Essa é a realidade do futebol goiano. Estamos nivelados com a segunda divisão do futebol brasileiro. Nossos clubes não se sustentam mais na elite brasileira, exemplo disso foi mais uma queda do Goiás ano passado e o virtual rebaixamento do Atlético Clube Goianiense da série A para a série B nesta temporada. E não adianta culpar dirigente “A” ou “B” pelo fracasso dos nossos clubes, porque as causas são muitas e envolvem uma profunda renovação de conceitos na gestão dos clubes e, principalmente, prepará-los para esse novo modelo já adotado por outros clubes brasileiros.
O velho modelo de gestão familiar e de amigos que garantiu o Goiás por décadas na série A e fez o Atlético ressurgir das cinzas para figurar por alguns anos na elite do futebol brasileiro não é mais capaz de garantir essas equipes no grupo do primeiro escalão desse que já foi o melhor futebol do mundo. Mas não é esse mesmo modelo de gestão que vem garantindo o Vila Nova pelo segundo ano consecutivo com grandes chances de subir para a série A? É verdade, mas é outra realidade, a realidade da Série B. Se subir, dificilmente permanecerá.
O segredo (que não é segredo), é o volume de dinheiro investido em alguns clubes brasileiros, através das SAF’s (Sociedades Anônimas de Futebol) por empresas nacionais e internacionais, possibilitando a formação de equipes fortíssimas, praticamente imbatíveis em relação aos clubes que ainda não se adequaram ao novo mercado do futebol. Atlético, Vila e Goiás ainda não fazem parte desse grupo de elite, por isso estão nivelados ao patamar da série B. O Atlético já modernizou seu estatuto, mas não atraiu ainda nenhum investidor. Vila Nova e Goiás nem isso.
O Goiás, time goiano que mais vezes participou da elite do futebol brasileiro, está vendo seus adversários, antes do seu mesmo nível, assumir posições de ponta no cenário nacional, casos de Atlético Paranaense, Fortaleza e Bahia. Ficou para trás, é visto de longe pelo retrovisor. A família que sempre comandou o Goiás já não consegue mais obter êxito na gestão antiquada, mas não desapega. Esboçou uma mudança no estatuto, mudou o modelo de gestão, buscou no mercado um CEO e um Diretor de Futebol, mas quem manda de verdade são as mesmas pessoas, com o mesmo e velho pensamento de como fazer um futebol ruim, sem ambição, acomodado e perdedor.
O Atlético não é diferente. A turma que manda é a mesma há muitos anos. Mudaram o estatuto, criaram a SAF, mas nenhum investidor arriscou colocar dinheiro até o momento, pois o mercado sabe o que pretendem os dirigentes. Querem o dinheiro dos investidores, mas não querem abrir mão do poder de mando. Aí é complicado, quem paga quer mandar. Enquanto nossos dirigentes não entenderem a necessidade de abrir os clubes e transformá-los em empresas lucrativas em seus balanços e para obter lucros é preciso ser vencedor nas quatro linhas.
Nossos clubes assumiram ser pequenos quando abandonaram o Estádio Serra Dourada para jogarem em seus pequenos estádios, com o argumento da economia no pagamento das taxas de aluguel e no lucro da gestão dos bares (pensamento miúdo). O resultado desse pensamento miúdo é que o público de nossos clubes nos estádios é muito pequeno em relação aos demais participantes das séries A e B, principalmente na série A, onde a maioria dos times jogam com público sempre superior a 40 mil torcedores. Por essas e outras que o futebol goiano, no atual cenário, é um futebol de Série B.