O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, disse nesta segunda-feira (24) que o ex-senador Tasso Jereissati lidera as conversas para a possível filiação do ex-ministro Ciro Gomes ao partido. A negociação marca a tentativa de reposicionamento político do ex-presidenciável, que desde 2015 está filiado ao PDT, o que anima os tucanos com uma possível candidatura ao Planalto em 2026.
“Sobre a possível filiação do ex-ministro Ciro Gomes, estamos conversando sob a liderança do ex-senador Tasso Jereissati, ex-presidente nacional do PSDB e nossa maior referência no Ceará”, afirmou Marconi à Tribuna do Planalto.
Ciro é filiado ao PDT há cerca de dez anos, mas mantém conversas com o PSDB, que tem interesse no seu regresso. Em 1990, ainda nas fileiras tucanas, ele foi eleito governador do Ceará com o apoio de Tasso Jereissati, seu antecessor no cargo e até hoje o principal cacique do partido no estado.
Desde a saída do PSDB, em 1997, Ciro colecionou filiações, passou por PPS, PSB, PROS, e também fez críticas duras à antiga legenda. Agora, aos 67 anos, é cotado como possível candidato ao governo do Ceará em 2026, em um campo de oposição ao PT.
Aposta tucana
Nos bastidores, a volta de Ciro é vista como uma cartada estratégica para revitalizar o PSDB, que sofreu sua pior derrota eleitoral em 2022, perdeu governadores para o PSD e não conseguiu firmar uma federação partidária. Uma eventual filiação de Ciro também mira o fortalecimento da legenda no Nordeste, especialmente no Ceará, onde o tucanato encolheu nos últimos ciclos eleitorais.
Apesar do histórico de embates com lideranças tucanas, incluindo críticas duras ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Marconi Perillo afirmou que isso não representa um obstáculo. Em entrevista à Folha de S.Paulo, minimizou os atritos.
“Tenho certeza de que ele reconhece as virtudes do presidente Fernando Henrique, um dos maiores estadistas da nossa história”, disse o tucano.
Desde 2022, Ciro tem se distanciado da esquerda e ensaiado aproximações com setores da direita no Ceará, inclusive recebendo elogios públicos de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. O rompimento com o irmão, senador Cid Gomes (PSB), e a saída do núcleo político do PDT no estado evidenciaram essa guinada.