Skip to content

Caiado e Daniel Vilela jogam sem oposição


Vassil Oliveira Por Vassil Oliveira em 05/05/2024 - 07:00

Ronaldo Caiado e Daniel Vilela (Foto: Divulgação)

Não há oposição em Goiás. Vivemos no vácuo entre uma velha e uma nova geração política. Como não
há (ainda) líderes de ponta na nova fornada, não há opositor a quem está estabelecido tem tempo na
ponta de lança governista. Ronaldo Caiado está só, com 86% de avaliação positiva.

No cerradão goiano, Ronaldo Caiado (União Brasil) vem eliminando todos os focos de incêndio que
poderiam abalar sua estrutura política. Recentemente, Bruno Peixoto, deputado estadual e presidente
da Assembleia, o peitou, para tentar ser candidato a prefeito de Goiânia. Voltou ao seu lugar e lá está,
inquieto, mas lá. Dando chutes, mas sob controle tático.

Uma das responsabilidades do governador é esta: abrir caminho para novas lideranças. Até agora, o faz
para Daniel Vilela, seu vice e presidente do MDB. Daniel, que o enfrentou em 2018 para o governo,
agora não faz nada sem o seu aval. Foi oposição, não é mais. Por mais que haja emedebistas e outros
istas incomodados com a presteza de Daniel e na torcida para que se rebele, nada consta neste sentido.

Nem constará, como indica sua disposição em campo.

Caiado e Daniel batem bola juntos. Jogam juntos. Não há jogo descombinado. O jogo jogado segue em
sintonia. Inevitável: estão no mesmo time. Miram o mesmo gol, na prática de resultados. Ambicionam
placar igual, em pretensões diferentes. Para tudo dar certo, ambos precisam dar certo como parceiros.
Isso, sim, é Goiás dar certo na atual política em jogo. Um descuido de parte a parte e o caos estará
instalado para 2026, quando um novo big bang pode acontecer, mas também quando o apocalipse pode
chegar no poder.

Nas eleições deste ano, o único resultado ruim para os dois é a derrota da dobradinha que formam. O
inimigo de um é o adversário do outro. O que faz o pouco fogo cruzado que Caiado enfrenta
internamente empatar com o brando fogo armado contra os interesses em jogo de Daniel. Olhando por
outro lado, o que temos: jogam afinados, enquanto a torcida grita, ou torce o nariz. É a lógica do
gramado.

A oposição que não existe está pronta para brotar. Pode nascer embaixo das traves, no meio de campo
e morrer minutos antes de entrar em campo; pode vir como carrapicho, pode não passar de capim.
Caiado e Daniel somam a partir do momento em que não fazem oposição um ao outro. Jogo mantido,
outubro é só um detalhe. Podem ganhar em campo ou depois, na vitória e na derrota dos adversários.
Quem sabe podem ainda reinaugurar o novo Serra Dourada.

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).