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Pesos e medidas diferentes


Avatar Por Redação Tribuna do Planalto em 21/01/2024 - 00:00

A Polícia Civil de Goiás levou exatos 12 dias de investigação para anunciar a conclusão das investigações que elucidaram as mortes do servidor público Leonardo Pereira, de 58 anos, e da mãe dele, Luzia Alves, de 86. Foi uma investigação complexa, de crimes planejados e executados com precisão. As mortes aconteceram no dia 17 de dezembro e a conclusão foi anunciada no dia 29 do mesmo mês.

Já o caso do desaparecimento do garoto Pedro Lucas Santos, de 9 anos, caminha para completar três meses. O menino sumiu no dia 1º de novembro de 2023 em Rio Verde, depois de sair da escola. O padrasto do menino foi preso e uma ossada foi encontrada, mas ainda não há conclusões. 

A agilidade com que a polícia elucidou o caso Amanda Partata contrasta com a demora em avançar no caso Pedro Lucas. O primeiro envolveu pessoas de classe média alta, brancas, incluindo a acusada pelos crimes, e envolveu indiretamente uma famosa doceira do Setor Bueno, cujos doces foram usados para envenenar as vítimas. Pedro Lucas, a mãe e a irmã recém-nascida são moradores da periferia de Rio Verde, capital do agro em Goiás. 

Vários estudos apontam para o tratamento diferenciado nas várias instâncias de investigação, em todo o país. A discussão chegou aos tribunais superiores. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem vários julgados recentes, por exemplo, absolvendo réus indiciados – e muitas vezes condenados – com base apenas no reconhecimento fotográfico dos supostos autores de crimes, quase todos negros. 

É importante destacar que o racismo, no Brasil, é estrutural, ou seja, é normalizado pela sociedade e está presente nas instituições, que são o espelho dessa sociedade. Por outro lado, a discussão do assunto é um fato muito positivo. Somente a partir dela pode-se avançar.

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