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Quem corre demais na pré-campanha, tropeça na campanha


Vassil Oliveira Por Vassil Oliveira em 05/11/2023 - 00:30

Permitam-me insistir em um tema. Parece que há uma incompreensão sobre o que é e o que fazer na pré-campanha. Muitos estão jogando na pré o jogo da campanha. E isso acaba criando desgastes mais do que qualquer outra coisa – melhora na imagem e aumento da exposição positiva para ser captada nas pesquisas, por exemplo.

Pré-campanha não é momento para definição de chapa. É mais oportunidade de pesca de aliados. Vemos o governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Por que interessaria a ele decidir agora os seus candidatos? Para ele, com raras exceções, a hora é de estimular aliados a colocar o nome na rua e nas redes. Lá na frente ele escolhe a quem vai hipotecar o seu apoio.

Vale o mesmo princípio para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Bolsonaro é uma liderança que despontou em 2018. Não tem nem partido que de fato o represente. O PL é uma legenda emprestada que até pouco tempo atrás era aliada do PT. O PT é, sim, um partido consolidado, que se reconhece em seus filiados e potenciais candidatos. Natural que escolha Adriana Accorsi como candidata a prefeita em Goiânia e já a coloque em campo para ganhar musculatura. Outro tipo de exceção.

Conversar, ouvir, interagir, ouvir mais, conversar mais, ouvir mais um pouco, apresentar-se à população antes de ir pedir o voto, mostrar o que pensa, melhorar a imagem (para os que estão com problemas), tudo isso é atividade de pré-campanha. E prospectar aliados, partidos. Participar de eventos, estar presente nas comunidades. Organizar o discurso e o posicionamento eleitoral, com pesquisas e estratégias definidas.

Há muito o que ser feito. Mas não está na lista fechar portas. Correr para definir-se como candidato do governador sem saber se lá na frente vai ter esse apoio, ou pior, ver o governador na reta final optar por descarregar tudo em seu adversário, é dar oportunidade ao azar. É criar um problema desnecessário por antecipação e ansiedade.

Não interessa essas definições nem ao governador nem a muitos nomes que pretendem ir às urnas. O que não quer dizer que o correto seja distanciamento e negação ao governador. Quer dizer que é hora de manter a bola no pé, sem necessidade de chutar para gol. Administrar o jogo que está sendo jogado por todos, enquanto o tempo passa até as convenções.

Ansiedade não é parceira de ninguém, muito menos na pré-campanha. Lembro nessas horas de uma vez que acompanhei um time de jovens de São Miguel do Passa Quatro numas partidas num clube em Goiânia. Os adversários eram todos gordos e mais velhos. A meninada vinha de vitórias seguidas na região da Estrada de Ferro e ganhava todas. Velocidade total nas pernas.

O jogo começou e essa meninada de 18 anos, por aí, deitou e rolou, correndo pra lá e pra cá. Estava fácil, embora gol mesmo não tivesse saído até ali pelos 15 minutos. De repente… gol. Deles. Dos velhos gordos. Surpresa, claro. Aí fui observar melhor. A meninada corria, corria e não virava nada. O adversário tocava a bola com facilidade, os caras nem saíam do lugar. E pior (engraçado também): os meninos batiam no corpo dos outros jogadores e pareciam arremessados longe.

Perdemos de goleada e terminamos de língua pra fora. Mas ficou a lição. Erramos na pré-campanha, apanhamos feio na campanha.