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Cultura e esporte no “novo” ambiente escolar


Avatar Por Redação em 18/05/2021 - 00:00

Por Anna Clelma

Se antes da pandemia de Covid-19 os estudantes, em um dia de aula comum, participavam regularmente de apresentações teatrais e contação de histórias; nos eventos, não faltava a tradicional apresentação da fanfarra, com os alunos organizados em fileiras, uniformizados e tocando os instrumentos musicais, essa rotina virou passado. Agora, a ida ao cinema foi substituída por assistir filmes em plataformas de streaming, os shows se transformaram em lives, e as atividades culturais desenvolvidas nas escolas também tiveram que se adaptar à nova realidade, onde quase tudo acontece dentro de casa.

O Lyceu de Goiânia é uma referência na promoção e defesa da arte e cultura, como explica o diretor, Ricardo Marques, e mesmo com as aulas acontecendo de forma remota, a escola não deixou de realizar essa parte tão importante da educação. Disciplinas como teatro, artes cênicas, artes plásticas, musicalização, coral, entre outras são realizadas normalmente. “A dificuldade que tivemos no início foi a mesma das outras disciplinas. Para resolver algumas questões criamos um regimento específico para esse modelo. Então, o aluno precisa estar com a câmera ligada e em local adequado, por exemplo”.

Para o diretor do colégio, o processo de formação dos professores foi essencial para a adaptação às aulas on-line, e a continuidade das atividades culturais na escola.  O ­superintendente de Desporto Educacional, Arte e Educação, da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), Ítalo Rodrigues Aguiar, esclarece que, atualmente, há 14 cursos disponíveis no Centro de Estudo e Pesquisa Ciranda da Arte, da Seduc. Além disso, 1,1 mil professores estão sendo capacitados nas áreas de linguagens e artes. “Desde o início estamos formando educadores para lidarem com as ferramentas digitais”, afirma o superintendente.

De acordo com informações da Secretaria de Educação, a maioria dos projetos teve continuidade durante a pandemia. É o caso do Arte Educa, em que professores de bandas e fanfarras dão aula em várias escolas da rede, tudo de forma remota. Muitas das instituições que contavam com as aulas de teatro, dança e música na grade escolar mantiveram as disciplinas. Já o projeto Circuito Cultural não está em andamento, mas passa por um processo de readaptação e deve ser lançado no segundo semestre de 2021, afirma Ìtalo Rodrigues. O Festival Arte Educativo de Goiás (Faego), como vai se chamar, contará com atividades como feiras e mostras culturais. A princípio, dentro do ambiente escolar, depois no município e, ao final, serão reunidos os melhores trabalhos.

A promoção da cultura no ambiente escolar é importante porque auxilia o estudante a se desenvolver em outras áreas do conhecimento. “A cultura tem um papel primordial no processo de aprendizagem integral do aluno para que ele tenha uma vida mais sociável”, afirma o superintendente da Seduc. Para César Moura, da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), “é preciso ensinar as crianças para que elas tenham contato, para que possam apreciar, e, principalmente, se tiver vocação, conseguir exercer e estimular as habilidades artísticas. “Vamos levar isso para as escolas com a capacitação para os profissionais e integração com os artistas”.

O secretário afirma que um dos resultados do ensino cultural é o aumento de artistas goianos nessa nova geração. “O objetivo do projeto é dar apoio, no formato de tutoriais,  para as crianças. Queremos que elas tenham contato com a cultura no dia a dia, porque hoje parece que o contato maior é com o videogame. Esperamos, assim, incentivar futuros artistas locais”. Por enquanto, todos os projetos que estão em andamento são feitos de forma remota, mas os planos para o retorno das atividades presenciais são muitos “Estamos preparando todos os espaços culturais para receber os artistas, logo que acabar a pandemia”.

ONG leva atividades à periferia

Pensando na importância de proporcionar o acesso a eventos e atividades culturais, em 2004 foi fundado o Centro Cultural Eldorado dos Carajás. A organização não-governamental atua na região periférica de Goiânia e, constantemente, promove eventos de diversas áreas como literatura, teatro, música, dança e artesanato. A ONG tem como objetivo ajudar na formação continuada da escola pública e, para isso, são feitas articulações diretamente com as escolas. O centro busca levar intervenções culturais de várias vertentes, principalmente da música. “Goiás é conhecido como a terra do sertanejo. Nós buscamos mostrar a variedade da música brasileira”, pontua Ana Lúcia da Silva, historiadora e coordenadora local.

De acordo com a historiadora, “a cultura é um direito universal, porque é uma produção coletiva. Mas na periferia, por exemplo, não tem teatro, não tem sala de shows, nenhuma sala de cinema e as grandes apresentações acontecem nas regiões mais centrais da cidade”. Ainda segundo Ana Lúcia, isso faz com que essa população não tenha um histórico de participação da vida cultural da cidade. Por isso, afirma ela, é fundamental incentivar ainda mais a cultura nessas regiões. “Além de que, encontrar o próprio talento pode levar muitos jovens a terem mais ocupações, sonhos, objetivos de vida e a deixarem o crime”, observa. .

Durante o período de aulas remotas, o centro cultural teve que se adaptar, o que significou uma grande dificuldade, já que muitos alunos não possuem celulares ou computador para acompanhar as atividades. Atualmente, a organização desenvolve o projeto “Cultura da Paz – iguais nas diferenças”, em que são analisadas as ancestralidades portuguesa, indígena e africana, por meio de filmes, shows, etc. “Estávamos acostumados a ir pessoalmente às escolas, tivemos que nos adaptar. Mas, temos conseguido transpor essa barreira”.

Esporte na teoria

A prática esportiva na escola também sofreu grandes mudanças. A Seduc informa que estão suspensas as atividades práticas, porém, a parte teórica é ensinada aos alunos. No caso do ­­­­Lyceu, as aulas práticas de futebol foram substituídas pela Yoga. A instituição que tinha parceria com a Associação Goiana de Basquete e com a Federação Goiana do Tênis de Mesa teve que dar uma pausa nos esportes coletivos e optar pelos esportes individuais. Para o superintendente de Desporto Educacional, Arte e Educação, da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), Ítalo Rodrigues Aguiar, “o esporte é de suma importância para o desenvolvimento motor, social, cognitivo do aluno como uma complementação. Essas atividades fazem com que o aluno tenha uma educação integral”.

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