Um ano depois de se tornar presidente estadual do PL, o senador Wilder Morais arregimenta quase 100 pré-candidatos a prefeito, inclusive nas maiores cidades goianas, e trabalha com a meta de eleger em torno de 60 deles. Para tanto, passou meses fazendo o que um dos integrantes do processo chama de “costura cuidadosa”, lidando com o fogo amigo e evitando “arranhões mais graves”. Isso porque o fortalecimento do partido, do ponto de vista interno, depende da calibragem correta entre o bolsonarismo de carteirinha e a tradição política. Um dos casos que ilustram essa equação foi a chegada conturbada do ex-deputado estadual Lissauer Vieira — que até 2022 era do PSB — ao PL. “O Gustavo Gayer precisou intervir”, comenta uma fonte que coloca em paralelo dois atributos valiosos para uma campanha eleitoral: a experiência alcançada em mandatos pelo candidato, que assim pode atestar ao grande público as credenciais de um gestor municipal, e a paixão aguerrida na defesa de agentes para liderar o processo baseada exclusivamente na identificação ideológica ao modo raiz.
Uma pessoa inteirada das articulações com os municípios, que foram intensificadas de junho a dezembro do ano passado, afirma que uma eleição majoritária competitiva cobra “um passo mais ao centro”, embora também afirme que foram “muito respeitosos com o que pensa o PL”, apontando para os valores caros ao bolsonarismo. Não trazer ao partido oponentes de Bolsonaro em eleições passadas é um deles, bem como não ter sido filiado ao PT.
No topo do PL, os choques entre Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro não provocam efeito cascata no partido em Goiás. Afora o bom relacionamento que mantém com Major Vitor Hugo e Gustavo Gayer, Wilder passou o Natal com o ex-presidente Bolsonaro e, na última semana, esteve com Costa Neto, presidente da sigla. Essa tensão do plano nacional tende a ser superada porque, diferente disso, “o PL sem Bolsonaro perde protagonismo e Bolsonaro sem o PL perde recurso”, um divórcio que faria mal a ambos, além do potencial de implodir as bases de sustentação para que Wilder Morais chegue a 2026 consolidado enquanto liderança goiana e, por consequência, apto para o caso de haver qualquer surpresa no cenário que hoje coloca Daniel Vilela (MDB) como sucessor natural de Ronaldo Caiado (UB), com quem Wilder tem uma relação amistosa e talvez possa somar no projeto presidencial do governador.
Oito ou oitenta
“Fiquei recuado até há poucos dias”, falou Jânio depois de uma temporada em silêncio estratégico com jornalistas, articulações e rede social. Após sinal verde do Palácio das Esmeraldas, o ex-prefeito de Trindade está de volta com “rodadas iniciais de longas conversas”.
Sem querer pressionar…
Darrot também explicou não ser candidato a qualquer custo e que as portas estão fechadas para dialogar com outras legendas. “Eu não quero causar nenhum confronto.” A ideia é não usar a “faca no pescoço” como método para impor à base um projeto goela abaixo e contar com a regência de Caiado para deixar as coisas “muito bem resolvidas, sem fissura, para que não fique ressentimento”.
…mas já pressionando
Na semana passada, o grupo de trabalho para a pré-campanha já estava definido, porém à espera de uma decisão sobre iniciar ou não as atividades. Também existe um levantamento em curso sobre a atual administração e “o momento que Goiânia está vivendo” para elencar prioridades a serem discutidas com os goianienses. “Meu perfil se encaixa com as pesquisas qualitativas pela minha experiência com gestão pública e privada”, mas diante da confirmação de seu nome, “é uma candidatura que precisa ser construída”.
Dois…
Sobre a política em Trindade, Jânio Darrot está “acompanhando à distância, pois o foco é Goiânia”, sem favoritismo. Entende que é legítimo o Dr. George Morais (PDT) almejar a candidatura, tendo sido prefeito por duas vezes e trabalhando “24 horas por dia” na política. “É um candidato fortíssimo.” Quanto a Marden Júnior (UB), “está com a máquina na mão, tem apoio da maioria dos vereadores e partidos, é muito bom de relacionamento”.
…ou um
“Eu vou ouvir o governador. A princípio, por uma questão de coerência, foi meu secretário, eu o ajudei a se eleger. É como se fosse automática (uma preferência), mas respeito muito o Dr. George”, concluiu, ponderando em outro momento da conversa que precisa muito do apoio de todos os partidos da base engajados em sua eventual candidatura, inclusive o PDT.
Primeira pessoa do plural
A presidente do Republicanos em Goiânia, vereadora Sabrina Garcez, se reuniu em Brasília com o presidente nacional do partido, o deputado federal Marcos Pereira, na última semana. Ao final, contou que “vamos continuar trabalhando na formação da chapa, que está bem encaminhada”, no propósito de eleger cinco vereadores.
Terceira pessoa do singular
“Sobre a candidatura do Rogério, essa é uma análise do próprio Rogério. O partido está com ele”, posicionou-se.
No seu lugar
O ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, analisa que a população considera Rogério um prefeito ilegítimo por fatores como ser carioca e ter assumido a gestão depois de disputar na condição de vice, mas o vê como uma “figura humana”, destacando o trabalho missionário na África — experiência que Gustavo também teve — e, por outro lado, a exigência administrativa que cidades de maior porte, como Goiânia, reivindicam do gestor público. Em seu lugar, diz que teria aberto mão de se colocar como candidato à reeleição e discutido uma “saída honrosa” com o governador.
Todavia
Para Gustavo, um ponto que não se deve menosprezar é a força da máquina pública. Jânio Darrot, que não possui muita proximidade com Rogério, concorda que, sendo o candidato, faz a diferença “ter o apoio de Rogério, da equipe dele, do Republicanos e de todos os vereadores da base”.
Corte e costura
Apesar de Mayara Mendanha e Ana Paula Rezende terem os nomes cogitados para vice na chapa governista, Jânio acha que a hora de discutir essa pauta é depois que uma definição for tomada pelo governador e assimilada pelos aliados. “Se eu me preocupar com isso agora, essa pessoa fica em uma situação constrangedora.” E defendeu que poderiam surgir mais nomes da política ou do segmento evangélico. “Menos o setor produtivo, porque eu já venho dele.”
Pós-trauma
Após a destituição da deputada federal Marussa Boldrin da presidência da comissão provisória do MDB em Rio Verde, uma fonte do governo próxima ao vice-governador Daniel Vilela acredita que o próximo passo é a pacificação.