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“Gustavo Mendanha não é 100% Bolsonaro; 100% Bolsonaro sou eu”


Andréia Bahia Por Andréia Bahia em 26/05/2024 - 06:04

Professor Alcides Ribeiro (Foto: Divulgação)

Deputado federal pelo PL, Professor Alcides já esteve filiado a vários partidos, PSDB, PP, e inclusive há relatos de uma tentativa de filiação no PT, em 2007. Todavia, ele diz que sempre foi de direita, e que se transferiu para o PSDB por uma exigência do ex-governador Marconi Perillo, que só aceitaria que ele fosse candidato da base, se estivesse no ninho tucano.

Quando e porque o senhor veio da Bahia para Goiás?

A minha vinda para Goiás foi em 1968, dia 1º de julho, precisamente, foi a data em que eu cheguei aqui. Foram seis dias de pau de arara até aqui e meu objetivo foi, sem dúvida alguma, vir para estudar, me qualificar e preparar, uma vez que, lá na minha cidade, não tinha recursos.

O senhor sempre disse que queria ser prefeito de Aparecida. Por que?

Quando cheguei em Aparecida fui muito bem acolhido, Aparecida tinha apenas 3 mil habitantes em 1968, e tudo o que eu tenho na minha vida eu ganhei aqui, foi através do meu trabalho e de tudo que eu desempenhei aqui na cidade Aparecida. Hoje, que estou com minha vida resolvida, estou com 70 anos bem vividos; com a vida financeira resolvida, tranquilo; com os filhos criados, e agora vem só os netos, que é competência mais os filhos do que do avô; eu quero realmente desenvolver um trabalho voltado à melhoria da cidade de Aparecida. Uma cidade que cresceu bastante, que melhorou muito, mas que está precisando de um gestor, está precisando de alguém qualificado para desenvolver um trabalho de excelência. O último trabalho de excelência que foi feito nessa cidade foi pelo Maguito Vilela. Depois do Maguito, veio alguém na onda do Maguito e, em seguida, o atual prefeito, que não está fazendo um trabalho como deveria ser feito. Hoje, temos uma cidade feia, uma cidade suja, sem iluminação, com excesso de buraco. O prefeito está passando um batom na cidade, melhorando as avenidas, mas esquece que o Centro, o miolo da cidade, está todo esburacado, com o mato alto, às vezes até mais alto do que determinadas casas; a iluminação pública é altamente deficiente. A cidade que se dizia o inteligente não tem nada de inteligente. Nós queremos resgatar Aparecida.

A atuação do senhor foi elogiada pelo então presidente da Comissão de Educação (CE) da Câmara, deputado Moses Rodrigues (UB). Quais os projetos o senhor apresentou e relatou que pode destacar?

O projeto mais importante que fiz como membro da CE foi a emenda que coloquei no Fundeb, que foi feito a muitas mãos e eu fiz parte dessa comissão dirigida pela hoje senadora Glorinha, do Tocantins, quando coloquei uma emenda, destinando 2,5% dos valores do Fundeb para a Educação Infantil. O pessoal esquecia sempre da Educação Infantil, falava do Ensino Fundamental, do Ensino Médio, mas esquecia da pré-escola, que é sem dúvida alguma a parte mais importante da educação. Se fizermos um bom alicerce, se prepararmos bem as nossas crianças de 2 a 6 anos, com certeza serão alfabetizados no tempo certo, seguirão uma vida escolar tranquila e com muito sucesso. Isso é uma coisa que não vinha acontecendo. Eu relatei mais ou menos de 15 a 20 projetos na CE, dentre eles os dois últimos, que foi o óculos falante para deficiente visual e também a participação da família na escola. Isso é importantíssimo, e aprovamos na última semana, inclusive  saiu na Rede Câmara de televisão, nos jornais; tenho dedicado também muito às pessoas com deficiência, como por exemplo, o autista e as que não são autistas, mas têm dificuldade de aprendizagem. 

A indicação do deputado Nikolas Ferreira (PL) para presidir a CR  foi muito criticada,  inclusive pela presidente do Todos Pela Educação, Priscila Cruz. O senhor acredita que ele tem condições de comandar uma pasta tão estratégica para o país? 

Tem; prova é que na realidade, este ano, a vaga seria minha, que foi uma das coisas que sempre sonhei também, ser presidente da CE. Entretanto, como eu havia definido ser  pré-candidato a prefeito de Aparecida, eu disse ao presidente do partido que não teria como assumir a Comissão de Educação, uma vez que não teria tempo de me dedicar como eu gostaria por isso. Por isso terminou caindo no colo do Nikolas e, quando veio para o Nikolas, nós o elegemos em um dia extremamente complicado, porque ele estava ausente da Câmara, de licença paternidade, mas mesmo assim, nós unimos as forças do pessoal da direita e conseguimos aprovar a indicação dele no primeiro turno para a Comissão de Educação. Eu tenho conversado muito com ele, por ser uma das pessoas com muita experiência na área de educação, inclusive às terças-feiras, nos reunimos, já que a sessão  é na quarta-feira de manhã. Antes da sessão, eu sugeri a ele e ele está fazendo o dever de casa realmente de forma muito plena, toda semana antes da reunião, que é às 10h30, nós sentamos na Presidência da Comissão de Educação, e convidamos todos os deputados que fazem parte da comissão para discutirmos a pauta, para quando chegarmos na pauta, não sermos surpreendidos por nada diferente daquilo que foi discutido.

A Comissão tem discutido muitas moções de repúdio a qualquer pessoa que critique o ex-presidente Jair Bolsonaro. Isso é tema para a Comissão de Educação, na opinião do senhor?

Não, não é importante. Estes são temas que não acrescentam nada à educação brasileira. Acredito que temos temas mais importantes, inclusive na penúltima ou na última reunião que tivemos, decidimos que não iríamos mais discutir esse tipo de assunto, esses requerimentos de moção, a não ser que seja um caso extremamente grave. Caso contrário, nós não iremos tratar desse assunto.

O senhor já esteve filiado a vários partidos, PSDB, PP, agora no PL, e inclusive há relatos de uma tentativa de filiação no PT, em 2007. Quando o senhor se descobriu da direita bolsonarista? 

Eu sempre fui da direita, a  minha vida inteira eu estive na Arena, que se  transformou em PDS, PPB e depois PP, e eu me fixei sempre ali. Em 2016, eu me transferi para o PSDB por uma exigência do ex-governador Marconi Perillo, porque ele só aceitaria que eu fosse candidato da base, eu estivesse n32o PSDB. Por questões momentâneas daquela época, eu fui  para o PSDB e depois voltei para o meu partido de origem, que foi o PP e o meu primeiro mandato foi pelo PP. Agora, em 2022, eu deixei o PP, não por causa do Bolsonaro, eu deixei o PP porque o presidente esvaziou o partido para que eu não tivesse direito a legenda. Na última hora tive que migrar e, já que eu era bolsonarista, migrei para o partido do Bolsonaro, que é o PL.

O senhor é dono de uma faculdade e o bolsonarismo é anti-ciência, é contra o aquecimento global, contra a vacina, inclusive parte dos bolsonaristas defendem que a terra é plana. Não é contraditório ser uma pessoa da educação e bolsonarista? 

Eu não vejo da forma que você expôs, uma vez que temos vários professores, inclusive no próprio Congresso, que são bolsonaristas. Eu sempre tive um comportamento de direita, eu penso da forma correta, defendo a família, uma pauta que a esquerda não defende, e nós defendemos. Acho que cada um tem o comportamento da forma que lhe é conveniente. Eu não sou bolsonarista radical, eu não sou bolsonarista que defende olho por olho, dente por dente, nada disso. Eu defendo as pautas bolsonaristas da seguinte forma, sou cristão, acredito que a família é a principal célula da sociedade, portanto, temos que mantê-la de forma unida, o mais correto possível, e faço as minhas coisas da forma que eu acho correto. Eu nem sempre, naquelas pautas que eu não concordo, voto a favor. Eu sempre voto de acordo com a minha consciência.

Quais as diferenças da eleição deste ano para 2016, quando o senhor também estava bem pontuado nas pesquisas de eleição de voto?

Naquela época, quem me derrotou não foi Gustavo Mendanha nem Maguito Vilela. Foi um vídeo do Jorge Kajuru, no qual ele me fez uma série de acusações improcedentes e sem coerência e que, quatro anos depois, ele se redimiu e veio pedir desculpas. Na verdade, esse foi o grande motivo da nossa derrota. Mas hoje nós estamos de cabeça erguida, tranquilo, caso venham algumas fake news nesse sentido, estamos preparados para rebate-las.

O marqueteiro Marcelo Vitorino fala em campanha dura, de pancadaria. Concorda que será esse o cenário? Ou há espaço para uma campanha mais propositiva, que discuta os problemas da cidade.

A minha campanha vai ser altamente propositiva e vou discutir os problemas da cidade. Se houver pancadaria, se houver essas coisas, vai vir do outro lado, não é do nosso. E, claro, o marqueteiro tem que ter formas de se defender.

Qual será o principal mote de sua campanha?

Aqui na campanha de Aparecida, o principal mote, infelizmente, que é o mote de todo mundo, será educação, saúde e segurança pública. A nossa segurança não está tão ruim, mas graças ao governador Ronaldo Caiado, que tem feito o trabalho esplêndido na área de segurança, mas temos problemas com a Guarda Municipal, faltam guardas, os salários são ruins e precisa ser aprimorado; precisamos aumentar o quantitativo. Em relação à educação, temos um déficit de 40 Cmeis, temos 8.204 mil crianças fora dos Cmeis. Isso  deve ser caso de polícia, porque depois que o Maguito saiu do governo não foi construído nenhum, e olha que nós colocamos 23 Cmeis à disposição do prefeito, todos empenhados, só no intuito dele simplesmente fazer a licitação e colocar a coisa para andar e, consequentemente, para funcionar. Infelizmente ele não fez. Em relação à saúde, temos mandado muitos recursos para a saúde e a nossa saúde está em frangalhos; as nossas UBSs não têm remédio, o básico, dipirona; as nossas UPAs estão abarrotadas. Uma delas foi fechada para reforma e já faz nove meses e até agora não foi reaberta. São coisas que nos preocupam muito, e na nossa gestão isso não vai acontecer.

O prefeito Vilmar Mariano conseguiu apoio de segmentos religiosos importantes, como do bispo Oídes do Carmo e várias lideranças das Igrejas Assembleias de Deus. Aual a importância do segmento religioso na eleição de Aparecida?

Os segmentos religiosos são de extrema importância em Aparecido, porque hoje 35% do eleitorado de Aparecida é evangélico, mas nós temos (o apoio da) Assembleia Missão, 100%, Fonte da Vida, 100%, e também da Igreja Mundial, que está 100% conosco. Quer dizer, existe um balanceamento, coisa que não acontecia em 2016.

O senhor conta com o apoio de quais segmentos?

Eu  tenho o apoio do segmento da educação, mesmo todo mundo achando que o segmento da educação é petista, que não vota em candidato à direita, mas em relação ao meu nome, há uma diferença muito grande, porque eu sempre estive ao lado dos meus colegas professores. A prova é que na eleição de de 2022, mesmo eu estando do lado do Bolsonaro, tive 83,7% dos votos dos professores da cidade Aparecida, porque eles acreditam no nosso trabalho, acreditam em mim como pessoa, como cidadão e que sempre, independentemente do lado político que eu esteja, tenho defendido a educação e a educação de qualidade. Nós temos também o apoio do segmento da saúde, que nos respeita muito, tenho tido muitos encontros com médicos, enfermeiros, assistentes, que também hipotecaram apoio a nosso trabalho; o segmento comercial, as associações comerciais também. Agora, é claro, o meu adversário está com a caneta na mão e muitas pessoas têm receio e têm medo de se apresentarem, de se fotografarem, de estarem numa reunião com o candidato de oposição.

Em Aparecida, quem representa mais o bolsonarismo, o senhor ou Gustavo Mendanha? 

O bolsonarista aqui na cidade é o deputado federal Professor Alcides, os outros são de fachada.

O apoio de Gustavo Mendanha a Vilmar Mariano pode dividir os votos bolsonaristas em Aparecida?

Eu não acredito nisso porque o Gustavo não é 100% Bolsonaro; 100% Bolsonaro na cidade aqui sou eu.

Seu marqueteiro acredita que a polarização nacional terá grandes efeitos na eleição municipal deste ano, contrariando o que o senhor disse a militância recentemente, que era para a deixar a polarização entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de lado. Qual vai ser a influência de Bolsonaro e Lula nas eleições municipais? 

Aqui vai haver uma polarização mesmo, porque só são dois candidatos, não acreditamos que vá aparecer um terceiro candidato, então, de qualquer forma, a campanha será polarizada. Agora, em relação ao bolsonarismo e lulismo, eu não vejo isso como muita essência, mesmo porque numa eleição municipal, as pessoas estão mais ligadas nos fatos municipais e não nos nacionais.

Como o senhor pode atrair votos de todos, inclusive de quem votou em Lula e dos macumbeiros, como disse?

Nós estamos visitando todos, e tenho um grande apoio no meio evangélico, no meio católico, no meio espírita e também no meio religiões de matrizes africanas. Em todos esses meios temos apoios importantes. Eu tenho certeza que terei uma grande votação em todos os segmentos da sociedade.

O senhor tem o apoio até agora de 6 legendas, além do PL: Avante, Agir, Novo, DC, PSDB-Cidadania. O vice deve vir de partidos aliados ou deve ser Max Menezes?

Será o Max Menezes, do PL.

O senhor vai de chapa pura?

Chapa pura.

Em que a dobradinha com Gustavo Gayer te favorece em Aparecida?

Gustavo Gayer é um dos homens mais poderosos em termos de mídia, e a minha amizade com ele é muito salutar. Nós não éramos muito próximos, mas agora, com a eleição de ambos para deputado federal, nos tornamos muito amigos e muito próximos. Creio que a presença dele como pré-candidato à Prefeitura de Goiânia ajudará minha pré-candidatura em Aparecida.

O PP e o Republicanos podem vir a apoiá-lo em meio a uma negociação feita em  Brasília?

Existe esse movimento, o Marcos Pereira, (presidente nacional) do Republicanos já declarou apoio informal a nossa pré-candidatura e estamos trabalhando nessa possibilidade. Ainda não ficou nada definido, mas estamos trabalhando essa possibilidade,

Acredita que ainda pode vir a ter o apoio do governador Ronaldo Caiado? Qual a importância do apoio de Ronaldo Caiado em Aparecida?

O governador é um homem muito bem avaliado devido ao excelente trabalho que ele tem feito e ele é um excelente cabo eleitoral, mas ele tem alguns compromissos que eu respeito e, assim sendo, não vou ficar exigindo dele um apoio. Mas caso venha, será bem recebido.