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‘Atinge o coração do governo’, diz cientista político sobre investigação na Prefeitura de Goiânia

Configura positivo para Rogério Cruz, conforme afirma, a variável oferta de candidatos. ‘Muita gente tem colocado o nome, mas, até agora, nada muito confirmado'


Avatar Por Redação Tribuna do Planalto em 25/03/2024 - 18:25

Por: Thiago Queiroz

Deflagrada pela Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor), a Operação Endrôminas atingiu não só a gestão do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), mas também sua viabilidade política. É o que afirmam um cientista político e um vereador aliado ouvidos pelo Tribuna do Planalto.

São alvos da operação o presidente da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), Alisson Borges; o presidente da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), Luan Alves; e o secretário de Infraestrutura, Denes Pereira. “A investigação atinge o coração do governo”, diz o cientista político Guilherme Carvalho.

Mas o cientista argumenta que o caso do prefeito Rogério Cruz tem outros elementos muito mais complexos para se pensar neste momento. Primeiramente ele argumenta que embora o prefeito conte hoje com a estrutura da prefeitura para ser um candidato viável, ele terá de lidar com o alto custo para conseguir ampliar as bases eleitorais. “Pois teriam que ser bases eleitorais necessariamente clientelistas, ou seja, são aquelas bases que ganham benesses de curto prazo e promessas mais à frente de cargos e tudo mais para poder apoiá-lo nesse momento.”

Outra dificuldade é a falta de identidade e de nicho a se explorar, segundo Carvalho. “Ele vem da Igreja Universal e não do segmento evangélico. Quer dizer que ele se choca, por exemplo, com candidatos que vêm do segmento ou que conseguem reunir o voto evangélico como, por exemplo, o Gustavo Gayer.”

Para Carvalho, a nacionalização da eleição em Goiânia, na disputa entre Gustavo Gayer, representante legítimo da direita, e Adriana Acorsi, da esquerda, deixaria de fora o prefeito. “Nesse sentido, o Rogério Cruz receberia mais um duro ataque contra a sua viabilidade de candidatura.”

Carvalho esclarece, no entanto, que o mais grave para a viabilidade de Rogério Cruz é a baixa aprovação nas pesquisas, com altos índices de ruim e péssimo (próximo dos 50%, segundo o Instituto Paraná Pesquisas). “Neste momento, ainda não se configura como uma intenção de voto, mas como uma análise probabilística dele buscar votos ideológicos, por exemplo. Então, assim, chances baixíssimas.”

Configura positivo para Rogério Cruz, conforme diz o cientista, a variável oferta de candidatos. “Muita gente tem colocado o nome, mas, até agora, nada muito confirmado. À exceção de Gustavo Gayer e Adriana Acorsi, todo o resto ainda está muito instável. Vai depender muito desse meio de campo, contra quem ele vai competir, isso é essencial. Se a gente entender quem vem pelo centro e pela direita, a gente consegue entender as chances do Rogério Cruz, que nesse momento, semana após semana, só vão diminuindo, cada vez mais ele poder chegar aí numa competição para a reeleição e ser o grande ‘patinho feio’, digamos assim.”

Corrupção e eleitor
Vereador da base de apoio ouvido pela Tribuna do Planalto chama a atenção para o fato de o termo corrupção enfraquecer Rogério Cruz para o debate ante a maioria dos adversários. “A operação acrescenta um item ainda mais grave a um conjunto de problemas: a suspeição de prática de corrupção, um tema muito sensível para o eleitor.”

Segundo ele disse em anonimato, a viabilidade da candidatura do prefeito à reeleição já estava bastante prejudicada ainda antes da operação, e que agora se agravou ainda mais. Ele também cita os números da avaliação de governo e “as diversas crises da gestão”. “A ausência de marcas administrativas e a dificuldade em reunir apoio partidário traçavam um cenário muito conturbado, difícil de ser revertido”, finaliza ele.