Quem acompanha o futebol goiano há muitos anos sabe que o Vila Nova era conhecido por ser um time desorganizado. Sempre com uma grande torcida, mas administrativamente um caos. Persistia no meio esportivo um ditado que dizia “quando o Vila se organizar, acaba”. O Vila se organizou e não acabou. Pelo contrário, está crescendo e deixando pelo caminho os tradicionais rivais Goiás e Atlético. Não superou ainda, mas no ritmo atual logo será o principal time da capital.
Enquanto o Vila cresce, o Goiás diminui. Enquanto o Vila cresce, o Atlético estaciona. O Goiânia não entra nessa análise, pois nunca sai do lugar. O Goiás vem diminuindo de tamanho ao longo da última década. Com a enfermidade de Hailé Pinheiro, a reconhecida organização administrativa e política do Goiás começou a ruir. Seus descendentes, Edminho Pinheiro e Paulo Rogério Pinheiro não tiveram pulso e nem capacidade gerencial para continuar a gestão vitoriosa de Hailé. O Goiás foi perdendo espaço, enquanto o Atlético crescia no vácuo deixado pelo time esmeraldino. Edminho e Paulo Rogério desprezaram o campeonato goiano permitindo ao Atlético conquistar títulos sucessivos e por último, o Vila Nova que já não vencia o torneio regional há quase vinte anos.
Hoje o Goiás é uma caricatura de time de futebol. Caminha a passos largos para a série C do campeonato brasileiro. Nos bastidores, dirigentes brigam na luta pelo poder, não há união. Paulo Rogério Pinheiro, que fracassou na Presidência do Clube, não quer “largar o osso” e se aproveita de uma estrutura muito bem articulada entre os Conselheiros com direito a voto para se perpetuar no poder. Edminho deixou o Clube. Pelo menos é o que diz. Com esse ambiente desarmonizado, o Goiás se perde em campo e fora dele. A estrutura do Goiás que já foi cantada em verso e prosa por ser uma das melhores do Brasil, hoje está desatualizada e sem investimentos em atualização dos equipamentos.
O Atlético parece cansado, sem forças para continuar crescendo. Adson Batista, que comanda o time de Campinas há vários anos, já não é o mesmo de antes. Como Diretor de Futebol, se destacou por montar sempre bons times de futebol, chegando a ser destaque na série A e competições sul-americanas. Hoje parece perder força, a motivação não é a mesma e o time desde o ano passado não consegue jogar o bom futebol dos anos anteriores. Rebaixado da série A para a B ano passado, o rubro-negro não fez boa campanha no campeonato goiano, foi eliminado da Copa do Brasil precocemente e começou mal o campeonato brasileiro da série B. Será que Adson terá forças para reagir? Na vida tudo passa, parece que o tempo do principal dirigente atleticano também passou. Tanto é que ele já cogita entrar para a política e se candidatar a deputado federal.

Voltando ao processo de crescimento do Vila Nova, quem não se lembra dos constantes desentendimentos entre os dirigentes do colorado? Conselheiros não se entendiam, muitas vezes trabalhavam para o fracasso do outro. Por isso o time em campo não correspondia. O Vila era presa fácil para os adversários. Hoje a situação é outra. Hugo Sérgio Bravo tem o comando do Vila e o apoio de Conselheiros e Diretores, por isso faz uma boa administração. O Vila tem um Centro de Treinamento que não perde em nada para os demais clubes da capital. O estádio Onésio Brasileiro Alvarenga ganhou melhorias que o coloca entre os melhores do Estado. É claro que falta muita coisa ainda, mas o Vila está no caminho.
No futebol o time vem reagindo. Mudou uma longa história de derrotas para o Goiás, por um retrospecto recente em que não perde para o maior adversário há vários anos. Tem um time mais barato que os demais, mas que tem vencido os últimos confrontos entre eles e conquistou o título de campeão goiano depois de 19 anos, confirmando que a gestão tem sido vitoriosa não só no campo administrativo, mas também no futebol. Há dois anos o Vila vem chegando muito perto do acesso para a série A. A continuar trabalhando bem, é muito provável que esse sonho dos dirigentes e torcedores do colorado está muito perto de se realizar.
