A reunião entre o prefeito Sandro Mabel (UB) e 29 vereadores para apresentar o plano de recuperação da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) continua gerando debate na Câmara Municipal. Enquanto o Paço destaca a transparência e a abertura ao diálogo, com o encontro desta terça-feira (11), parlamentares independentes e de oposição questionam a condução do encontro e defendem que o tema seja amplamente discutido no Legislativo.
O vereador Coronel Urzêda (PL) foi o primeiro a tocar no assunto, na sessão desta quarta-feira (12), e enfatizou que a reunião foi aberta a todos, mas reafirmou seu posicionamento independente. “Eu fui para ouvir o prefeito, mas fui para cobrar dele também. Eu sou fiscal. Não sou da base, o PL não é da base. Fomos em bloco e cobramos do prefeito, ouvimos algumas coisas com as quais concordamos, outras não”, afirmou. “Como fiscal do povo, eu vou em qualquer lugar, se for atribuição do meu mandato”.
Ao responder Urzêda, Cabo Senna (PRD) disse que Mabel não tem base na Casa. “Ele chamou a Câmara para conversar, até porque ele não formou base ainda. Não acredito que ele tenha base na Câmara. Ele, se tiver interesse, vai formar a base dele”, registrou.
Já a vereadora Kátia Maria (PT) criticou declaração do prefeito dada à imprensa de que alguns parlamentares não foram convidados por “só saberem criticar”. Ela rebateu, destacando sua atuação propositiva. “Essa carapuça não serve a mim. Sou oposição, mas fui a única vereadora a destinar emendas para ações sociais e de saúde. O prefeito precisa fazer um discurso maduro e não adotar a lógica da extrema-direita de desqualificar a oposição”, disse. Ela insistiu que a Comurg deve ser debatida no Legislativo.
Aava Santiago (PSDB) se dirigiu ao presidente da Mesa, Anselmo Pereira (MDB), e disse que ele manteve “espírito ingênuo” ao acreditar que o convite de Mabel havia sido feito a todos os vereadores de Goiânia. “Mas a realidade, senhor presidente, é que essa gestão tem tratado este parlamento com desprezo, escolhendo a dedo quem pode e quem não pode participar das discussões sobre a cidade.”, acusou. “
Aava também criticou o que classificou como uma estratégia da Prefeitura para enfraquecer a independência do Legislativo, restringindo o debate e negando informações a vereadores que fazem oposição. Para ela, essa postura busca evitar questionamentos e impedir a fiscalização das ações do Executivo. “Estamos aqui para defender um parlamento atuante, fiscalizador e respeitado, e não vamos aceitar ser tratados como meros espectadores das decisões do prefeito”, declarou.
O vereador Major Vitor Hugo (PL) disse que a bancada do partido foi ao Paço para sugerir ao prefeito que utilize parte dos R$ 190 milhões previstos para a Comurg para diminuir a taxa do lixo, que começará a ser cobrada dos contribuintes goianienses a partir de abril.
Tropa de defesa
Embora não tenha tido contraponto do Líder do prefeito na Casa, vereador Igor Franco (MDB), outros parlamentares alinhados à administração saíram em defesa do prefeito e da gestão. O vereador Pedro Azulão Jr. (MDB) minimizou a polêmica e comparou o encontro a reuniões de outras gestões. “Não vi diferença alguma em relação a reuniões feitas por ex-prefeitos. Foi uma primeira conversa, como sempre acontece. Agora, tem vereador que só quer criticar. Eu fui e saí tranquilo”, afirmou.
O vereador Bessa (DC) elogiou o plano de reestruturação da Comurg, destacando que a empresa acumulou dívidas ao longo de mais de 40 anos. “Fico feliz de ver um plano que vai ser aplicado e as medidas que foram anunciadas. Tenho certeza que aquele ralo que era a Comurg, de dinheiro público e impostos, será utilizado de maneira correta”, afirmou Bessa ao mencionar dívidas da Comurg com a União, FGTS e créditos trabalhistas.
Já o vereador Lucas Kitão (UB) defendeu o direito do prefeito em promover reunião restrita à base aliada, assim como ocorre em outras estruturas de governo. “Vamos parar de fazer crítica para a imprensa, vamos fazer sugestão para a empresa, para que vocês, no futuro, tenham condição de falar que ajudaram o prefeito a resolver o problema da comunidade.
Anselmo Pereira também fez ponderações sobre a intenção de Mabel e chegou a sugerir que os problemas na Companhia se iniciaram na gestão de partidos de vereadores de oposição.