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Por que os dirigentes resistem ao Serra Dourada?


Herivelto Nunes Por Herivelto Nunes em 12/12/2024 - 06:00

Os clubes de Goiânia precisam voltar a jogar no Serra Dourada para resgatar a competitividade do futebol goiano.
Apesar de seu legado no futebol goiano, o estádio Serra Dourada enfrenta abandono e divergências entre clubes sobre seu uso em competições. Foto: Divulgação

Os momentos áureos do futebol goiano começaram a acontecer a partir da participação do Goiás no campeonato brasileiro em 1973. Nessa época, nosso principal estádio ainda era o velho estádio Olímpico das Avenida Paranaíba. Mas foi com a inauguração do Serra Dourada em março de 1975, que nosso futebol deslanchou. Grandes torneios nacionais e internacionais, seleção brasileira em seus melhores momentos, Copas Sul-Americana e Libertadores das América. Por um momento, tivemos a sensação de pertencer ao alto clero do futebol brasileiro, mas o sonho acabou, voltamos a ser pequenos.

Goiás, Atlético e Vila Nova fizeram melhoramentos em seus pequenos estádios, e abandonaram o Serra Dourada. Vale lembrar que o governo de Goiás também abandonou nossa principal praça esportiva, por isso se tornou ultrapassada e carente de atualizações. Retroagimos aos tempos do antigo estádio Olímpico, com estádios “super lotados de um público presente na casa de 10 mil torcedores”. E os dirigentes acham o máximo, casa cheia, torcida fiel com 10 mil torcedores…

Depois de um bom tempo sumido dos microfones e câmeras de televisão, Adson Batista concedeu na tarde da última terça-feira entrevista coletiva para falar do fracasso do Atlético no campeonato brasileiro, rebaixamento, seus erros e o que fazer para virar esse jogo em 2025. Um dos pontos abordados foi sua contrariedade em ter que voltar a jogar no estádio Serra Dourada em clássicos e uma possível decisão entre clubes da capital. Quer jogar em seu estádio. Segundo ele, se pode sediar jogos da série A, porque não pode receber a decisão do campeonato goiano? Só por um detalhe Adson Batista, é pequeno demais.

O Serra Dourada precisa ser reformado, e vai ser. Mas enquanto isso não acontece, já teve todos os banheiros reformados e o sistema de iluminação está sendo modernizado de acordo com as exigências da CBF. Falta melhorar o gramado. Isto feito, estará em ótimas condições para receber nossos clubes de volta, com duas torcidas. Mas os dirigentes não querem. Dos quatros clubes da capital, Goiás e Atlético são contrários aos jogos no Serra Dourada. Hugo Jorge Bravo e Alexandre Godói, enxergam com simpatia essa possibilidade.

No Goiás, o pensamento dos Conselhos de Administração e Deliberativo não é bem claro a esse respeito. Mas nas gestões de Paulo Rogério Pinheiro como presidente e Edminho Pinheiro no Conselho Deliberativo, esse assunto era proibido. Pensaram no absurdo de mudar o Estatuto do Clube para obrigá-lo a jogar única e exclusivamente no estádio da Serrinha, em qualquer competição. Tudo isso com o pensamento pequeno de economizar nas taxas cobradas no estádio Serra Dourada. Economia de moedas…

O estádio da Serrinha está longe de ter seu projeto concluído. É um estádio inacabado. Um lance de arquibancadas com cadeiras e uma cobertura ridícula de um lado, um tobogã sem cadeiras e cobertura de outro, lances com cabines de rádio da primeira fase do estádio em outra parte, esse é o cenário do estádio que o Goiás entende ser sua sede em todas as competições. Ali, os gastos são menores, mas o torcedor sofre com sol, chuva, cadeiras apertadas e muito desconforto. Assim é no OBA, do Vila Nova, no estádio Antônio Accioly, do Atlético e até no estádio Olímpico onde Vila e Goiânia mandarão seus jogos. O futebol goiano, que hoje é de série B, para voltar a ser grande, tem que pensar grande, grande como é o nosso melhor e mais belo estádio, o Serra Dourada.

Herivelto Nunes

Herivelto Nunes é Jornalista, com Pós Graduação em Gestão de Pessoas, Liderança e Coaching

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