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“Ana Paula é um nome de peso, mas não é o único nome do partido”


Avatar Por Redação Tribuna do Planalto em 22/05/2023 - 00:13

Lineu Olímpio, Deputado estadual MDB
De atuação discreta, o deputado que representa a região do São Patrício é o líder do MDB na Assembléia e preside a Comissão de Minas e Energia. Grande apoiador da gestão de Bruno Peixoto, ele defende que a aliança entre MDB e União Brasil, que reelegeu Ronaldo Caiado, se estenda a todos os municípios no pleito de 2014, mesmo que isso signifique abrir mão da cabeça de chapa para um candidato de outro partido.  

Tribuna do Planalto – O senhor foi prefeito por dois mandatos em Jaraguá e agora está pela primeira vez no Legislativo. Como está sendo essa transição? 

LINEU OLÍMPIO –  Tive a oportunidade de assumir dois mandatos de prefeito de Jaraguá,e logo em seguida, em 2013, a Diretoria Administrativa e, posteriormente, a Presidência da Companhia Nacional de Abastecimento, de onde saí em 2017 para ser candidato a deputado estadual, em 2018. Perdi a eleição por 55 votos. Fui para a Assessoria Especial da Governadoria e depois para a Presidência da Centrais de Abastecimento de Goiás, de onde saí para ser candidato. Eu já tive uma atuação no Congresso Nacional, na Comissão de Orçamento, por dois anos e meio e atuei na liderança nacional do PTB no Congresso um período de mais de um ano e tenho uma passagem no Executivo em assessoramento. Nós chegamos ao Legislativo em um momento muito especial. Primeiro,  porque venho como gestor e como gestor tenho ajudado a Presidência com esses conhecimentos em algumas áreas importantes da atuação. Ser presidente desta casa é uma gestão pesada. Ser um deputado municipalista facilita a interlocução junto aos prefeitos, nos projetos que estamos apresentando junto à Frente Municipalista que criamos; como presidente da Comissão de Minas e Energia, venho conversando com os prefeitos sobre a mineração em Goiás, com o governo do estado e com o governo federal. Há, sem dúvida nenhuma, um choque em relação ao poder fazer as coisas com poder de decisão, mas na Assembleia o presidente da Casa, Bruno Peixoto, implantou um modelo muito participativo em sua gestão. Nós estamos tendo facilidade de acessar a Presidência e as diretorias, buscando o melhor caminho para que possamos apresentar uma boa legislatura para os goianos. 

Qual a necessidade de se antecipar a eleição da Mesa Diretora da Casa?

Foi o deputado Bruno Peixoto que apresentou um projeto propondo o fim da reeleição em seu mandato passado, que foi aprovado.  E ele foi eleito com 40 votos, por unanimidade. O que aconteceu nesses primeiros meses da Assembleia? Todo mundo tinha uma dificuldade operacional dentro da Casa em relação ao acesso ao servidor, à Presidência, às diretorias e Bruno chegou e abriu para todos os deputados e montou um planejamento muito grandioso para a Assembleia, processo de economicidade, de direcionamento e abertura para os deputados, de reconhecimento de cada um na sua região. Tanto é que ele expandiu o processo de mídia por todo estado através da imprensa falada e escrita, das rádios. Isso tem facilitado o entendimento da população goiana sobre o trabalho realizado pelo parlamentar. Aquela impressão de que o deputado só trabalha terça, quarta e quinta já está saindo do papel, porque não justifica a pessoa achar que o deputado só trabalha nesses dias. Na segunda-feira ele está aqui, fazendo despacho e audiências com os prefeitos; na sexta-feira do mesmo jeito; no sábado e domingo estamos nos municípios, atendendo as demandas, participando de festividades e atos públicos, levando recursos, discutindo projetos. Nossa atividade é 24 horas, praticamente. E isso tem facilitado o entendimento da população, tanto é que a avaliação da Assembleia melhorou muito com a gestão do Bruno. Quando ele nos mostra um planejamento e esse planejamento tem uma sequência para os próximos seis anos, o que nós achamos melhor? Que esse trabalho tivesse a segurança de ter a continuidade. Porque é muito inseguro começar alguma coisa e saber que ela pode ser interrompida. Os deputados entenderam que esse planejamento daria condição de termos um crescimento muito grande nessa 20ª Legislatura. Por isso fizemos a votação da reeleição, a votação para a antecipação da eleição e votação para reconduzir novamente Bruno Peixoto e alterar alguns nomes da Mesa Diretora para o próximo mandato. O entendimento nosso chama-se planejamento, que iniciou e que já iniciou com muito sucesso, com economicidade, a Assembleia ajudando o governo com a  devolução de recurso, dando condição para que os deputados tenham uma representatividade maior ainda junto aos municípios e de atender de modo muito especial a todos os goianos. 

A mudança no processo eleitoral da Mesa Diretora ocorre quando há também uma ampliação dos benefícios dos deputados, criação de diretorias, aumento no número de comissionados e o presidente anunciou mais recentemente a ampliação da estrutura dos gabinetes. Não passa a ideia de um toma lá, dá cá?

Nós tivemos discussões nesse sentido. Eu acho que o que tem de planejamento tem que ser executado. Antecipar essa eleição estava fora da programação, que já existia. Que era o trabalho de economicidade nos gastos da Assembleia de modo que pudesse fortalecer a estrutura de digitalização, de geração de energia, de melhoria em relação a estacionamento e na parte de de inteligência, acabar com o papel e  movimentar tudo digitalizado. São questões que têm custo na implementação, mas que, em um prazo muito curto, geram uma  economicidade muito grande. Nós não temos uma preocupação nesse sentido porque acho que a população tem entendido, tanto é que as críticas que foram geradas não foram tão grandes assim em relação à expectativa que muitas pessoas tinham.

O senhor preside a Comissão de Minas e Energia, duas áreas que demandam soluções para contribuir para o desenvolvimento do estado. Como a comissão pode contribuir para com esses dois setores?

Eu assumi essa comissão, mas não desenvolvemos ainda o papel que temos que desenvolver nela porque estamos fazendo primeiramente um mapeamento para quando iniciarmos as audiências públicas.Eu tenho participado de fóruns e esses dias participei de um fórum no qual  a Anglo American, que tem uma base industrial na cidade de Barro Alto e outra na cidade de Niquelândia, apresentou os investimentos que eles irão fazer pela expectativa de vida útil das jazidas. Se a jazida tem uma vida útil de 18 anos, naquele primeiro momento de exploração há um de ICMS para os municípios e para o estado de Goiás, gera mão de obra, muitas pessoas chegam para trabalhar naquela cidade. Findando esse processo, qual responsabilidade que essa empresa tem? Ela precisa desenvolver um programa socioeconômico para a cidade, tem que desenvolver também uma questão ambiental para superar o desgaste que houve naquela exploração, tem que pensar uma questão educacional para o município. São coisas nesse sentido que o estado tem que buscar, tanto o desenvolvimento social, a compensação de modo geral, porque amanhã, quando a empresa for embora, a cidade fica abandonada, sem receita, a população fica sem emprego. Essas discussões têm que andar juntas,  não tem como separá-las. 

É o caso de Minaçu, que é dependente da exploração de amianto e que, de vez em quando, é suspensa.

O que estamos vivendo em Minaçu hoje. Eu conversei com o prefeito Carlos Lereia, com Roger Seabra, assessor do governador Ronaldo Caiado, exatamente sobre isso. É o que acontece em todos os lugares, na exploração de ouro em Pilar de Goiás, em Crixás, em Alto Horizonte e em várias áreas onde existe a exploração mineral. O  que nós precisamos é dessa compensação, é discutir a sustentabilidade  econômica, educacional, ambiental e, de um modo geral, a social, que é o que vai sobrar para os municípios. O desenvolvimento chega, mas as riquezas vão embora. Geralmente são empresas multinacionais,  grandes empresas que não estão aqui em Goiás, investindo diretamente na consolidação do desenvolvimento da cidade e do estado e, sim, na exploração mineral. Essa balança tem que ser feita e a atuação nossa é nesse sentido. Discutimos isso no fórum da Anglo American e tivemos, no primeiro dia, uma convocação para a Equatorial, o presidente e toda a diretoria vieram, apresentaram os investimentos que irão fazer, mas não deram prazo para resolver a questão energética de Goiás, principalmente em relação à geração de energia e à rede de transmissão. Outro ponto importante – e vamos ter uma reunião com  André Rocha Lima, secretário-geral do Governador, para discutir – é a  questão energética de Goiás. Os investimentos na energia fotovoltaica, a energia eólica, porque aqui é um ponto alto e dá para fazer um trabalho nesse sentido e, baseado nisso, começar a discutir alguns outros caminhos que possam dar essa sustentabilidade que nós falamos, comentamos e precisamos tanto ter de fato consolidada.

O senhor é líder do MDB na Assembleia Legislativa. Qual será o papel do senhor no processo legislativo?

É tranquilo porque todos do MDB fazem parte da base do governo. Não  temos tanta polêmica nas discussões. É claro que, chega uma matéria, existe a necessidade de conversarmos e muitas vezes de chamar o governo para fazer algum esclarecimento e algumas mudanças.

Dê-me exemplos de sugestões de mudanças que propuseram.

Eu fui relator do sistema ferroviário de Goiás, que é um avanço que Goiás está dando, um dos primeiros estados a fazer isso, porque estamos no centro ferroviário hoje. Minas Gerais sempre foi o eixo do rodoferroviário. Goiás agora, com a Fico (Ferrovia de Integração Centro-Oeste) com a Ferrovia Norte-Sul, com ferrovias que estão sendo construídas, interligando com a malha rodoviária que chega agora, esse  projeto facilita a vida daquelas empresas que têm um potencial de exportação muito grande. Antes, havia a Ferrovia Norte-Sul, mas a  empresa estava a 20 quilômetros dali. O empresário que queria montar um ramal da empresa até a ferrovia tinha que pedir autorização ao governo federal, licença ao Ibama. Hoje não. Com esse projeto aprovado, o governo do estado pode autorizar a construção desses ramais. Durante essa discussão, surgiram algumas polêmicas que  precisavam ser excluídas. Chamamos o setor empresarial, o setor público, o setor rodoviário e ferroviário e, no entendimento, o governo achou melhor aquele encaminhamento e foi feito. Não é discussão, é uma questão de pontuação. Muitas vezes, imaginamos que um jeito é o melhor, mas aí vem o outro e dá uma ideia pequenininha que faz uma mudança e o projeto fica redondo, como eu tenho certeza que ficou esse projeto do sistema ferroviário de Goiás.

Qual o projeto eleitoral que o senhor defende para o MDB em 2024 e 2026?

Eu acho que, naturalmente, pelo desempenho que o presidente Daniel Vilela tem tido, pela ligação e também pelas tarefas dadas ao vice-governador pelo governador na interlocução com o  governo do presidente Lula e as missões dadas ao vice-governador pelo governador indicam essa unidade administrativa e, consequentemente, pavimentam muito bem para que, no próximo pleito, o Daniel possa ser o candidato ao governo de Goiás. Esse é o desenho do partido, esse é o desenho do governo, essa é a esfera de conversação e o Daniel tem sido muito habilidoso na condução, juntamente com o governador, de trazer os partidos para ajudar na administração, como foi o compromisso feito pelo governador de ter a participação de todos aqueles que o reconduziram ao governo de Goiás. O governador é um homem de palavra e tem atendido todos os compromissos firmados, tanto é que todos os partidos estão já contemplados na contribuição para uma melhor governabilidade do estado de Goiás. 

E para 2024, qual é o projeto do MDB? Ana Paula Rezende é uma  possibilidade? 

Ana Paula é um nome e ela tem uma bagagem forte do seu pai, da sua mãe, da estrutura do partido aqui em Goiás. Sem dúvida nenhuma é um nome que tem força, que tem peso. Não significa que é o único nome que o partido tem. A pessoa que muitas vezes está totalmente fora daquele contexto político pode, de uma hora para outra, aparecer e cair na graça tanto do partido como também da população Nós temos outros nomes  do MDB que podem vir a concorrer à Prefeitura de Goiânia. 

Pode citar alguns? 

Eu não vou nem citar para não gerar polêmica. A imprensa já colocou alguns nomes e, internamente, achamos que não é hora disso ainda. Nós temos uma convivência muito boa com o prefeito Rogério Cruz e as coisas têm que ir andando e a gente ir sentindo isso aí. A política é muito dinâmica. O que a gente fala aqui agora pode ser que mude totalmente amanhã. Sou meio precavido nessa fala. Falei da Ana Paula porque é um nome que tem dado uma repercussão positiva aqui em Goiânia. Até porque ela tem o recall eleitoral do pai dela, das últimas administrações, tem um sentimento da população em relação ao Iris e dona Iris, que também nos deixou.  A população é reconhecedora  dos trabalhos realizados e o povo é sentimental. A Ana Paula teve um trabalho muito próximo do prefeito nos últimos anos da administração dele, conhece muito Goiânia, conhece muito a administração da cidade e realmente é um nome que tem um peso muito forte dentro do partido para disputar. 

O MDB tende  a ter candidato próprio ou pode apoiar vir apoiar por exemplo o Bruno Peixoto que já demonstrou interesse em sair candidato a prefeito de Goiânia? 

Nós estamos vivendo uma unidade com o União Brasil muito grande. O governador já declarou que vai trabalhar muito forte, juntamente com  Daniel, para que em todos os municípios os dois partidos possam caminhar juntos. Isso não é regra geral, mas vão trabalhar principalmente nas 40 maiores cidades do estado de Goiás. Além disso,  temos tantos nomes também dentro do União Brasil que podem vir a ser cabeça de chapa, com apoio do MDB. O MDB é um partido que tem nomes para disputar a cabeça, mas também, sem nenhum tipo de disputa, para ter um confronto com o União Brasil. Nós vamos trabalhar para ter essa unidade em todos os municípios do estado. Onde tiver o candidato do MDB, o União Brasil pode ser o vice ou nem lançar um candidato, mas apoiar, e o mesmo caso do PMDB. O entendimento nosso é que a união está muito muito forte para ter esse encaminhamento por todo o estado. O Bruno Peixoto é um nome que tem se destacado pela maneira com que ele assumiu a Assembleia e pela maneira dinâmica com que tem exercido a presidência desta casa. 

Mas não seria importante para o MDB conquistar algumas prefeituras para manter seu protagonismo no estado?

Nós iremos buscar candidatura própria nos municípios. O entendimento é que essas candidaturas possam andar juntas. Em política, muitas vezes você avança e muitas vezes, com inteligência, é necessário refluir. Hoje a maturidade política tanto do Daniel quanto do governador tem mostrado isso. O MDB tem o protagonismo dele forte em todos os municípios e vai buscar a candidatura, mas caso o candidato União Brasil esteja em situação melhor, com uma projeção mais segura de ganhar, por que nós não refletirmos e apoiamos o candidato do União Brasil? No mesmo caso, se o MDB está em uma situação melhor na cidade, por que temos que insistir com o candidato União Brasil? Nessa linha é que nós estamos conversando. 

 

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