Há muito, o apertado calendário do futebol brasileiro causa indignação entre atletas, técnicos e demais atores da modalidade. O único personagem/entidade que parece não se importar com tal fato é quem administra o desporto, no caso a Confederação Brasileira de Futebol. Recentemente, o técnico Abel Ferreira declarou em coletiva que é muito difícil trabalhar no futebol brasileiro e que os dirigentes precisam refletir sobre o tema. Segundo Abel, por aqui não há tempo de recuperação do atleta, muito menos a realização de treinamentos.
A Lei Pelé de 1998 se mostra omissa quanto à questão. Dessa forma, coube à Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (FENAPAF) ajuizar ação coletiva em 2014 requerendo um tempo mínimo de 72 horas entre uma partida e outra disputada pela mesma equipe. No entanto, em 2018 um novo acordo foi homologado no Tribunal Regional do Trabalho – 15ª Região, estabelecendo um intervalo mínimo de 66 horas entre uma partida e outra para participação do atleta. Esse intervalo consta no Regulamento Geral das Competições da CBF. Essa mesma Regra Geral traz excepcionalidades para a redução do intervalo, como foi o caso da Pandemia de Coronavírus, quando foi admitido o intervalo de 48 horas entre as partidas.
Com um calendário inchado, a CBF anunciou uma sequência de jogos para alguns clubes goianos com intervalo de apenas 24 horas entre uma partida e outra. E os clubes concordaram. Disputando campeonato goiano, Copa Verde e agora a Copa do Brasil, Atlético, Vila Nova e até o Goiás, que não está na Copa do Brasil, tem enfrentado uma maratona absurda para cumprir esse famigerado calendário. O Goiás jogou ontem em Rondonópolis pela Copa Verde e joga hoje contra a Aparecidense em partida válida pelo Campeonato goiano. Teve que enviar uma equipe formada por jogadores da base e outros que não estão sendo aproveitados no time principal e a comissão técnica auxiliar de Jair Ventura para comandar o time esmeraldino. O Goiás venceu o União Rondonópolis por 2 x 0 e deu um passo importante rumo à classificação para a próxima fase. O Vila jogou terça-feira pelo campeonato goiano e volta a campo hoje em Brasília contra o Brasiliense, em jogo válido pela Copa Verde. Vai com time sub-20. Esse cenário mostra que a atual gestão da CBF está com muitas dificuldades para administrar o futebol brasileiro.
Sofrimento do Dragão
O Atlético passou um sufoco ontem no estádio Antônio Accioly, quando enfrentou a ABECAT Ouvidorense, caçula da competição. O time rubro-negro não repetiu a boa partida realizada contra o Goiás no último domingo e por pouco não perde em casa. A ABECAT saiu na frente mas o Atlético virou o jogo nos minutos finais. O árbitro da partida marcou uma penalidade máxima com o auxílio do VAR em favor do Atlético, fato que revoltou a equipe, diretoria e comissão técnica do time interiorano, que não concordou com a marcação. O Atlético empatou com Rhaldney e no último lance da partida Alejo Cruz virou o jogo com um belo gol de falta.
O Anápolis se isolou na liderança do campeonato ao vencer o Inhumas no Jonas Duarte por 2 x 1, chegando a 20 pontos conquistados. O Vila Nova é o segundo colocado com 18 pontos, o Atlético vem em terceiro com 16 e o Goiás ocupa a incômoda sétima colocação com apenas 10 pontos conquistados. Na parte debaixo da tabela, Aparecidense, Goiânia, Goiatuba e Goianésia lutam desesperadamente contra o rebaixamento. A lanterna da competição está nas mãos do Azulão do Vale do São Patrício, o Goianésia com apenas 6 pontos ganhou. Muito complicada também a situação do Goiatuba e do Goiânia Esporte Clube. Esses dois últimos somam apenas 7 pontos conquistados.