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“Bruno Peixoto já fez sua escolha: ser presidente da Assembleia”


Andréia Bahia Por Andréia Bahia em 14/01/2024 - 00:10

Delegado Waldir Soares, presidente do Detran Goiás e presidente do UB de Goiânia

Presidente do diretório metropolitano do União Brasil, delegado Waldir acredita que o presidente da Assembleia, deputado Bruno Peixoto (UB), já recebeu sua cota de poder, dando a entender que não apoia sua candidatura a prefeito de Goiânia. O prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), por sua vez, não teria demonstrado ter as habilidades de gestor de que Goiânia precisa; já em relação a Jânio Darrot (MDB), Waldir não coloca obstáculos ao seu nome, afirmando inclusive que o candidato a prefeito não precisa ser filiado ao União Brasil. Sobre o Detran, órgão que assumiu em março do ano passado, o delegado se dispôs nesta entrevista a prestar contas da receita de R$ 1,2 bilhão que arrecadou. E afirmou que o Detran “banca” ações, salários e programas do governo.

TRIBUNA DO PLANALTO – O senhor assumiu o Detran, prometendo acabar com a corrupção no órgão. Conseguiu? Por que as fraudes são tão comuns nesses órgãos, como se dão e quem são os envolvidos?

DELEGADO WALDIR SOARES – Quando o governador Ronaldo Caiado me chamou disse: tenho um órgão que é um desafio para qualquer gestor e você tem o perfil. Você tem condições de ir lá e arrochar, porque é um órgão problemático?  Quando cheguei me deparei com muitos problemas. No primeiro dia, o chefe da Polícia Militar aqui no Detran me perguntou quantos policiais eu queria para andar comigo, porque dos dois últimos presidentes um foi ameaçado e o outro teve seu carro crivado de balas. Você acha que isso me intimidou? Não me intimidou. Com poucas semanas aqui nós fechamos a maior Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) de  Goiás, a de Aparecida de Goiânia. Os 20 funcionários estavam envolvidos em corrupção. Vamos comemorar, agora em março, um ano de gestão e muita gente apostava que não ficaria nem um mês; muita gente trabalhou para tentar me derrubar  e muita gente não acreditava que eu fosse persistir. Nesse período, afastamos quase 100 servidores dos 1,2 mil, quase 10%.  A prática anterior era a seguinte: quando se tomava conhecimento de um fato ilícito, o caso ia para a gerência de atendimento; de lá ia para o diretor; do diretor para a auditoria e dela para a corregedoria. O processo demorava de um a dois anos e o funcionário continuava no Detran, trabalhando e metendo a mão. Depois ia para a Polícia Civil. Ao assumir a presidência, ampliamos os canais de comunicação e reforçamos a auditoria, a corregedoria e a ouvidoria. O presidente tem que ser o primeiro a tomar conhecimento do fato agora, isso é norma interna, e imediatamente tiramos a senha do servidor que dá acesso ao sistema. Segundo passo, afasto o servidor e mando para qualquer outro órgão. Eu já fiz mais de 40 comunicações à Polícia Civil e ao Ministério Público de fatos praticados por servidores que eu já afastei e que vão ser investigados. Nós criamos o serviço de inteligência, que não tinha, e é comandado por um policial civil. O Detran é um case de sucesso porque montamos uma equipe perfeita. Vamos acabar com a pobreza, com o crime, com a corrupção? Podemos reduzir e ter ferramentas para combater e, com certeza, qualquer pessoa que vá fazer qualquer coisa errada no Detran tem um pé atrás, porque sabe que vai dar problema e que o Detran tem presidente, alguém que comanda. 

O Detran assumiu para si o trabalho de melhoria na sinalização de trânsito em diversas cidades. Em tese, a função do Detran é promover educação para o trânsito, planejar, coordenar, executar e controlar ações relacionadas à habilitação de condutores, documentação e serviços para veículos. Por que o Detran de Goiás está realizando ações de outros órgãos do estado?  Seria legal?

A atribuição do Detran é preservar a vida e evitar acidentes. Esse é um projeto do governo do estado voltado para os municípios que não têm tido recursos, porque tiveram uma perda de ICMS no ano passado. É o governo entregando produtos que os municípios não têm condições de executar. No ano passado realizamos em 246 municípios e, para este ano eo  ano que vem, temos projeto para sinalizar novamente os municípios nos quais a sinalização já estiver vencida e de instalação de semáforos, que também não é atribuição do Detran, e de  instalação de faixas elevadas. O o Detran tem que fazer voltar ao cidadão aquilo que  recolhe em licenciamento e multa. Fazemos o repasse mensal de quase R$ 10 milhões para a Goinfra (Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes) e quando se vê uma duplicação e asfalto sendo feito na cidade, é dinheiro do Detran. Prestação de contas que o Detran não fazia. Não se vê mais o problema de falta de combustível na polícia porque o Detran paga a conta; não se vê mais helicóptero sem combustível porque o Detran paga a conta; as locações de carro de toda a polícia, bombeiros, polícia técnica, polícia penal, polícia civil, de todas viaturas quem paga a conta é o Detran. 

Mas isso é legal? A receita do Detran não tem destinação definida por lei?

É aprovado pela Assembleia. Quando se vê um Vapt Vupt funcionando quem banca é o Detran. Para o Tesouro o Detran repassa 30% para pagar médico, professor, funcionalismo público, juiz, promotor, 30% do funcionalismo quem paga é o Detran. O Detran é uma grande mãe e acolhe todos os seus filhos com muito carinho. Mas ao longo da história nunca se contava esses fatos para o cidadão. Agora, o presidente do Detran conta para onde vai o dinheiro, porque até então a Goinfra fazia o serviço, mas o dindin que entra lá uma parte é do Detran. Todo mundo está vendo a qualidade da segurança pública de Goiás e quem está colaborando com esse sucesso é o Detran, porque não falta viatura nem combustível; as unidades do Vapt Vupt tudo funcionando, atendendo muita gente. Quem está bancando essa estrutura? O Detran. Funcionalismo público está contente em Goiás, salário em dia, salários são bons, mas quem que está ajudando a pagar conta? É o Detran. Quando o servidor público recebe o contracheque dele tem que dizer, obrigado Detran, porque o Detran está ajudando; o policial que não tem mais que empurrar a viatura,não tem que pedir esmola para abastecer a viatura, obrigado Detran; professor quando recebe salário dele, obrigado Detran. Da arrecadação do Detran nós prestamos conta. Nós somos o segundo maior arrecadador e o Detran é, no estado, aquele que atende a maior quantidade de pessoas online e presencial. 

Qual a arrecadação anual do Detran?

Em 2022 foi de R$ 850 milhões e conseguimos R$ 350 milhões a mais, para R$ 1,2 bilhão em 2023. Dinheiro que vai voltar para o cidadão. Na mão do delegado Waldir vai voltar e eu conto para onde vai.

Ao assumir, o senhor declarou que iria atacar a Canaã e estabeleceu prazos para que as empresas se adequassem à chamada lei do desmonte. Todavia, a fiscalização na região tem encontrado resistências até mesmo entre parlamentares. Das 4 mil lojas de desmonte que existem em Goiás, quantas foram regularizadas? 

Essa atribuição era da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos e passou para o Detran e vamos cumprir a lei. Eu tenho dialogado o tempo todo com o setor. Ano passado, em dezembro, pedimos uma portaria, com vencimento até 31 de janeiro, e criamos, a pedido deles, um registro simplificado. A partir de 31 de janeiro, um abraço. Quem estiver regularizado trabalha e quem não estiver, nós vamos fechar. Estamos preparando uma grande ação em parceria com a Delegacia de Furto e Roubo de Veículos, com a Polícia Militar, com a GCM, Polícia Rodoviária Federal, com todos os atores necessários para  fiscalizar estabelecimento por estabelecimento. Quem estiver vendendo peças sem selo e quem não tiver registro vai ser fechado. De 4 mil empresas, o Detran tinha apenas 55 cadastradas. Vamos ver o que vai acontecer no final de janeiro.O Detran vai ser intolerante com quem não tiver cadastrado. 

O senhor se comprometeu a reduzir os custos da emissão da CNH, que quando assumiu, custava entre R$ 2,5 mil e R$ 4,5 mil. Por que não conseguiu?

Esse é um trabalho que tem sido feito em parceria com a Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito) e nós já temos alguns passos. O Detran fez uma parceria com o Instituto de Identificação da Polícia Civil e está fornecendo equipamentos para levar para todas as cidades a possibilidade de fazer identidade e CNH no mesmo equipamento. A CNH deveria ser semelhante à identidade e ter um custo baixo, porque a CNH é uma ferramenta social. O problema é que, ao longo do tempo, no Brasil, não em Goiás, mantiveram-se os monopólios de autoescolas, de médicos, de psicólogos, de pessoas que ganharam muito dinheiro no final. O Detran de Goiás tem que enfrentar esses monopólios para poder reduzir o preço. O Detran já quebrou o monopólio das autoescolas para permitir que as autoescolas cheguem a todos os municípios e, da mesma forma, fizemos com médicos e psicólogos. Depois de 40 anos, Goiás vai ter um concurso público para examinadores para fazer banca em todos os municípios e todas essas ações vão levar à redução do custo da CNH. CNH é cidadania, não podemos ter um cidadão de primeiro e segundo mundo, o cidadão que tem condições para fazer CNH e aquele cidadão do interior de Goiás cuja habilitação poderia dar emprego a ele e não tem condições de fazer. Como ele vai pagar de R$ 2,5 mil a R$ 5 mil?  É algo que não é fácil de mudar, mas o Detran Goiás se orgulha de estar sendo o vetor dessa mudança. 

O nome do senhor aparece bem nas pesquisas de intenção de votos em Aparecida de Goiânia. A candidatura a prefeito é uma possibilidade? 

O delegado Waldir aparece bem nas pesquisas em Aparecida, em Goiânia, em Senador Canedo, em Goianira. A minha possibilidade é a que o governador entender. É antiético e imoral da minha parte, estando presidente do Detran, pensar em ser prefeito de qualquer cidade. Se amanhã o governador Ronaldo Caiado e o grupo político dele decidirem que eu tenho que ser candidato, eu sou soldado e soldado cumpre ordem. Mas meu  projeto hoje é  ser o melhor presidente de Detran do país. Para se ter uma ideia,  saímos da medalha de bronze na transparência da CGE para a diamante. Em menos de um ano de gestão. Nunca nenhum órgão conseguiu isso. 

Em Goiânia, o senhor defende um nome do União Brasil para prefeito? 

Tem que ser o melhor nome que surgir nessa construção e não tem necessidade de ser do União Brasil, pode ser do PP, do MDB, do Republicanos ou de qualquer partido que esteja aliado ao governador Ronaldo Caiado. Não existe esse interesse de que o nome seja do União Brasil.

Como o senhor vê a pré-candidatura de Bruno Peixoto (UB)? 

Bruno Peixoto é presidente da Assembleia, ele foi reeleito presidente da Assembleia. Ele tem o sonho de ser prefeito de Goiânia; Francisco Júnior, que me visitou aqui, também tem um sonho; Vanderlan (Cardoso), Adriana Accorsi, Gustavo Gayer também têm um sonho, eu tenho, você tem. Mas temos que entender que essa decisão da escolha é muito importante porque ela reflete em 2026. O governador, para mim, é pré-candidato a presidente da República e não podemos errar nas escolhas agora. 

O Bruno seria um erro? 

Não é que Bruno seria um erro. É que ele fez uma escolha, ser presidente da Assembleia, e  ele foi reeleito agora. 

O senhor acha que ele já fez a escolha dele. 

Ele escolheu ser presidente da Assembleia. Se ele não tivesse sido reeleito, bacana; mas ele foi reeleito presidente da Assembleia. Ele fez uma escolha. Nós temos que entender que temos muitos atores, muitas pessoas capacitadas no grupo do governador Ronaldo Caiado e não podemos dar todo o ouro para apenas uma pessoa. Temos que distribuir as possibilidades para vários atores. Porque senão nós não somos um grupo. O Bruno foi premiado com o maior desejo de qualquer pessoa em Goiás hoje, que é ser presidente da Assembleia. 

Jânio Darrot precisa se filiar ao UB para ser candidato? Como avalia o nome dele?  

Não é necessário ir para o União Brasil para ser o candidato do grupo. Para ser candidato, a pessoa tem que se viabilizar politicamente, cair na graça do povo e ser gestor. Quem vir a  ser prefeito de Goiânia não pode errar, tem que ser pragmático, tem que fazer gestão, tem que transformar Goiânia em uma das melhores cidades para se viver. O próximo gestor, em quatro anos, tem que fazer 40; fazer Goiânia ser semelhante a Curitiba e às melhores cidades para viver no mundo. Goiânia está precisando de um choque de gestão. O que se precisa é de alguém que tenha essa capacidade de gestor e que venha para somar para o grupo. Temos que pensar que se essa pessoa for competente vai refletir amanhã na campanha do Daniel (Vilela), que é o nosso candidato a governador, vai refletir em Ronaldo Caiado, que tem 75% de avaliação (positiva) e é o meu candidato a presidente da República.

Por que Goiânia precisa de um choque de gestão? A administração do Rogério Cruz não é boa? O apoio do União Brasil à reeleição de Rogério Cruz já está descartado?

Rogério Cruz é uma excelente pessoa e eu tenho um carinho muito grande por ele, ele está em um partido muito importante, que é o Republicanos, é uma pessoa de extremo caráter,  mas vimos agora as enchentes, o problema da Comurg. Goiânia precisa de alguém que traga a solução para seus problemas, precisa que as obras acabem, precisa de modernização, precisa de gestão. Rogério Cruz é uma excelente pessoa, muito bem relacionado, mas infelizmente ele tinha contas a pagar, seja com o grupo A, com o grupo B, com o grupo C. Ele foi parlamentar por muito tempo, mas não soube costurar e esteve sempre refém da Câmara de Vereadores. Vereador, deputado estadual, deputado federal, senador é para ser respeitado, mas precisa permitir a quem governa fazer gestão. Acima dos interesses de cada agente político está o interesse do povo.

Isso quer dizer que o União Brasil não pensa em apoiar Rogério Cruz?

Essa decisão não é minha, é do governador Ronaldo Caiado.

Mas o senhor é presidente do diretório metropolitano do União Brasil. Como presidente metropolitano, qual sua opinião?

A decisão é do governador Ronaldo Caiado. Eu, como presidente metropolitano, delego essa atribuição ao governador Ronaldo Caiado. Considerando a importância do fato. O vice não pode tomar decisão pelo presidente; é o CPF do governador que está em jogo. Se eu fosse o presidente eu daria a resposta para você. 

Sua passagem pelo Congresso lhe rendeu boas aparições na mídia nacional. E até hoje não se sabe se o que lhe atribuíram era verdade. Uma das coisas que diziam do senhor é que entrou no Congresso armado. É verdade?

Não, eu sou legalista. Eu estava com o coldre e ele é semelhante à arma. Eu ia até o Congresso armado, mas deixava a  arma na caminhonete para não entrar armado na Câmara. 

Na CPI da Petrobras, o senhor soltou ratos durante o depoimento do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto?

Eu reservo o meu direito constitucional de permanecer calado. 

Qual seu projeto político, parlamentar ou executivo? 

Meu projeto político é aquilo que o governador Ronaldo Caiado decidir. Pergunta para ele qual é o meu futuro político e ele vai te responder. Eu tenho um líder e tenho que seguir meu líder. Lealdade e fidelidade. 

Sua relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro foi de altos e baixos. Inclusive, ele respondeu a processo por gravação em que pede apoio contra o senhor. O senhor também foi gravado o chamando de vagabundo, e voltou atrás depois de dizer que implodiria o ex-presidente. Como ex-líder de Bolsonaro, qual avaliação faz do ex-presidente hoje? 

Quando o Bolsonaro foi candidato a presidente da Câmara, ele teve quatro votos. O filho dele estava surfando, não voltou para  votar. Quem votou naquela eleição da câmara? O delegado Waldir votou. Em 2018, ele foi candidato a presidente e quem trouxe o ex-presidente Bolsonaro cinco vezes aqui antes da eleição foi o delegado Waldir. Ninguém conhecia Bolsonaro. Quem conviveu com ele na construção do partido não foi Vitor Hugo, não foi ninguém que está ao lado dele hoje. Eu fui escolhido para ser um líder e fui durante um ano. E aí surgiu um problema porque eu era presidente estadual e, quando se aproximava a eleição municipal, o deputado Victor Hugo passou a ter interesse em ser presidente do PSL. Ele acabou criando picuinhas em relação a isso e o Bolsonaro é influenciável. Ele mandou me derrubar da presidência do PSL em Goiás e pediu para me tirar da liderança. E eu comprei a briga. Eu não blefo, eu não jogo sem cartas. Mas tenho um carinho muito especial pelo ex-presidente Bolsonaro, ele é de direita como eu. Eu sou de direita, não mudei meus conceitos e não vou mudar, nós temos muitas ideias semelhantes. Só que ele tem um grupo ao lado dele que é muito extremista. Eu sou de direita, mas não extremista. Sou cristão, contrário à legalização das drogas, contra o aborto e contrário também àqueles atos em Brasília do dia 8 de janeiro. Essa é a diferença. 

O senhor sempre foi antipetista. O governo Lula tem mais acertos ou erros na sua avaliação?

Eu já fui sindicalista, mas aprendi que você não pode ser extremista. O presidente Lula é semelhante a Bolsonaro, comete erros e comete acertos. Eles têm uma grande dificuldade em relação à Segurança Pública. Veja o Rio de Janeiro, a Bahia, estados semelhantes a Gaza. Bolsonaro trucou, trucou e teve que dobrar os joelhos ao centrão na Câmara Federal. Lula não governa, quem manda no Brasil hoje é Arthur Lira. Lula é o rei do Brasil, o primeiro-ministro é Arthur Lira, o presidente da Câmara Federal. 

Sobre o IPVA, por que a mudança este ano? Qual foi o critério? 

Primeiro temos que distinguir: licenciamento e multas são do Detran e IPVA da Secretaria da Economia. Eu não tenho procuração para falar pela Secretaria de Economia e foi uma  mudança pedida pela Secretaria de Economia; quem aprovou foi a Assembleia Legislativa e foi assinada pelo governador. O Detran não tem nada a ver com isso. Mas temos que pensar o seguinte: em Goiás o desconto para pagamento à vista é de 7%; São Paulo deu 3%; Minas Gerais parcela em quatro vezes e Goiás em dez vezes. Os bastidores dessa mudança eu não posso falar porque não participei dessa reunião.

O Detran fez uma Campanha de Atenção à Faixa de Pedestre. Teve resultado? Por que a faixa de pedestre não pegou em Goiânia? 

É cultural. Em Brasília teve sucesso porque, em seis meses, a Polícia Militar deixou, em cada faixa, um policial. E criou-se o costume. Eu não acho que o motorista goiano é pior, mesmo tendo sido avaliado como o pior motorista do Brasil. Acho que o motorista goiano é muito bom e que ele vai respeitar. Fizemos uma semana muito importante de atenção à faixa de pedestre, pela primeira vez na história que servidores do Detran foram para as ruas orientar o pedestre e, este ano, vamos investir mais, em faixas elevadas e em uma outra campanha mais forte. O Detran está agindo para tentar fazer com que valores que são adotados em Brasília, Curitiba, Palmas sejam adotados também em Goiás. Estamos finalizando o projeto da construção da nova sede do Detran, vamos construir a escola de trânsito do Detran, a primeira do país, e vamos trazer a Delegacia de Investigação de Crimes e Trânsito, o Batalhão de Trânsito já está aqui dentro, trazer a GCM, a Polícia Rodoviária Federal, OAB. E vamos também ter a maior cidade mirim de trânsito de Goiás.

Sobre as empresas credenciadas de vistoria, outro problema que o Detran enfrenta, o TCE determinou que o Detran crie uma comissão para fiscalizar essas empresas.  Como está esse processo? 

O TCE determinou algo que o Detran já tem e o TCE não sabia que temos uma empresa de fiscalização. Quando cheguei aqui, as empresas de vistoria mandavam no Detran e fazia  sete meses que não pagavam um centavo ao Detran. Tinham um débito de R$ 6 milhões. Eu reuni a diretoria e falei: a partir de amanhã quem não pagar tem código suspenso. E para não dizer que sou muito ruim, parcelei o débito em seis vezes. O Detran recuperou R$ 6 milhões de dinheiro perdido que já estão no cofre do Detran. Tínhamos aqui um monopólio. Em cidades com menos de 20 mil habitantes, podia ter apenas uma autoescola. Suspendi a portaria e agora pode ter qualquer quantidade de autoescola em qualquer município. Temos gradativamente modernizado o Detran. Vou dar outro exemplo: tínhamos R$ 10 milhões com as empresas de leilões e fizemos com que depositassem todos os valores que eram do Detran. Se o Detran paga a sua conta, também quer receber o seu crédito. Nós recuperamos no período de um ano quase R$ 30 milhões para o governo, sem  falar no aumento de arrecadação. O crescimento do IPVA se deu graças às ações duras  que implementei, à Balada Responsável, que aumentamos muito a quantidade de operações.