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O uso indiscriminado de psicofármacos e o papel dos serviços especializados no tratamento

Nos povos antigos, o uso de álcool e de substâncias alucinógenas tinha caráter religioso e ritualístico


Por Danilo Fiorotto em 23/02/2025 - 06:18

Uso indiscriminado de fármacos

Ao longo da história, o ser humano sempre sentiu necessidade de mudar artificialmente sua percepção da realidade. Nos povos antigos, o uso de álcool e de substâncias alucinógenas tinha caráter religioso e ritualístico. Isso mudou drasticamente com o advento da Revolução Industrial, das mudanças nos meios de produção, assim como dos avanços científicos e das transformações sociais na pós-modernidade.

O surgimento de psicofármacos, como a fluoxetina, por exemplo, reacendeu a esperança de milhares de pessoas que padeciam de patologias mentais. Juntamente com o desenvolvimento das psicoterapias, os psicofármacos se apresentaram como importantes aliados no tratamento de diversas doenças, tais como Transtorno Obsessivo-Compulsivo, Transtorno Afetivo Bipolar, Transtorno do Pânico e Transtorno de Ansiedade Generalizada.

Com o tempo, o uso indiscriminado de psicofármacos tornou-se uma realidade. Diversos fatores são responsáveis por essa deturpação do uso seguro desses medicamentos. Dentre eles, é possível citar as falsas promessas de curas rápidas, a utilização de fármacos para emagrecimento sem indicação para tal, medicamentos que prometem melhorar a performance das pessoas, o uso recreativo em festas, o uso para insônia, além da medicalização de experiências humanas normais, como o luto.

Uma das possíveis consequências do uso indiscriminado de determinados medicamentos é a dependência química, ou seja, a incapacidade do indivíduo de inibir o comportamento de busca por drogas, apesar das evidências claras dos prejuízos causados. Algumas medidas têm sido tomadas para minimizar esse risco. Recentemente, a prescrição das drogas “Z” (como o zolpidem) passou por reformulação, sendo realizada agora em receituário azul tipo B, na tentativa de limitar seu consumo desenfreado.

Hospitais de referência no atendimento de pacientes com dependência química têm observado um aumento na prevalência do uso indiscriminado de psicofármacos, assim como no uso de álcool e outras drogas. O Complexo de Referência Estadual em Saúde Mental – Prof. Jamil Issy (CRESM) é um hospital estadual especializado no atendimento de pessoas que padecem de patologias mentais. Em âmbito de internação, acolhe indivíduos que sofrem de dependência química, com destaque para o álcool, crack e outras drogas. No ambulatório, atende crianças, adultos e idosos com variados quadros psiquiátricos, como Autismo, Ansiedade e Depressão, associados ou não à dependência química.

O atendimento oferecido pelo CRESM contempla uma atuação multiprofissional, com destaque para médicos, assistentes sociais, professores de educação física, odontólogos, arteterapeutas, musicoterapeutas, nutricionistas e psicólogos.
Dispositivos especializados como o CRESM desempenham um papel fundamental no enfrentamento do uso desenfreado de substâncias psicoativas. Através dessas unidades, é possível construir um projeto terapêutico singular, no qual as individualidades e as demandas do paciente e de sua família são consideradas para promover mudanças adequadas de comportamento.

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