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“O PT vai estar no segundo turno na eleição para prefeito da capital”


Avatar Por Redação Tribuna do Planalto em 20/03/2023 - 07:34

Filha de lavradores da região de Jataí, a deputada Bia de Lima nasceu em  Serranópolis e faz questão de dizer que é “uma pessoa da roça”. Sua origem marcou toda a sua trajetória política, que teve início ainda no movimento estudantil. Professora, ela também milita no movimento sindical - é presidente da Central Única dos Trabalhadores em Goiás -  e agora assume uma cadeira no Legislativo goiano pelo PT, partido no qual iniciou sua militância partidária. É oposição ao governo Ronaldo Caiado, mas afirma que não pretende fazer uma oposição “raivosa”, porque é adepta do diálogo na busca de resultados para os segmentos que representa e para a população. 

Tribuna do Planalto – A senhora diz ser uma pessoa que veio da “da roça”. E hoje está sentada em uma das cadeiras mais cobiçadas do estado. Como chegou aqui?

Bia de Lima – Foi a minha militância. Quando estudante, eu me tornei militante estudantil, depois, militante sindical, daí me tornei militante partidária e essa militância contínua me trouxe até aqui. É uma visão, desde quando cheguei à universidade, de fazer a defesa de quem muitas vezes não tem sido ouvido, dar voz a quem não tem, comprar pautas que nem todos têm a coragem de fazer a defesa e, principalmente, dar voz à classe trabalhadora. Isso me move a vida inteira. Desde quando comecei a ter consciência crítica, consciência política eu entrei para defender essas causas e foram essas causas que me trouxeram à Assembleia. 

Como foi a chegada da senhora à Assembleia? 

Foi um misto de alegria, porque foram muitos anos de trabalho que culminaram nessa vitória, mais de 25 anos de trabalho que trouxeram a confiança das pessoas que acompanham minha trajetória,  minha atuação; e, por outro lado, um peso grandioso por conta da responsabilidade, porque a categoria aposta muito neste mandato, as pessoas que me acompanham, tanto da educação como de outras categorias, do serviço público, do movimentos rural, do campo, todas que de uma forma ou de outra conhecem o nosso trabalho e o acompanham, apostam muito. E me preocupo no sentido de saber como converter tanta esperança e expectativas em resultados concretos e práticos na vida das pessoas. Porque infelizmente, às vezes, as pessoas vão ficando decepcionadas com a política porque se sentem enganadas quando as pessoas usam da retórica para sobrepor o que não fazem ou  para desvirtuar aquilo que fazem. No meu caso, eu trabalho muito e procuro fazer com que minha atuação se converta em benefícios, melhorias, direitos e oportunidades. Nesse sentido, fazer com que isso efetivamente seja uma realidade é um peso grande e uma responsabilidade.

Como será sua atuação em relação ao governo Ronaldo Caiado?

Vai ser uma atuação muito firme, como sempre foi. Mesmo não sendo deputada eu  sempre fui uma pessoa que cobrou respostas políticas e resultados. Como  deputada da bancada de oposição, vou fazer oposição, mas uma oposição de diálogo que busca saídas e estar vai atrás de respostas; não aquela oposição. raivosa, radical. Vou fazer uma oposição de bom senso e de diálogo, que possa se converter em resultados práticos, seja para a categoria da qual eu continuarei à frente, seja para todas as outras pautas que possam demandar do governo do Estado e que eu possa contribuir com o Estado. Eu não tenho problema nenhum em votar a favor, se for em favor da população. Eu não não vou ser aquela levanta-crachá, sem debater, sem conhecer só porque é do governo. Eu não sou dessas; gosto de conhecer as pautas, de debater as matérias e, principalmente, de me posicionar. Eu não tenho problema em me posicionar, tenho coragem para ter posição e é por ter coragem de ter posição que eu cheguei a essa condição de deputada. 

Qual a avaliação que a senhora faz da política educacional adotada pelo governo Ronaldo Caiado?

Ela tem dois olhares: um do ponto de vista de infraestrutura, que melhorou significativamente; e um outro olhar de abandono e desprezo,  que é assim que os professores e administrativos da Educação têm se sentido, e a grande maioria dos servidores públicos. O servidor público tem um olhar muito preocupado com o governo Caiado porque as carreiras tiveram muitos prejuízos no primeiro governo do  Caiado. A expectativa é que nesse segundo governo ele possa ter um olhar mais cuidadoso e carinhoso com o servidor público, que é quem leva e faz chegar as políticas públicas até a população. Sem o servidor público não acontece nada. Precisamos ter a recomposição da carreira da Educação, mas também de inúmeras outras carreiras que ficaram muito defasadas, muito prejudicadas por não ter concurso público, não ter garantias legais de reposição de data-base e dos seus direitos. Esses são os dois pontos que eu elenco como necessidade do governo número dois do Caiado para tirar a granada do bolso do servidor público. Paulo Guedes dizia que abraçava o servidor público e colocava uma granada em seu bolso e foi assim que nós nos sentimos aqui no primeiro governo do Caiado. Espero que ele tire a granada dos nossos bolsos porque ela já tem sido detonada muitas vezes, com a reforma da Previdência, quando não garantiu a data-base, que sequer teve a reposição inflacionária. Espero que neste segundo governo ele possa ter um olhar mais cuidadoso e, porque não dizer, carinhoso com o servidor público.

Como está sua articulação com os outros deputados? 

Eu tenho um bom diálogo com praticamente todos os deputados e busco dialogar com todo mundo porque quem faz política sem diálogo não vai a lugar algum. Estamos fazendo frentes parlamentares para tratar de diversos assuntos em conjunto para defender rodovias, o Entorno do Distrito Federal, a UEG, direitos humanos, servidor público, trabalhadores rurais ou o pessoal do agronegócio. Estamos fazendo frentes de trabalho para conseguir, não de forma individual, mas por meio das bancadas e de forma coletiva, benefícios para diversos setores. A Assembleia tem trabalhado na construção de várias frentes de trabalho e eu tenho procurado estar em praticamente todas elas porque quero construir parcerias que possam culminar em desenvolvimento, melhorias, direitos, conquistas e benefícios. 

A senhora é uma política com atuação no movimento sindical de trabalhadores da Educação, mas tem se aproximado de pautas do setor de infraestrutura, como a duplicação da BR 364, uma demanda dos produtores rurais, e a pavimentação da estrada que liga os municípios de Itaguaru e Heitoraí, até a BR-153. O que levou a senhora a atuar nesse setor?

Como deputada do presidente Lula, acho que posso ajudar bastante e, tanto é assim, que nesses dois meses de mandato já estive em duas audiência com o ministro dos Transportes, Renan Filho, junto com a deputada Rosângela Rezende e a deputada Adriana Accorsi, que tem nos ajudado muito, assim como o deputado Rubens Otoni. Tudo aquilo que pudermos, junto ao governo federal, ajudar Goiás, eu vou fazer. Eu estive na instalação da Comissão de Serviços e Obras, presidida pelo deputado George Morais, da qual participou o presidente da Goinfra, Lucas Vissotto, quando discutimos a situação das rodovias do estado de Goiás. São pautas que interessam a toda a população porque mobilidade é algo que mexe com todo mundo e precisamos olhar para a infraestrutura de Goiás, uma pauta ficou muito esquecida , Depois do golpe de Michel Temer e Jair Bolsonaro, conversou-se demais e fez-se de menos. Nós chegamos para retomar esse investimento. Quando a presidenta Dilma Rousseff  duplicou a BR-060 ajudou demais, inclusive a mim, que sou de Jataí e ando muito. Eu não sou uma pessoa de ficar em gabinete e ficar parada, gosto de ir até as pessoas. Completar a duplicação da BR 364 até Santa Rita do Araguaia, mas ela vai até Rondonópolis, é uma perspectiva muito positiva. Vai acudir o povo ali do Sudoeste goiano. Da mesma forma de Rio Verde a Santa Helena, porque deu uma uma arrumadinha, mas tem que duplicar. Estive com o ministro dos Transportes e o prefeito de Jataí, Humberto Machado, porque a obra do anel viário está sendo concluída e estamos pensando em levar o presidente Lula para  a inauguração, agora em abril. Como eu ando muito, eu acho que eu preciso me envolver. Estou me envolvendo na retomada de todas as obras paradas de todas as áreas, hospitais, creches e CMEIs e escolas em qualquer município. Serão liberadas 82 obras paradas em Goiás, quase todas no campo da Educação, na ordem de mais de R$ 15 milhões. Isso ajuda os municípios a garantir Educação Infantil, ajuda a pauta das mulheres, que precisam de creches e CMEIs para colocar seus filhos na Educação Infantil.  Eu converto pautas que, às vezes, num primeiro olhar, parecem não ter ligação comigo, mas que têm.  Como vamos fazer escolas, como vamos garantir casa para o povo morar. Se eu venho das camadas populares, se eu venho da roça,  eu preciso olhar para que a agricultura familiar volte a ter investimento, linha de crédito, acabar com a burocracia para entregar o produto nas feiras e nas escolas. É uma somatória de medidas e ações que eu, que venho trazendo uma bagagem de luta, de reivindicações trabalhistas, da pauta das mulheres e dos excluídos, terei condições com o mandato de fazer a diferença. Como meu  ritmo é muito intenso, eu só não posso perder de vista de jeito nenhum a pauta específica do Sintego. Hoje, ao mesmo tempo em que estava em uma audiência sobre o novo Ensino Médio na Assembleia, estava acontecendo uma assembleia em Aparecida de Goiânia sobre o piso e eu tinha de estar lá. Minha equipe participou e conquistou o piso. Eu estive no Palácio das Esmeraldas para assinar o Pacote Social que beneficia as mulheres – eu acho importante e fiz questão de assinar junto porque votei a favor, acho que as medidas foram muito positivas – falei para Gracinha Caiado que nós, mulheres, precisamos mais da atuação dela para ajudar de verdade. Eu vou lá e faço isso e, ao mesmo tempo, chamo ela num canto e pergunto: a senhora continua sendo a madrinha da Educação? Então, está na hora da senhora ajudar,  junto ao governo do Estado, a pagar o piso da carreira. Eu não abro mão de cobrar as pautas que são de minha responsabilidade cobrar,  busco fazer isso em todas as oportunidades e, de preferência, sem agredir, sem ferir, mas de forma muito enfática, firme, decidida e corajosa, que são marcas minhas. Eu não eu não gosto de ficar devendo folhinha de couve, prefiro jogar limpo, aberto, de forma transparente para que as pessoas possam compreender meus passos e o que estou a fazer. Não estou para beija-mão, mas também não estou para ficar dando canelada a torto e a direito só para  demarcar território. O mundo moderno exige que tenhamos mais cidadania, mais respeito com o outro, mesmo que ele pense diferente, que trate o outro com o  devido respeito, mas há a necessidade de se exigir aquilo que também é de direito. Essa é minha linha de atuação e não será diferente como deputada. 

Quais são as perspectivas da senhora e do PT em relação à eleição de 2026 em Goiânia?

A expectativa é de que possamos construir um novo cenário mais promissor, mais esperançoso e de reconstrução do país, e aqui em Goiânia não é diferente. Para que possamos eliminar rancores e ódios, não ter uma visão tão radical de direita, poder avançar nas pautas mais progressistas, porque ao longo dos últimos seis anos houve uma refluída grande em relação às pautas de direita, quando não de extrema direita. Isso foi um prejuízo, nós tivemos retrocessos grandes e chegou a hora do mundo da política dizer que se constrói políticas públicas é na política. Na época do golpe, houve uma onda de negação da política, como se isso fosse algum mérito. “Sou empresário, não sou da política.” Ora, então o que que está fazendo na política? Nesse período, queimaram muitas pessoas que estavam na militância política como se fosse feio estar na política. Eu sou cria, oriunda e formação daqueles que acreditam que a política é um instrumento de mudanças, de conquistas coletivas, de busca de resultados. Fora da política só existe o autoritarismo.  Não podemos fugir disso. Aqui em Goiânia, temos um campo muito aberto e as conversas já começam a ser feitas e os rearranjos começam a ser pensados.

Nas últimas eleições, o PT teve como parceiro o PMDB, que hoje é aliado do União Brasil, do governador Ronaldo Caiado. Nesse rearranjo partidário, qual a expectativa da senhora?

Vamos caminhar com candidatura própria aqui em Goiânia. Há a possibilidade de a deputada Adriana Accorsi continuar deputada federal e eu já conversei com o professor Edward Madureira para que possa ser o nosso candidato em Goiânia. 

A deputada Adriana Accorsi não deve sair candidata a prefeita de Goiânia? 

A Adriana tem todo interesse – e eu particularmente acho que ela está certa – de exercer o mandato de deputada federal. Nós precisamos dela em Brasília, não só nós aqui em Goiânia, Goiás precisa da deputada Adriana em Brasília e o presidente Lula precisa da deputada Adriana  na Câmara Federal. Eu  acho que um nome muito bacana que podemos apresentar, de peso, com bagagem, trajetória, responsabilidade e uma competência extraordinária, inclusive de gestão, é o do professor Edward. E não tenho nenhuma dúvida em dizer que ele será o melhor candidato de Goiânia. 

Com quais partidos o PT tende a construir alianças?

As alianças vão seguir na mesma linha das que levaram o presidente Lula a conquistar a Presidência da República.

O PT volta a caminhar com os partidos do campo da esquerda?

Estamos abertos para construir uma ampla frente, assim como o presidente Lula, que contou com dez partidos para chegar à Presidência da República. E vou arriscar aqui um palpite: nós estaremos no segundo turno de 2024 aqui em Goiânia.

 

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