Por Maria Paula Miranda Chaim
Por que uma criança vai ao psicólogo? Muitas vezes sou indagada sobre isso. A pergunta nunca vem desacompanhada de comentários. “Crianças não têm traumas, não precisam fazer terapias”. “Vou levar meu filho para a psicóloga SÓ para brincar?”. “Meu filho nem fala ainda, como a psicóloga pode ajudar?”. Esses são apenas alguns exemplos de inúmeros que escuto rotineiramente. Por isso, é importante falar sobre o conceito de psicologia infantil: um ramo das ciências humanas que tem como objetivo estudar a criança em sua totalidade.
Na minha atuação profissional, fica cada vez mais evidente que, a partir do brincar, das experiências prazerosas e das relações familiares, a criança tem a possibilidade de expandir suas habilidades e diminuir suas limitações ou suas dificuldades. E quais seriam essas limitações ou dificuldades que a criança apresentaria para que a família identificasse a importância de levá-la ao psicólogo? Cito algumas, de acordo com as demandas do meu consultório: atrasos de desenvolvimento; diagnósticos de transtornos do neurodesenvolvimento, como transtorno do espectro autista, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, deficiências intelectuais e transtornos de comunicação; dificuldades relacionadas à socialização e aprendizagem escolar; medo, timidez, agitação, agressividade, falta de concentração, intolerâncias, ansiedade, tristeza e manias; mudanças no contexto familiar como separação e luto; e, não menos importante, prevenções.
É importante destacar que não existe contraindicação para criança realizar terapias. Porém, deixo aqui um alerta aos pais: conheçam os profissionais que estão trabalhando com seu filho e busquem aquele que tenha conhecimento adequado para realizar as intervenções necessárias. A terapia infantil precisa ter o envolvimento da família. Leve em conta, sempre, profissionais que tenham ética em suas atuações, tanto com a criança, quanto com você. Reflita: a serviço de que, de quem e por que meu filho está em terapia? É realmente a criança que precisa de suporte? Se você tem dúvidas sobre o desenvolvimento de seu filho ou está com alguma demanda em sua casa que mereça uma atenção especial, procure o auxílio de especialistas. Não espere as dificuldades se agravarem para buscar suporte!

Maria Paula Miranda Chaim é mestre em Psicologia com ênfase em Psicopatologia Clínica e Psicologia da Saúde pela PUC Goiás. Tem certificação para atuar com o modelo de intervenção DIR/Floortime, criado nos Estados Unidos para auxiliar crianças com atraso no neurodesenvolvimento.