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Acusado de mandar advogado é condenado a 27 anos


Avatar Por Redação Tribuna do Planalto em 24/06/2024 - 17:14

Condenado pelo Tribunal do Júri em Goiás, o acusado Adelúcio fugiu neste fim de semana da Casa do Albergado, onde estava preso

Denunciado pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), o advogado Adelúcio Lima Melo foi condenado pelo júri popular na última quinta-feira (20) a uma pena total de 27 anos e 4 meses de reclusão como mandante do homicídio triplamente qualificado (motivo torpe; meio que resultou perigo comum e que impediu a defesa da vítima) do também advogado Hans Brasiel da Silva Chaves, ocorrido em 6 de fevereiro de 2020, em Aruanã.
Adelúcio também foi condenado como mandante da lesão corporal praticada contra uma segunda vítima (que foi atingida por um tiro na perna quando do assassinato da vítima) e por corrupção de menor. Condenado pelo Tribunal do Júri em Goiás, o acusado Adelúcio fugiu neste fim de semana da Casa do Albergado, onde estava preso.

Apontados como envolvidos no crime, Wuandemberg Alvares Farias Silva, conhecido como Vandim, foi condenado a 15 anos de reclusão e Rafael Alves da Silva, a 17 anos e 11 meses de reclusão, em julgamento realizado no final de abril deste ano. Nesta ocasião, Adelúcio abandonou o plenário do júri após se recusar a se submeter às exigências dos órgãos de segurança pública, que recomendavam a utilização de algemas. Diante dessa atitude, o juiz Flávio Florentino de Oliveira desmembrou o processo em relação ao réu, a pedido do MPGO.

O julgamento de Adelúcio ocorreu na comarca de Goiás, assim como o dos executores, ainda que os crimes tenham ocorrido na comarca de Aruanã, em razão do desaforamento (mudança de foro, comarca) do julgamento para a cidade de Goiás, pela possível influência de Adelúcio sobre os moradores de Aruanã, onde ocorreram os fatos.

A sessão foi presidida pelo juiz Flávio Florentino de Oliveira. Atuaram na acusação os promotores de Justiça Edivar Muniz (1ª Promotoria de Goiás), Leonardo de Oliveira Marchezini (3ª PJ de Mineiros) e Sandro Halfeld Barros (1ª PJ de Acreúna), tendo como assistente a advogada Hailanny Brasiel Chaves, irmã da vítima.

Denúncia apontou que acusado se sentia incomodado com concorrência profissional da vítima

De acordo com a denúncia, oferecida em 2020 pelo promotor de Justiça Augusto Henrique Moreno Alves, Adelúcio exercia a advocacia na comarca de Aruanã, principalmente na área criminal, e sentiu-se incomodado com a chegada de Hans ao município, já que ele também atuava em causas criminais.

Segundo esclarecido pelo MP, em agosto de 2018, Hans firmou contrato com um ex-cliente de Adelúcio e obteve a sua soltura, situação que gerou uma discussão entre ambos e uma ameaça de morte feita pelo denunciado no interior do Fórum de Aruanã.

A denúncia relata ainda que Adelúcio agenciou pessoas para efetivamente matar Hans, mas não obteve êxito. Após não ter sucesso na primeira tentativa de homicídio, detalha a peça acusatória, o advogado passou a arquitetar nova forma de matar Hans, desta vez, contando com o auxílio de seu amigo Wuandemberg Silva, que entrou em contato com Rafael e ofereceu-lhe para que matasse a vítima mediante a promessa de pagamento do valor de R$ 7 mil. Ao articularem o agenciamento do executor, Adelúcio e Wuandemberg obtiveram uma motocicleta e uma arma, que seriam utilizadas no crime.

Ao combinarem a execução do crime, os mandantes detalharam com Rafael a forma que ele deveria proceder, rota de fuga e que, caso fosse preso, deveria justificar falsamente o fato, alegando que o crime foi ordenado por uma facção criminosa, pois a vítima não cumpriria com seus contratos. Essa justificativa teria sido planejada previamente por Adelúcio, que já havia protocolado perante a Promotoria de Justiça de Aruanã diversas representações desta natureza contra Hans.

Assim, no dia anterior à execução, Rafael foi levado até a panificadora onde Hans costumava tomar café da manhã, com o objetivo de que o executor visse pessoalmente seu alvo e evitasse qualquer erro no plano. Na tarde de 6 de fevereiro, Rafael, que havia oferecido R$ 500,00 para que um adolescente o auxiliasse na fuga, recebeu ligação de Adelúcio, confirmando que Hans estava em seu escritório e o crime deveria ser executado naquele momento.

Após chegar no escritório, Rafael entrou na sala do advogado Hans com a arma em punho e, surpreendendo-o, efetuou diversos disparos em sua direção, sendo que um dos disparos atingiu uma cliente da vítima na perna. Em seguida, ele fugiu do local, contando com o auxílio do adolescente. Rafael foi preso em flagrante no dia seguinte pela Polícia Militar.