Movimento Reciclar é lançado em Goiânia para aumentar reciclagem e reduzir pressão sobre aterro sanitário de Goiânia, que enfrenta um cenário preocupante: apenas 1,8% do lixo urbano é reciclado, enquanto 29% dos resíduos coletados poderiam ser reaproveitados. O oobejtivo é subir de 1,8% para 50% até 2033. Com o objetivo de mudar esse panorama, foi lançado nesta segunda-feira (30) o Movimento Reciclar, iniciativa do Sistema OCB/GO, Codese, Sebrae-GO e outras entidades públicas e privadas.
Durante o evento, foi assinado um pacto cooperativo interinstitucional e, no período da tarde, uma reunião técnica irá alinhar o planejamento estratégico entre os envolvidos.
Na ocasião, o prefeito Sandro Mabel anunciou, nesta segunda-feira (30/6), que pretende transformar o aterro de Goiânia em um centro de reciclagem, além de criar um distrito industrial para reunir cooperativas e indústrias para processar todo o lixo.
Segundo Mabel, a prefeitura pretende implantar uma tecnologia semelhante à usada em países europeus, que permite processar até 65% do lixo para reciclagem e queimar o restante, sem gerar resíduos ou chorume. O prefeito explicou que o aterro municipal custa cerca de R$ 40 por tonelada de lixo processado, enquanto aterros privados chegam a cobrar até R$ 170. Ele defendeu o investimento em soluções próprias e afirmou que os recursos economizados poderão ser aplicados em projetos sustentáveis.
Um exemplo é o programa Cata-Treco, da Prefeitura de Goiânia, que já recolheu mais de 10 mil itens somente em 2025. O município também adquiriu uma estação para tratar 300 mil litros de chorume por dia, o dobro da produção atual, com investimento de R$ 10 milhões. Com as instalações do centro de reciclagem – para evitar enterramento dos resíduos – e distrito industrial, a expectativa é reciclar ou reaproveitar 100% dos resíduos em quatro anos, sem repassar custos adicionais ao contribuinte.
Metas ambiciosas até o centenário de Goiânia
O Movimento Reciclar estabelece metas ousadas: elevar a reciclagem em Goiânia para 10% até 2026 e atingir 50% até 2033, quando a cidade completa 100 anos. Atualmente, a capital recicla menos de 2% do total coletado, número abaixo da média nacional de 4%, segundo dados da Comurg.
Apesar da baixa reciclagem, Goiânia coleta cerca de 360 toneladas de resíduos recicláveis por dia. Toda a triagem desse material é realizada pelas 15 cooperativas locais, responsáveis por 100% da operação em parceria com o Consórcio Limpa Gyn, por meio da coleta seletiva.
Dados da Abrema (Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente) colocam Goiânia na 13ª posição no ranking nacional de reciclagem. A título de comparação, Brasília recicla 10,7%, enquanto capitais do Sul como Florianópolis (9%), Curitiba (6%) e Porto Alegre (5%) apresentam desempenhos superiores.
Já a Abrelpe (Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) alerta que a baixa reciclagem gera impactos ambientais e sociais significativos, como contaminação do solo, poluição de mananciais e proliferação de doenças — além de representar perdas econômicas com o descarte de materiais que poderiam retornar à cadeia produtiva.
Economia circular
Segundo o presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto Pereira, o Movimento Reciclar nasce do diálogo entre o setor produtivo, academia e organizações voltadas à sustentabilidade, que identificaram a necessidade de unir projetos dispersos em uma estratégia conjunta. “O seminário representa o início de uma transformação cultural baseada na economia circular. A proposta é substituir o modelo linear de consumo — extrair, usar e descartar — por práticas que valorizem o reaproveitamento e a reciclagem dos resíduos como recursos produtivos”, afirma Luís Alberto.