Brasil registrou 3.561 mortes de crianças e adolescentes de até 19 anos por Covid-19 desde o início do surto, em março de 2020, até o final de setembro de 2021. Destes, 326 eram bebês de até 1 ano de idade. O país é o segundo com mais mortes de crianças pelo coronavírus no mundo, atrás apenas do Peru, em termos proporcionais.
Em 2020, foram 1.203 mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Já em 2021, foram 2.293. Também 65 mortes foram notificadas por Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P); uma manifestação agressiva do vírus em crianças.
Em Goiás, até o dia 8 de setembro, haviam sido confirmados 89 óbitos entre crianças e adolescentes de até 19. Dentre eles, 37 mortes de crianças de até 9 anos e, entre adolescentes de 10 a 14 anos, 15 mortes foram notificadas até agora.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) analisou os dados sobre mortes de crianças por Covid-19, e, de acordo com o documento, a probabilidade de morte entre esse grupo no país é maior do que na comunidade internacional. A fundação lista uma série de fatores que podem explicar a situação. “Composição demográfica da população brasileira com alto número de crianças e adolescentes; contingente de crianças com condições crônicas com controle insuficiente; desafios no acesso e qualidade do cuidado na Atenção Primária à Saúde; desafios no acesso e qualidade do cuidado pediátrico de maior complexidade, particularmente em tempos de grande pressão no sistema hospitalar, levando, inclusive, à desativação de leitos pediátricos; Aumento da vulnerabilidade social”, afirma o estudo.
Segundo as informações do estudo da Fiocruz, que analisa dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade Infantil (SIM), do Ministério da Saúde (MS), quase metade das crianças e adolescentes brasileiros mortos por Covid-19 em 2020 tinham até 2 anos de idade; um terço dos óbitos até 18 anos ocorreram entre os menores de 1 ano e 9% entre bebês com menos de 28 dias de vida.
Cuidados necessários
Segundo especialistas, a forma assintomática da Covid-19 é mais comum entre crianças e adolescentes, que têm melhor prognóstico quando contaminados, mas não estão imunes. Transmitem, podem adoecer gravemente e até morrer em decorrência da doença.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso universal de máscaras a partir dos 12 anos de idade. Entre crianças menores o uso deve ser supervisionado e avaliado caso a caso. E crianças com menos de 5 anos não devem ser obrigadas a usar máscaras.
A comunidade científica recomenda, também, que mães com Covid-19 continuem amamentando seus bebês, se ambos tiverem condições físicas para isso. Os benefícios do aleitamento materno superam em muito o risco de contaminação. Cuidados sanitários, como higiene das mãos e uso de máscaras tipo PFF2 e N-95, devem ser reforçados nesses casos.