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Audiência pública debate impactos da retirada de estacionamentos em avenidas de Goiânia


Avatar Por Redação Tribuna do Planalto em 20/02/2025 - 10:30

Audiência pública debate fim do estacionamento em grandes vias de Goiânia (Foto: Divulgação)

A Câmara Municipal de Goiânia promoveu, na tarde desta terça-feira (18), uma audiência pública para discutir os impactos das recentes mudanças viárias implementadas pela Prefeitura. As medidas, que incluem a proibição de estacionamentos ao longo de avenidas importantes e a criação de faixas exclusivas para ônibus e uma terceira faixa para outros veículos, têm gerado preocupações entre comerciantes, que alertam para os prejuízos econômicos causados pela iniciativa.

A audiência foi proposta pela vereadora Kátia Maria (PT) e contou com a participação do vereador Sanches da Federal (PP). O evento reuniu cerca de 100 comerciantes, 90% deles da Avenida Jamel Cecílio, uma das mais afetadas pela nova configuração do trânsito. Representantes do comércio, como o presidente do Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás (Sindilojas-GO), Cristiano Caixeta, destacaram que a medida pode levar ao fechamento de lojas e ao aumento do desemprego na capital.

Os lojistas presentes ao debate relataram que a retirada das vagas de estacionamento afastou os consumidores, reduzindo drasticamente o faturamento das empresas. “A maior preocupação dos lojistas com a implantação dessa terceira faixa é o fechamento de lojas e o desemprego que isso irá acarretar”, afirmou Cristiano Caixeta. “A falta de estacionamento faz com que o cliente não vá até aquela região onde estão as empresas. Isso afasta os clientes, diminui as vendas e pode ocasionar demissões e até o fechamento de lojas”, alertou.

O presidente do Sindilojas-GO citou o caso da Avenida T-63, onde uma medida semelhante foi implantada há dez anos, resultando no fechamento de diversos estabelecimentos comerciais. “Se passarmos hoje na T-63, ainda veremos muitos imóveis para alugar ou vender. Lojas que fecharam suas portas e os imóveis deixaram sequer de atrair novos empresários. A recuperação foi muito lenta e, em alguns casos, nem aconteceu”, afirmou.

A comerciante Márcia José Stevanato, que possui uma loja na Avenida Jamel Cecílio, também manifestou sua indignação. “O movimento nas nossas lojas despencou. E agora, como vamos sobreviver e pagar os impostos?”, questionou. O advogado José de Alencar, que representa lojistas da Avenida 136, reforçou o apelo. “A nossa situação ali é dramática. Nós precisamos urgentemente de uma solução”, disse.

Os comerciantes também reclamaram da ausência de diálogo por parte do Executivo municipal antes da implementação das mudanças. Segundo eles, não houve qualquer consulta prévia para avaliar os impactos das alterações viárias. “Nos sentimos desrespeitados, tanto como cidadãos quanto como eleitores do atual prefeito”, afirmou um dos empresários presentes.

A vereadora Kátia Maria criticou a falta de transparência na condução do Plano de Mobilidade da Prefeitura e cobrou a suspensão imediata das medidas até que sejam amplamente debatidas com a sociedade. “Quando vamos discutir a mobilidade da cidade, temos de ouvir os diversos segmentos impactados: lojistas, motoristas, pedestres, usuários do transporte público, ciclistas e especialistas em trânsito”, argumentou. “Esse método da Prefeitura é muito ruim, me parece até autoritário, porque não conversam com ninguém e vão fazendo de forma picada”, acrescentou.

Kátia também destacou que nem mesmo a Câmara Municipal foi consultada sobre as mudanças. “Nós, parlamentares, não fomos ouvidos. Não debatemos essas alterações aqui na Casa, que é o ambiente para se discutir a cidade”, criticou.

A audiência contou com a presença do secretário municipal de Engenharia de Trânsito, Tarcísio Abreu, que, no entanto, permaneceu no evento por menos de dez minutos, alegando outros compromissos. Ele deixou como representante o chefe de gabinete da pasta, Ciro Meirelles. Durante sua breve fala, Tarcísio Abreu justificou as medidas afirmando que o trânsito na capital é insustentável e que “algumas ações não são tão boas, mas são necessárias”.

Segundo o secretário, Goiânia tem uma frota de aproximadamente 1,3 milhão de veículos para uma população de 1,5 milhão de habitantes, o que resulta em uma velocidade média de apenas 12 a 13 km/h. Ele defendeu que a implantação da terceira faixa faz parte do ‘Programa de Desobstrução das Vias Arteriais’, uma iniciativa da Prefeitura para melhorar a fluidez do trânsito.

No entanto, os comerciantes questionaram a falta de apresentação de dados técnicos que comprovem a eficácia das medidas e cobraram alternativas que minimizem os prejuízos ao comércio local.

Como resultado da audiência pública, a vereadora Kátia Maria anunciou que um relatório sobre o debate será enviado à Prefeitura e aos lojistas, além de solicitar uma reunião com a Secretaria Municipal de Engenharia de Trânsito (SET) para buscar soluções. Ela também sugeriu a criação de uma comissão ou grupo de trabalho composto por representantes do comércio e especialistas em mobilidade urbana.

Kátia reforçou o apelo para que a Prefeitura suspenda a implementação da terceira faixa e retome o diálogo com a sociedade. “É preciso ceder de cá e ceder de lá para chegarmos a um meio-termo, que seja bom para todas as partes”, concluiu.

 

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