A Câmara Municipal de Goiânia aprovou nesta terça-feira (23) uma moção de apoio aos réus pelos atos ocorridos em 8 de janeiro, em Brasília. A proposta, assinada pelo vereador William Veloso (PL), gerou um bate-boca no com trocas de acusações. Com maioria conservadora, a Casa aprovou a homenagem.
A votação recebeu pedido de apreciação em destaque da vereadora Aava Santiago (PSDB), que classificou o ato de vandalismo nas sedes dos Três Poderes como crime contra à democracia e se posicionou contrária.
O vereador Coronel Urzêda (PL) defendeu a proposta e atacou o que classificou como tentativas de cercear o direito à manifestação de parlamentares. “O que não é ideológico? Quando fizeram moção de aplauso para aquele padre lá, Lancelote aspas pedófilo, passou. Vão querer calar a boca da direita? Já basta o que esse desgoverno tem feito”, declarou Urzêda.
“Não se pode confundir criminoso com bandido. Quem entrou na sede dos Três Poderes e cometeu vandalismo, cometeu crime. Crime de dano qualificado, cuja pena é de seis meses a três anos. Agora, bandido é quem vive da prática constante da atividade criminosa”, disse o vereador, ao minimizar a gravidade das ações do 8 de janeiro.
Aava rebateu o parlamentar. “Crime contra democracia é coisa de bandido”, registrou. Segundo ela, policiais militares do Distrito Federal apanharam durante o ato. “Não era com pipoca nem com Bíblia que desceram o cacete nos policiais em serviço”.
“Estamos num capítulo perigoso quando uma Câmara composta por 37 vereadores questiona o resultado das urnas. Estamos discutindo ideias, não cerceando falas. Se acham que isso é censura, talvez precisem de terapia”, alfinetou Aava.
Apoio
Sanches da Federal (PP) disse que as penas impostas aos acusados têm sido “extremamente exacerbadas” e que toda pauta que incluir “perseguidos políticos” terá seu apoio.
Major Vitor Hugo (PL) lembou que foi autor de projeto de lei para anistiar brasileiros envolvidos nos atos de 8 de janeiro, em Brasília, e defendeu que a Casa tenha legitimidade para propor esse tipo de homenagem. Segundo ele, a maioria da Casa definiu pelo ato e não é razoável que os colegas cerceiem a atividade parlamentar.
Já o vereador Welton Lemos (Solidariedade) ponderou que nem todos os envolvidos nos atos de 8 de janeiro merecem punição extrema. “Depredar patrimônio público é crime e tem que pagar por isso, mas nem todos merecem a mesma sentença. Já fizemos moções aqui para atitudes com as quais discordamos. Votamos conforme a consciência e acredito que muitos estão sendo condenados de forma desproporcional.”
Oposição
Em 15 de abril, dia da apresentação da moção, vereador Edward Madureira (PT) reagiu à proposta e classificou a iniciativa como tentativa de relativizar um atentado grave contra a democracia brasileira.
“Essas pessoas tentaram matar o presidente da República, o vice-presidente e o ministro Alexandre de Moraes. O PL da anistia é um desrespeito à democracia brasileira”, afirmou o petista.