Skip to content

INVESTIGAÇÃO | Elias Vaz revela que Marinha paga para aprender a produzir Viagra

Exército já tem a tecnologia de produção da droga, mas comprou, em abril deste ano, 75 kg do princípio ativo da droga usada para tratar impotência sexual


Avatar Por Redação Tribuna do Planalto em 18/06/2022 - 16:33

Elias Vaz, deputado federal: “É uma situação muito grave e revela que o Ministério da Defesa nem sabe o que está acontecendo sob o seu comando. É um escândalo com dinheiro público”

Questionado pelo deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) em audiência na tarde de quarta-feira, 8, na Câmara dos Deputados, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, não conseguiu responder por que o laboratório do Exército homologou a compra, por meio do Pregão Eletrônico 26/2022, de abril deste ano, de 75 quilos do princípio ativo Sildenafila para a produção de Viagra. Essa quantidade seria suficiente para produzir 3,75 milhões de comprimidos da droga, conhecida mundialmente para o tratamento de impotência sexual. O ministro passou a resposta para uma farmacêutica do Exército, Alessandra Amado, que ficou surpresa com a revelação do deputado. Disse ter conhecimento apenas de compra feita em 2013.

“A homologação da compra comprova que o Exército detém a tecnologia para produção. O valor gasto com o princípio ativo será de R$ 88,2 mil. Enquanto isso, a Marinha, na compra de 11 milhões de comprimidos, gastou mais de R$ 33 milhões. Esse custo cairia para R$ 200 mil se o Exército tivesse compartilhado o conhecimento com a Marinha”, concluiu Elias Vaz. “É uma situação muito grave e revela que o Ministério da Defesa nem sabe o que está acontecendo sob o seu comando. É um escândalo com dinheiro público”, afirmou.

O deputado denunciou o contrato firmado entre o Comando da Marinha e o laboratório EMS S/A para fornecimento de mais de 11 milhões de comprimidos de citrato de sildenafila de 20, 25 e 50 miligramas de 2019 a 2022. Uma varredura no Portal da Transparência e no Painel de Preços revelou indícios graves de superfaturamento.  Nos empenhos autorizados pelo governo federal, cada comprimido custa entre R$ 2,91 e R$ 3,14, valores muito acima dos praticados pelo Ministério da Saúde, em torno de R$ 0,48. O prejuízo à União pode passar de R$ 27 milhões. 

“A desculpa para pagar a mais seria a transferência de tecnologia, que nada mais é que o laboratório EMS ensinar ao laboratório da Marinha as ferramentas para produzir o Viagra. Mas essa desculpa cai por terra quando constatamos que o Exército já sabe fazer isso”, salienta o parlamentar. Elias Vaz destaca que não é verossímil o gasto com transferência de tecnologia porque o Viagra hoje é um medicamento popular e com genéricos no mercado.

Em abril deste ano, o parlamentar levou ao Tribunal de Contas da União (TCU) uma representação pedindo a abertura de processo para apurar a compra feita pelo Ministério da Defesa. O parlamentar pediu investigação acerca dos indícios de superfaturamento de ate 550% nos valores acordados entre o laboratório da Marinha e o laboratório EMS. O parlamentar goiano foi o primeiro a denunciar a compra de medicamentos para impotência sexual e de próteses penianas pelas Forças Armadas do país.

Avatar

O Tribuna do Planalto, um portal comprometido com o jornalismo sério, ágil e confiável. Aqui, você encontra análises profundas, cobertura política de bastidores, atualizações em tempo real sobre saúde, educação, economia, cultura e tudo o que impacta sua vida. Com linguagem acessível e conteúdo verificado, a Tribuna entrega informação de qualidade, sem perder a agilidade que o seu dia exige.

Pesquisa