres geo-hidrológicos ou possuem capacidade de resposta muito baixa em caso de ocorrência de inundações, enxurradas e alagamentos. Enquanto isso, 1.232 municípios têm alto índice de risco para esses fenômenos e outros 276 têm indicador de muito alto.
Os dados são do Sistema de Informações e Análises sobre Impactos das Mudanças do Clima (AdaptaBrasil MCTI). A plataforma – instituída pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, por meio da Portaria nº 3.896, de 16 de outubro de 2020 – tem como objetivo consolidar, integrar e disseminar informações que possibilitem o avanço das análises dos impactos da mudança do clima, observados e projetados no território nacional, dando subsídios às autoridades competentes pelas ações de adaptação.
“Esses números preocupam e contrastam com os objetivos do Dia Mundial do Meio Ambiente, que é celebrado em 5 de junho. A data foi estabelecida pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1972 para que as pessoas, comunidades e países façam ações para cuidar do planeta. Passados 52 anos, muitas nações – inclusive o Brasil – ainda carecem de boas práticas e não estão devidamente preparadas para lidar com os impactos das mudanças climáticas”, alerta o doutor em Ciências Ambientais do Centro Universitário Integrado, Rafael Zampar.
Eventos incomuns e sem precedentes
Já o relatório sobre o Estado do Clima na América Latina e no Caribe em 2023 – divulgado em 8 de maio pela Organização Meteorológica Mundial, ligada a ONU – aponta que o Brasil teve 12 eventos climáticos extremos em 2023: cinco ondas de calor, três chuvas intensas, uma onda de frio, uma inundação, uma seca e um ciclone extratropical; sendo que nove destes eventos foram considerados incomuns e dois sem precedentes.
Outro estudo da ONU aponta que cresceu o número de brasileiros deslocados por conta de tragédias climáticas. As enchentes causaram o deslocamento de 700 mil brasileiros em 2022, colocando o país como líder em casos de desastres na América do Sul.
“Temos que diminuir as emissões de gases que provocam o efeito estufa e mitigar os resultados das mudanças climáticas antes que esses fenômenos se tornem mais frequentes e severos”, destaca o mestre em Educação, Saneamento, Sustentabilidade e coordenador dos cursos de engenharias do Centro Universitário Integrado, Paulo Henrique Rodrigues.
O educador salienta que hábitos simples – como o reuso de materiais, o descarte correto do lixo e a reciclagem – devem ser incorporadas à rotina. Ao mesmo tempo, enfatiza a necessidade de fazer macro ações que envolvem os cuidados com o solo, a redução do desmatamento, o planejamento urbano, a preservação de faixas de transbordo dos rios e áreas de drenagens que auxiliem nos dias de chuvas intensas.