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Entrevista | “Me sinto em casa, voltando a ajudar Ronaldo Caiado”


Por Redação em 17/08/2021 - 00:00

O deputado estadual Francisco Oliveira está deixando o PSDB para se filiar a um partido que apoia o governador Ronaldo Caiado, provavelmente ao DEM. Ele considera legítima essa troca de partido, haja vista sua proximidade com o governador, com quem afirma ter uma relação pessoal, e ao fato de sempre ter pertencido ao grupo de partidos que, em 1998, se uniu criando a chamada base aliada. O DEM fazia parte desse grupo de partidos, assim como o PSDB. Chiquinho, como é conhecido, defende a aliança do DEM com o MDB e vai apoiar a candidatura de João Campos ao Senado, mesmo que o Republicanos não esteja na aliança do governador.

Tribuna do Planalto – O senhor já decidiu se vai se filiar ao DEM e participar da campanha de Ronaldo Caiado em 2022?

Francisco Oliveira – Eu tenho um vínculo com Ronaldo desde 1984. Eu coordenei a campanha da d. Maria Valadão, em 1988, a convite dele, quando ela foi candidata a prefeita; já em 1990, participei, ao lado dele, da campanha de Paulo Roberto Cunha e, em 1994, coordenei sua campanha a governador. Meu vínculo com o Ronaldo é de 17, 20 anos e o relacionamento meu com Ronaldo e com a Gracinha é familiar, é um relacionamento de muitos anos. Quando ele saiu candidato a governador eu não tinha condições de ajudá-lo porque estava no governo e líder do governo na Assembleia Legislativa, mas disse a ele que se fosse eleito deputado estadual poderia contar comigo, até mesmo pela obrigação que eu tenho com ele de muitos anos. Eu me tornei vereador em 1982 pelas mãos dele. Eu devo muito a ele, e não só por isso, mas por muitas outras ações. Eu tomei uma posição também pensando em trabalhar e servir ao povo goiano, levando obras, discutindo projetos, levando benefícios para as cidades e segmentos organizados que represento. Sabendo da seriedade e do comprometimento dele e da amizade e confiança que eu tenho nele e na Gracinha, eu não teria dificuldade nenhuma em estar apoiando e trabalhando com ele. Já em 2019, eleito governador, ele me convidou para ajudá-lo na transição e eu ajudei a aprovar o projeto do Produzir, que deu a ele R$ 1,3 bilhão, e a revogação da lei do IPVA, de quase R$ 400 bilhões, que seriam isentos para quem tinha veículos com mais de dez anos. Revogamos aquela lei, dando a ele condição de ter um caixa de R$ 1, 7 bilhão para que pudesse ter governabilidade. Eu trabalhei em muitas candidaturas para tentar fazê-lo governador na base aliada. Infelizmente, não tivemos êxito, mas graças a Deus – e ele merecia – está hoje governador de Goiás, fazendo um extraordinário trabalho, com muita seriedade, com muito comprometimento, ele e a Gracinha, para levar qualidade de vida para o povo goiano e tem feito isso com muita maestria, com muita eficiência, levando programas sociais a todo o povo goiano e também obras para todo o estado.

Mas o senhor já decidiu em que partido vai se filiar?

Eu tenho conversado com Ronaldo, a minha relação com ele é pessoal, tanto que vim para ajudá-lo nesse processo exatamente pelo vínculo pessoal que tenho. Ele tinha 24 votos para votar a adesão à reforma e me convidou, falou da necessidade, e me tornei o 25º voto. Logo em seguida vieram Talles Barreto e Lucas Calil, dando a ele uma tranquilidade na votação da reforma, que é muito importante para o estado. Eu sempre defendi na Assembleia, mesmo no governo anterior, todas as reformas que possam equalizar e equacionar essas contas do estado, que são muito pesadas. Votei com muita tranquilidade para ajudá-lo a ter governabilidade, e todo recurso que for economizado vai ser investido em obras, recuperação de estrada, asfaltamento, obras para todo o estado, como a reforma de todas as escolas, recapeamento das cidades, o programa lançado agora, As Mães de Goiás, o Jovem Aprendiz.

 O senhor deve ir para o DEM?

Eu acho que é mais tranquilo ir para o DEM. Já fui do PFL lá atrás, já fui do DEM, já fui presidente do Diretório Metropolitano aqui em Goiânia, e, se levantar os filiados de Goiânia, 70% fomos nós que filiamos. A minha aproximação, pelo vínculo de história, é mais com o DEM, mas recebi convites de outros partidos, Armando Vergílio conversou comigo, João Campos tem conversado comigo, juntamente com o Jeferson Rodrigues, o José Nelto, do Podemos. Obviamente, não podemos desconsiderar nenhum convite, mas meu sentimento pessoal é para estar ao lado do Ronaldo Caiado.

O DEM tem hoje cinco deputados que, provavelmente, irão disputar a reeleição. Não seria uma chapa pesada para o senhor e para os outros novatos do grupo?

Eu tive 30 mil votos na eleição passada e foi uma campanha atípica em função de eu estar na chapa de Marconi Perillo e com um vínculo muito forte como seu líder de governo. Teve aquela operação que, na minha avaliação, foi uma situação muito truculenta, faltando nove dias para as eleições, só para prejudicar. Eu tenho muito respeito pelo Marconi e aquilo atrapalhou a sua eleição e também a minha. Eu não tenho preocupação de estar em um partido no qual se tem a necessidade de ter mais votos porque estou trabalhando em mais de 140 cidades, tenho um trabalho forte apadrinhado pelo Ronaldo Caiado e pela Gracinha, muitos prefeitos e muitas pessoas estão me ajudando. Confio piamente no governo Ronaldo, que conta com mais de 67% de aprovação, com 49% de bom e ótimo. Quando se coloca o sentimento do eleitor para que se tenha uma mudança de governo, esse percentual está na casa de 15%. Isso vai fortalecer os seus candidatos a deputado estadual e toda a chapa dos partidos que estarão compondo essa aliança, o MDB, de Daniel Vilela, como vice; João Campos, que está brigando pelo Senado; e outros partidos como o PSD. Ronaldo é uma noiva cobiçada e muitos partidos estarão buscando a aliança com ele porque sabem que a sua reeleição acontecerá no primeiro turno.

O senhor sai do PSDB com alguma mágoa?

De forma alguma. Eu deixei amigos do PSDB, trabalhei lá por muitos anos.  Quando lancei Marconi candidato a governador na Câmara Municipal, em 1998, tínhamos na base aliada Ronaldo Caiado, Roberto Balestra, Lúcia Vânia, todos aqueles que abraçaram esse projeto. Essa base aliada sempre foi muito unida e não deixo mágoas, deixo amigos. Mas agora é um novo momento, é página virada, e em função de Ronaldo ter precisado do meu apoio na votação da reforma eu não tinha como não dizer sim. Até   porque acredito no seu governo, acredito na pessoa dele e sei que ele fará um governo extraordinário, como tem feito, colocando o estado em condição de buscar novos investimentos. A casa está em ordem, aquela pecha ou aquela conversa que existia de que Ronaldo não tinha levado benefício para nenhuma cidade, não existe mais, o estado está equacionado, está bem organizado e os benefícios chegarão em todos os municípios, em todas as categorias, em todas as áreas, em todos os segmentos do estado, a todos os servidores públicos da área da saúde, da educação, das polícias. O governador agora está levando os benefícios para toda a população do estado de Goiás.

Suas bases, formadas há 20 anos, vão entender sua saída do PSDB?

Sim. Ela foi construída desde 1998, quando éramos base aliada, eu era do PFL e Marconi saiu candidato a governador. Ao longo dos anos, nós acompanhamos Marconi como base aliada. Filiei ao PSDB recentemente para ser candidato a deputado estadual, mas sempre estive, de 1998 até agora, nesse leque de partidos parceiros do governo. Agora, eu me sinto em casa, voltando a ajudar Ronaldo Caiado, com quem eu trabalhei ao longo desses 20 anos.

O governador não estaria abrindo demais as alianças e colocando em risco a identidade política de independência que sempre teve?

De forma alguma. Ronaldo tem um governo técnico indicado para colocar a casa em ordem e deixar tudo organizado como está hoje. As alianças devem existir. Ronaldo se tornou senador na eleição de 2014 pelas mãos do PMDB. Sem o acordo com o PMDB ele não chegaria ao Senado e ele reconhece isso. O que ele está fazendo agora é buscando o MDB como aliado para que possa marchar forte para a reeleição. Alianças partidárias sempre existiram e continuarão existindo, alianças importantes que terão como foco o desenvolvimento do estado. Ronaldo jamais ia perder sua identidade e seu compromisso com o povo goiano de fazer um governo sério, honrado, honesto, que é a sua marca.

O senhor acredita na composição do MDB com o DEM?

Eu tenho plena certeza. O MDB já está marchando com Ronaldo Caiado desde a eleição de senador. Nessa oportunidade, o MDB pode indicar o vice e ter um governador eleito nas próximas eleições. Daniel Vilela já deu seu sacrifício de contribuição, saindo candidato na eleição passada. Essa força política dos 27 prefeitos pedindo aliança, os deputados estaduais, os vereadores para que possam indicar o vice de Ronaldo Caiado é um processo natural. Daniel Vilela vai assumir o governo por nove meses e depois ser candidato a reeleição. Esse processo é muito natural porque Ronaldo Caiado, como ele mesmo disse, tem hoje 70 anos e vai sair com 70 e poucos anos, disputando uma vaga de senador. Ele quer entregar o governo para Daniel Vilela, porque confia e acredita em seu comprometimento e de sua seriedade para cuidar dos rumos do estado. Daniel Vilela é um grande homem, um grande político, eu tenho certeza que será um grande sucessor de Ronaldo Caiado.

O presidente da Assembleia, deputado Lissauer Vieira, também é cotado para vice.  O senhor apoia qual dos dois nomes?

Eu tenho um respeito muito grande por Daniel Vilela e acho que o processo natural de sucessão é a indicação de Daniel Vilela para a vice-governador, pelo tamanho do partido, pelas alianças políticas, que são importantíssimas nesse momento, e o que eu quero é a reeleição de Ronaldo Caiado. Lissauer é um grande nome, tem todo o respeito da Assembleia, de todos os parlamentares, mas está em um partido pequeno, o PSB, que não tem envergadura para indicá-lo candidato a vice. O MDB tem história, tem tradição, tem Daniel Vilela, que já buscou a candidatura ao governo, tem respeitabilidade e vai somar muito na chapa. João Campos, se vier candidato ao Senado, tem um partido forte, todo o segmento evangélico e também o prefeito de Goiânia; ou o PSD, que tem também envergadura para indicar um candidato ao Senado.

Independentemente do partido ou chapa que João Campos estiver, o senhor irá apoiar a candidatura dele ao Senado?

Eu estarei apoiando João Campos a senador em qualquer situação política. Estaremos trabalhando para que façamos essa aliança e precisamos muito do Republicanos nessa chapa, pela força política que tem prefeito de Goiânia, pela força política que tem João Campos, com cinco mandatos no Congresso Nacional, e também no segmento evangélico. A candidatura é construída, e isso Ronaldo Caiado deixa muito claro, ele não vai carregar nenhum candidato ao Senado nas costas, não vai querer bancar ninguém. Ele quer que os candidatos se façam e se apresentem como os melhores nomes para a formatação dessa chapa. Ele disse que se fosse para escolher um amigo o candidato seria Wilder Morais. Ele quer que todos os candidatos ao Senado trabalhem para buscar esse espaço na chapa majoritária, que está sendo disputada por todos os partidos e por muitos políticos.

O senhor acredita na união das oposições ou no fortalecimento de algum dos grupos para enfrentar Caiado?

Muito difícil. Quando estava ainda na oposição, tentei fazer uma reunião com todos componentes da oposição para buscar fazer Daniel nosso candidato de oposição e não senti essa vontade de ninguém. Muita divergência, muito ciúme, muitos interesses individuais. Eu acredito no trabalho feito a quatro mãos para construir um estado para servir à população. Quando fui presidente da Câmara, em 1994, 1998 e 2004, nunca trabalhei na política do quanto pior, melhor. Pelo contrário, eu tenho o respeito e a confiança de Darci Accorsi, na pessoa da sua filha, a deputada Adriana Accorsi, porque fui um grande parceiro mesmo sendo oposição, como também fui um grande parceiro de Pedro Wilson, sendo vereador de oposição. Tenho certeza de que o ajudei mais do que os próprios vereadores aliados.

A volta de Marconi Perillo ao cenário político surtiu algum efeito nos ânimos do PSDB?

Marconi é uma grande liderança, foi governador por quatro mandatos, é um animal político, tem a política nas veias. Ele tem 58 anos e uma carreira política brilhante pela frente. Cada um tem o momento. Marconi fez grandes governos ao longo dos quatro mandatos, como Ronaldo está fazendo e vai receber a confiança e o voto do eleitor para ter mais um mandato de governador e fazer o melhor governo que esse estado já viu.

Sem o MDB, teria espaço para uma candidatura tucana ao governo?

O MDB se aliando a Ronaldo Caiado a oposição fica muito fragilizada. Eu acho muito difícil a oposição ter uma candidatura própria, a não ser o PT, que deve fazer um candidato. Ronaldo Caiado acabou sendo um hors concours, um nome que veio de todas essas forças políticas e está fazendo um grande governo. Esse misto de pessoas que sempre o apoiou, o MDB, que já o apoiou também, como candidato ao Senado. Ele conta com o respeito de todas essas correntes políticas, de todos os políticos de Goiás, dos segmentos organizados e também de todos aqueles que sabem quem é Ronaldo Caiado.

Em Goiás, qual candidato ou grupo será o principal palanque do presidente Jair Bolsonaro?

Pelo processo natural e pelo caminho que existe, Ronaldo deve ser esse palanque, por atuar fortemente no campo do centro-direita, por já ter ajudado Bolsonaro na eleição passada. A primeira-dama, Gracinha Caiado, foi a primeira a declarar apoio a Bolsonaro e ele reconhece isso. Se não surgir a candidatura forte do próprio partido, do DEM, o natural é o apoio a Bolsonaro e essa sinalização já ocorreu na posse do ministro Ciro Nogueira.

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