Um relatório do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) revelou que seis funcionários foram resgatados em condições análogas à escravidão na Fazenda Lakanka, de propriedade do cantor Leonardo. Os trabalhadores contam jornadas de 10 horas por dia. Além disso, eles não tinham contrato formal e não recebiam descanso semanal remunerado. O cantor foi incluído na “lista suja” do ministério, divulgada na segunda-feira (7).
Os trabalhadores dormiam em uma casa abandonada, localizada a cerca de 2 quilômetros da sede da fazenda. Esse local apresentava condições precárias, sem banheiros e com camas improvisadas. Além disso, os fiscais apresentaram infestações de morcegos e fezes. A fiscalização ocorreu em novembro de 2023 e também incluiu a Fazenda Talismã, avaliada em R$ 60 milhões. Ambas as fazendas estão em área contínua e fazem parte do mesmo conjunto de operações agrícolas.
O Ministério Público do Trabalho confirmou que Leonardo já pagou as indenizações relativas ao caso, que foi arquivado em abril deste ano. O cantor afirmou que não tinha conhecimento da situação, alegando que a área estava alugada para outra pessoa. No entanto, os trabalhadores disseram que eram responsáveis por catar raízes para limpar o terreno. Eles trabalharam das 7h às 17h e receberam R$ 150,00 por dia. Contudo, não eram pagos nos dias de folga ou quando estavam doentes.
A contratação e o pagamento dos catadores de raízes eram gerenciados pelo cantor por meio de outros funcionários. Embora os 12 trabalhadores restantes na Fazenda Talismã não apresentassem as mesmas condições degradantes, eles também estavam na informalidade, sem registro ou direitos trabalhistas. O relatório menciona a Fazenda Talismã porque, apesar das melhores condições de alojamento, esses trabalhadores ainda enfrentavam a falta de direitos.
A fiscalização que os trabalhadores da Fazenda Lakanka não tinham contratos de trabalho e não estavam registrados. Assim, conseguiram sem acesso os benefícios e proteção trabalhista. Além disso, os fiscais afirmaram que a responsabilidade final sobre os trabalhadores e os pagamentos recai sobre o cantor, mesmo que a área estivesse arrendada.
O relatório finalizou ao afirmar que a situação encontrada era grave. As condições de trabalho análogas à escravidão não podem ser ignoradas. A inclusão de Leonardo na “lista suja” do MTE serve como alerta sobre a importância da fiscalização e da formalização do trabalho rural no Brasil.