Metade dos deputados federais goianos apoia anistia a envolvidos nos atos golpistas

A proposta de anistiar os envolvidos nos ataques golpistas de 8 de Janeiro de 2023 divide a bancada goiana na Câmara dos Deputados. Levantamento feito pelo Estadão e publicado neste domingo (23), mostra que, entre os 17 parlamentares federais do estado, nove se declararam favoráveis à medida, dois se disseram contrários e outros seis optaram por não responder ou não deram retorno à reportagem.

A maioria que defende o perdão pertence a partidos alinhados com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como o próprio PL, o Republicanos e o PRD. Entre os favoráveis estão nomes como Gustavo Gayer, Daniel Agrobom e Professor Alcides, todos do PL, além da deputada Magda Mofatto (PRD)  e do deputado Glaustin da Fokus (Podemos), que também são próximos ao bolsonarismo.

O deputado Dr. Ismael Alexandrino (PSD), ex-secretário de Saúde de Ronaldo Caiado, e os deputados Zacharias Calil e Silvye Alves (ambos do União Brasil) também apoiam a anistia — ainda que o partido de ambos ocupe três ministérios no governo do presidente Lula (PT), que é contrário à proposta. A posição de Calil e Silvye exemplifica o grau de ambiguidade do União Brasil, que abriga tanto bolsonaristas quanto aliados do governo federal.

A deputada Marussa Boldrin (MDB), ligada ao agronegócio, também declarou apoio à anistia. A posição dela a coloca ao lado da ala ideológica do MDB que ainda orbita em torno de Bolsonaro, apesar de o partido ter três ministérios na Esplanada.

Já entre os que rejeitam frontalmente a anistia estão os deputados petistas Rubens Otoni e Adriana Accorsi. Outros parlamentares goianos optaram pelo silêncio. Adriano do Baldy (PP), Célio Silveira (MDB) e José Nelto (União Brasil) não quiseram responder à consulta do jornal. Já Flávia Morais (PDT) e Lêda Borges (PSDB) não retornaram ao contato da reportagem.

A divisão entre os deputados de Goiás segue o padrão observado em outras bancadas estaduais: enquanto os extremos do espectro político se posicionam de forma clara — com o PL defendendo a anistia e o PT se opondo —, partidos do chamado Centrão adotam uma postura mais cautelosa. 

No total, o levantamento apontou que 105 deputados federais em todo o país defendem uma anistia total aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro. Outros 45 apoiam ao menos a redução das penas. Por outro lado, 117 parlamentares se opõem à proposta. Mais de uma centena (113) não quis se posicionar, o que reforça o caráter divisivo e impopular da medida em parte do Congresso.

Veja como votam os deputados federais de Goiás: